MELISSA MCKENZIE
Assim que chegamos em casa ontem, fui para o meu quarto sem me despedir de ninguém. Ainda não consigo acreditar que chorei na frente dele. Como pude me expor ao ridículo dessa maneira? Ele apenas estava com a mão na minha perna, e eu fiz uma cena. Ele já fez isso tantas vezes antes, e eu gostava quando ele me fazia um carinho na perna. Então, por que agora fiquei com medo?
Nicholas já sabia disso, que eu me assusto facilmente quando se trata de contato físico com homens, mas nunca com ele. Sei que ele jamais me machucaria, e sua mão estava na minha perna sem que ele percebesse.
Queria jamais ter recuperado minhas memórias; acho que, assim, seria mais fácil. Sim, eu queria fugir de tudo isso feito uma covarde.
Já são oito e meia da manhã. Na noite anterior, dormi na casa de Verônica, com a desculpa de que tínhamos que terminar um trabalho escolar. Parece que os pais dela engoliram a mentira.
A loirinha até tentou me convencer a ir para minha casa, mas não conseguiu. No entanto, me advertiu que eu me arrependeria dessa decisão, e ela estava certa.
Por que a mãe dela não poderia gemer um pouco mais baixo? Algo me diz que ela faz isso de propósito, para que Verônica ouça. Dormir apenas até às cinco da manhã não é um problema; o problema é que ela poderia fazer um pouco menos de barulho, principalmente porque tem Verônica e uma criança na casa.
Provavelmente, os pais dela pensaram que eu tinha ido para casa ontem, depois do suposto trabalho, porque quando desci nesta manhã ficaram surpresos com minha presença — não foi por falta de aviso. Verônica disse a eles que, se não terminássemos antes das onze, eu dormiria lá.
Assim que coloquei os pés para fora da casa dos Johnson, me arrependi imediatamente. Nicholas está em frente de casa, com sua postura impecável; minha nossa, nunca vou me acostumar com ele de terno. Qualquer um pode confirmar que ele fica irresistível assim.
Ele está pegando uma encomenda com o carteiro, o que é estranho. Minha mãe nunca compra coisas pela internet; sei que Guilherme tampouco o fez, e eu muito menos.
O perfil dele, de lado, enquanto assina alguma coisa, mostra o quão lindo é. Seus lábios, que sempre gostei de beijar, estão ainda mais perfeitos hoje. No entanto, vendo a falta de pelos ao redor da boca, suspiro; por que ele tirou a barba mesmo?
Gostava tanto disso nele, a barba! Foi tão difícil segurar a língua para não expressar o que pensava quando o vi assim ontem. Não que eu ache que ficou ruim; é só que prefiro homens com barba. Nicholas com barba.
O carteiro se vai, e observo as mãos de Nicholas segurando uma caixa, fico curiosa para saber o que tem dentro. Desvio o olhar da caixa e subo pelo seu peitoral tonificado dentro daquele terno azul marinho; porra, quase perco o ar.
Nossos olhares se encontram, e foi como uma explosão de sentimentos dentro de mim. Eu não deveria amá-lo, eu sei. Mas com Nicholas foi tão instantâneo. Meu ex precisou de um ano para conseguir alguma coisa comigo, e na primeira oportunidade estragou tudo, me traindo com a irmã do meu melhor amigo.
Já são sete meses desde que nos reencontramos, e eu estou... porra, até mesmo difícil admitir isso, mas estou... apaixonada por Nicholas Holloway, a pessoa que mais me machucou. E, por esse motivo, eu o perdoei... por paixão. Credo, que palavra cruel. Machuca demais.
Fiz a coisa certa? Não faço a mínima ideia. Porém, meu subconsciente me julga desde ontem, quando tomei minha decisão.
A conversa que tive com Clara foi a que mais ficou rondando minha cabeça e foi o ponto principal para que eu perdoasse ele. Também não queria que minhas filhas crescessem sem o pai por perto, e ele prometeu me ajudar com meu problema.
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After the truth Parte 1 - Completo
FanfictionMelissa McKenzie, sequestrada aos treze anos de idade, teve suas memórias apagadas após um acidente. Agora, ela se encontra diante de duas opções: seguir em frente ou desvendar o passado em que seu pai foi assassinado. A partir desse dia, sonhos est...