Rafaella K.
- E aquela vez que mataram o Rodolffo? - ela disse caindo na risada - Ele levando a sério foi um prato cheio para as meninas.
- Gizelly, o pior foi eu ter que me pronunciar sobre isso - ela riu ainda mais - Juro, ele ficou muito zangado na época.
Faz tanto tempo que eu não ouço a risada dela, o jeito escandaloso que escandaliza tudo aqui dentro de mim. Que me faz querer tudo ao mesmo tempo mesmo sabendo que o máximo que eu vou conseguir segurar são as lembranças desses momentos que compartilhamos.
Daqueles momentos que vínhamos para casa beber e conversar e sorrir e amar.
Eu ja me apaixonei muito depois dela, em todas as vezes de mentira. Sempre procurava em outras camas o que em nenhuma delas eu encontraria. Não dá pra fazer amor sem amar. O corpo se encaixa com qualquer um, isso é fácil de alimentar.
E a alma? O que a gente faz quando ela se sente vazia vagando por quartos escuros?
Ir para a cama com ela sempre foi muito mais do que sexo, fazer amor com quem a gente ama renova a nossa energia. Descarrega o peso do mundo de nossas costas por algumas horas e o torna mais leve depois.
- Mas têm tantas outras muito boas, Rafa - ela disse deixando de lado a sua taça, agora vazia.
- Quer mais? - perguntei em relação a bebida. Abri um vinho quando chegamos.
- Melhor não - assenti - Mas voltando ao assunto, eu li algumas que eu facilmente acreditaria ser verdade.
- Eu lembro daquela em que você me beija na balada - eu disse devagar, tentando lembrar mais detalhes da história. Ela franziu o cenho.
- Qual delas? Acredito que todas eu te beijo na balada - ela disse e riu
- Idiota - falei dando um tapinha em sua perna. Estamos sentadas no tapete da sala desde que chegamos - É aquela em que eu sou professora e você é minha aluna e só descobre depois.
- Acho que não li essa não, Rafinha - revirei os olhos - É sério, não lembro dessa.
- Não, espera - falei depois de pensar um pouco - Acho que a professora é você, e eu a aluna.
- Você deveria ser aquelas alunas atentadas que viviam me seduzindo - falou brincando - Rafaella, Rafaella.
- Vai a merda, Gizelly - ela riu e eu fiz bico fingindo estar brava.
- Não faz isso - pediu manhosa - É aquela em que eu sou professora e você aluna de direito? - eu assenti - Aquela que você me seduz numa festa e depois me encontra na sala?
- É - respondi empolgada - Essa é muito boa.
- É depois daquele beijo - falou e ficou pensativa depois - Eu acho.
- Que beijo? - perguntei enquanto mordia de leve o lábio inferior, o que não passou despercebido por ela. Acabei rindo.
- Você é uma canalha, fica aí tentando me seduzir - eu ri mais ainda - Para de rir Rafaella.
- O que aconteceu depois daquele beijo? - perguntei risonha - Eu nem lembro mais.
- Que beijo? - disse com um sorriso sapeca nos lábios.
- O nosso.
- Elas foram para a cama - anos atrás nós realmente fomos para a cama depois de uns beijos bem dado - E acho que alguém acordou na cama sozinha.
- Em minha defesa, eu estava preparando um café da manhã pra você - ela franziu o cenho como se não tivesse entendendo.
- De que beijo estamos falando? - perguntou curiosa.