𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟸 - 𝙵𝚎𝚜𝚝𝚊 𝚎𝚜𝚝𝚛𝚊𝚗𝚑𝚊

10 2 2
                                    

Eu estava terminando de vestir meu uniforme, a ânsia de vômito já tinha passado, o remédio tinha sido bom, mas a dor de cabeça ainda estava presente, era algo suportável pelo menos. Eu precisava jogar, esse jogo era um clássico decisivo. Quem ia ficar no banco que tinha que se lamentar por não estar em campo, eu não ia perder essa oportunidade.

– Está se sentindo melhor? Tem certeza que quer jogar? – Assenti sem nem olhar em sua direção, a Joana estava me cercando desde a hora que ela me viu passando mal no banheiro do centro de treinamento mais cedo. – Você que sabe.

– Eu preciso jogar, e nós vamos ganhar.

– Admitir que não está se sentindo bem, não é fraqueza Sofia. – Suspirei diante da sua fala retirada diretamente de um site de psicologia da internet. – Tem certeza?

– Caramba! Eu já disse que sim! Eu vou jogar.

Me irritei um pouco e peguei minhas luvas, saindo de perto dela. Andei até onde as meninas já estavam reunidas. Nós ouvimos as palavras motivacionais do técnico e andamos em fila até a entrada do campo. As meninas do outro time já estavam lá, posicionadas e em silêncio. Esse silêncio no começo era sempre bem vindo, precisávamos de foco, e ele vinha nesse momento.

Quando o juiz chegou, nós saímos em fila atrás dele, que pegou a bola posicionada na entrada e andou até o meio do campo. Ficamos lado a lado e o hino começou a tocar. Ao fim dele, nós nos cumprimentamos e nos posicionamos. A Gabi, que era a capitã do time, foi até o juiz com a capitã do time adversário e fomos sorteadas para ficar do lado esquerdo do campo.

Eu me posicionei e coloquei as luvas, fiz o alongamento, do jeito que tínhamos feito mais cedo na hora do aquecimento. Dei uma última checada nas traves, bebi um gole de água e respirei fundo. O juiz apitou o início da partida e meu foco foi total ao jogo. A bola mal chegava até mim, as meninas estavam conseguindo chegar mais no gol deles do que aqui, mas eu estava atenta a qualquer coisa.

Defendi duas grandes chances de gol nos primeiros quarenta e cinco minutos. Meu espaço em campo foi chutando tiro de meta, e defendendo alguns escanteios que não tinham força suficiente para serem gols. Quando ele apitou o fim do primeiro tempo, eu deitei no chão, me sentindo um pouco cansada demais, e fiquei olhando pro céu.

Aceitei a mão da Júlia pra me levantar e andei até onde elas estavam. Bebi muita água, e tomei mais um remédio para dor de cabeça, ela ainda estava presente. Quando voltamos para o campo, eu já estava me sentindo melhor, me posicionei de novo e respirei fundo, precisávamos de um gol, ainda estava no zero a zero e esse gol seria nossa salvação, se eu conseguisse manter junto com a zaga.

– Soso, não esquece, foco na bola. Elas mudaram a atacante, vão atacar ainda mais, presta atenção.

Assenti para a fala do meu treinador e me preparei para o começo do segundo tempo. O juiz apitou e eu me posicionei no meio do gol. Lá estava minha amiga Gabriela, dominando a bola como ninguém e dando trabalho pra zaga deles. Mas na mesma velocidade que ela chegou lá, elas tomaram a bola dela e começaram a vir na minha direção.

Eu olhei para as duas zagueiras que estavam correndo e tentando impedir a bola de chegar. Mas sem aviso prévio a Camila levou um chapéu e a atacante passou por ela, que se dispersou por alguns segundos, dando mais espaço para ela.

A atacante chutou a bola com tanta força, que eu tive que pular muito alto, bati minha mão com tudo na trave e bati na bola. A bola voltou pro pé dela e ela chutou do outro lado, batendo com tudo na minha barriga quando eu corri para impedir.

Segurei a bola e caí no chão com ela agarrada nos meus braços. Eu senti minha alma indo embora com esse impacto, mas eu consegui defender. Não sei quanto tempo eu fiquei ali parada sentindo meu estômago doer, mas quando eu soltei a bola, cai deitada no chão, de barriga pra cima.

̶S̶O̶B̶ ̶P̶R̶E̶S̶S̶Ã̶O̶Where stories live. Discover now