Capítulo 36

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MELISSA MCKENZIE



Perdi a hora na banheira, acabei cochilando. Não sei quanto tempo fiquei aqui, mas a água já está quase fria. Saí da banheira, peguei uma toalha e me sequei, depois, envolvi meu cabelo com a toalha e outra no corpo antes de ir para o quarto.

Demoro uma eternidade para procurar o que vestir. Minhas roupas já não me servem, nem mesmo minhas calcinhas, meus sutiãs nem se falam. Meus peitos estão enormes e pesados, às vezes até doloridos.

Entro no meu quarto e me deparo com Guilherme todo jogado na minha cama, segurando três sacolas e olhando o que tem dentro.

Quando estamos apenas nós dois, temos a mania de começar um diálogo em português, e é isso que faço agora.

— O que é isso? — paro no final da cama, com minha mão apoiada na cintura.

— Roupas.

— Foi você que trouxe? — questiono. Depois dos meus quinze anos, Guilherme foi o único a me dar roupas ou me levar para comprar, já que minha mãe estava ocupada demais me ignorando.

— Juro que quando cheguei já estava aqui. — Olha em minha direção. — Não foi minha tia? Ou Nicholas?

Entre essas duas pessoas, aposto que foi Nicholas. Guilherme enfia a mão na sacola e joga uma calcinha em minha direção, enfia a mão em outra, tira um vestido e, na outra, uma camisa que já usei muitas vezes antes. No mesmo instante, sei quem comprou essas roupas.

— Minha mãe não me daria uma camisa masculina. — Pego no ar a camisa que Gui joga para mim, sentindo o cheiro de Nicholas nela. — Agora feche seus olhos, não vou voltar para o banheiro.

Assim que ele o faz, tiro a toalha do meu corpo e cabelo, coloco a calcinha e, em seguida, visto a camisa.

— Ainda não me conformei que ele te engravidou. — Seus olhos ainda estão fechados enquanto termino de me olhar no espelho.

— Por quê? — Nicholas acertou em cheio o tamanho que estou usando, mesmo achando desnecessário comprar roupas já que as crianças vão nascer daqui a dois meses.
— Você não queria ser mãe, depois do que aconteceu!

— Pronto. — Pego meu secador, preciso secar o cabelo antes de dormir. Não quero me resfriar. — Tem razão, eu não queria, mas agora as coisas mudaram.

— Espero que pelo menos ele tenha te levado para jantar, antes de te comer.

Me pergunto se minha mãe surtaria se nos ouvisse falando dessa forma, ela sempre odiou esses palavrões.

Olho Guilherme através do espelho. Não nos importamos com a forma que falamos, se fosse diferente não seríamos nós.

— E eu espero que tenha pelo menos oferecido água para sua irmã antes de comer ela... — brinquei.

— Ei... — Ele cerra os olhos em minha direção. Tá bom, sei que ele odeia quando falo que elas são suas irmãs, mas ninguém mandou ele comer uma delas. Isso é uma coisa que vou lembrá-lo pelo resto da vida. — Jogo sujo, Melissa. — Estala a língua no céu da boca, enquanto nega com a cabeça, o que me faz rir.

After the truth Parte 1 - Completo Onde histórias criam vida. Descubra agora