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𝐘/𝐍 𝐎𝐍:
O relógio na parede da sala marcava 23h45 quando você olhou para o objeto mais uma vez, sentindo o peso da preocupação misturado à irritação crescente. O apartamento estava mergulhado em silêncio, exceto pelo som ocasional do vento batendo contra as janelas. O treinamento para os shows estava intenso ultimamente, mas ele nunca costumava demorar tanto sem ao menos enviar uma mensagem.
Com a mente fervilhando de pensamentos, você andou até a janela, observando a rua vazia lá fora. Ele já havia mencionado que iria treinar com os outros integrantes da banda - II, III e IV - mas agora o tempo parecia se arrastar mais do que o normal, e você não conseguia evitar que sua imaginação criasse cenários desconfortáveis. Será que algo havia acontecido? Ou será que ele simplesmente se esqueceu?
Quando a porta finalmente se abriu, o som das chaves girando na fechadura ecoou pelo apartamento. Vessel entrou, tirando o capuz que cobria seu rosto, os olhos ocultos pela máscara que ele usava constantemente. Ele parecia exausto, mas uma energia estranha ainda o envolvia, como se o treinamento tivesse despertado nele algo primal, um entusiasmo residual de ter estado em um espaço criativo com seus companheiros.
você estava no sofá, os braços cruzados, tentando se concentrar em qualquer coisa na televisão, mas sem sucesso. Quando ele a avistou, um sorriso tímido apareceu sob a máscara, mas ao perceber que ela não olhava em sua direção, o sorriso vacilou. Ele sabia que estava ferrado.
"Você ainda está acordada," ele começou, a voz rouca pelo cansaço, mas carregada de um tom suave que ele sempre usava com você, esperando apaziguar qualquer desconforto.
você permaneceu em silêncio, os olhos fixos na tela. Não havia como disfarçar a mágoa que sentia. Era o terceiro dia naquela semana em que ele chegava tarde, e a falta de consideração por não ter avisado dessa vez havia sido o ponto final.
Vessel suspirou, caminhando até você com passos tímidos. Sentou-se ao seu lado, mas respeitou o espaço entre ambos. Ele tirou a máscara, um gesto raro que mostrava que estava disposto a se abrir completamente. Ele não gostava de falar muito sobre si, mas por você, ele faria.
"Sinto muito," ele começou, a voz baixa, quase um sussurro. "Eu... eu me perdi no tempo. Estava com os outros, treinando, e não percebi como o tempo passou. Não quis te preocupar."
você ainda não olhou para ele, mas o seu silêncio era mais doloroso do que qualquer palavra dura que poderia ter dito.
Vessel estendeu a mão, hesitante, pousando-a suavemente sobre a sua. "Eu sei que deveria ter te avisado. Eu sinto muito de verdade. Não quero que você pense que não me importo. Eu me importo, e muito. Só... às vezes, eu me perco no que estou fazendo, e esqueço de tudo ao meu redor. Mas você é a última pessoa que eu quero esquecer."
você finalmente virou o rosto na direção dele, os olhos encontrando os dele. Havia mágoa, sim, mas também amor, aquele amor profundo que você sabia que sentia por ele e que tornava tudo mais complicado.
Ele continuou, a mão agora segurando a sua com firmeza, transmitindo todo o arrependimento que sentia. "Eu não quero que você se sinta assim, tão distante de mim. Se você quiser, prometo que sempre vou te avisar quando vou chegar tarde. Eu... não quero te magoar. Isso é a última coisa que eu quero."
você suspirou, finalmente soltando o ar que parecia ter prendido desde que ele entrou pela porta. "Vessel, eu só... me preocupo. Eu sei que você tem sua vida na banda, seus compromissos, mas eu estou aqui também. Eu só queria saber que você está bem, que está pensando em mim, mesmo quando está longe."
Ele assentiu, puxando você para perto, envolvendo-o em um abraço firme, quente. "Eu sempre penso em você. Mesmo quando não estou aqui, você está sempre comigo. Eu prometo, vou melhorar isso. Vou fazer de tudo para você não sentir mais essa dor. Me perdoa?"
você suspirou novamente, mas dessa vez, relaxando nos braços dele, sentindo o calor do corpo dele contra o seu. você sabia que ele era genuíno, que a intensidade com que vivia a música às vezes o fazia esquecer do mundo exterior, mas também sabia que ele o amava de verdade.
"Está bem," você murmurou, encostando a cabeça no peito dele, ouvindo o coração dele bater forte, como uma batida constante que a acalmava. "Eu te perdoo. Mas da próxima vez, só... me avise, está bem? Não quero ficar assim de novo."
Vessel apertou o abraço, um sorriso suave tocando seus lábios. "Eu vou. Prometo."
Naquele momento, tudo estava em paz. O peso que carregavam se dissipou, e, juntos, eles se perderam no conforto um do outro, deixando para trás a preocupação, a mágoa, e encontrando novamente o caminho de volta ao amor que os unia.
