a cera

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capítulo um tanto diferente, fugindo de chico buarque, mas achei essa música tão ela, que não resisti escrever algo baseado, espero que goste, meu bem!

dedicado à burninglua

Ela era show.

Quando vi seus cabelos escuros batendo no rosto, os olhos castanhos brilhantes e o piercing no nostril refletindo a luz do sol, me apaixonei perdidamente.

Que garota fervente, todas as minhas composições se tornaram sobre e para ela, pensando sobre cada detalhe e ansiando o dia em que eu cruzaria com tamanha beldade novamente.

Meus olhos se atentavam a cada garota que passava na rua, pensando ser ela, mas nenhuma possuia o brilho dela. Nenhuma era ela.

Minha banda já não me deixava em paz, dizendo para esquecer a garota, que jamais a veria novamente, e que focasse em tocar minha guitarra e cantar. Contragosto, os ouvi e passei a ensaiar o novo repertório, tentando, esquecer a menina de vez.

Escrevi uma boa composição, imaginando seu rosto lindo e o jeito que o quadril se movimentava ao andar. Os caras haviam gostado, foi uma boa.

No dia do show, nossa plateia estava mediana, nunca fomos uma banda famosa, apenas amadores. Mas claro, haviam dois ou três que sempre nos acompanhavam por aí.

Em algum momento começamos a tocar a nova composição, totalmente inspirada por ela, a garota dos meus sonhos. Cantava com tanta paixão e intensidade sobre ela, sobre como ela tinha pirado meu cabeção.

Foi quando eu a vi parada no canto, olhando fixamente pra mim enquanto sorria, um sorriso encantador. Passei a cantar com mais vontade e paixão, seu corpo balançava aos poucos ao ritmo da música, ia se animando e aproximando-se do palco.

Não existia mais ninguém no mundo do que nós dois ali, só aqueles olhos castanhos e os meus atentos a eles, o piercing brilhando e o seu sorriso encantador, como quem dizia: “Eu sei o poder que tenho sobre você”. E era verdade, ela me pirou completamente e eu estava dominado por aquela desconhecida tão linda.

Quando o show acabou, senti que era hora de uma aproximação, só ela continuava em pé na frente do palco, me esperando. Eu estava feliz e meu estômago fervia em ansiedade para falar com ela, estava em verdadeira combustão com aquilo, era tão fodidamente bom.

Ela se aproximou lentamente de mim, ao mesmo que eu chegava nela, foi quando ela sorriu novamente.

— Sei que a música foi pra mim. – ela soltou enquanto enrolava uma mecha de cabelo com os dedos.

— A única que saberia disso, é claro, estou feliz de te reencontrar aqui. – pisquei.

— Esses cachos azuis são inconfundíveis, eu tinha certeza que o veria de novo, gatinho.

— Nunca te esqueci desde aquele dia na rua, você tão linda...

— Bom saber que não sou a única. Meu nome é Lua.

Seu nome combinava com a personalidade e aparência, a cereja do bolo para tamanha beldade.

— Prazer em te conhecer, Lua, eu sou Benjamin. – beijei sua mão.

[...]

No terraço do meu prédio, o vento batia nos cabelos dela, as garrafas de vinho se encontravam vazias e o corpo nu iluminava-se com a luz da lua. Que piração é essa garota.

Estava desnorteado no chão, apenas admirando a menina e encantando-me cada mais por ela, tive forças para apenas acender um cigarro e tragá-lo lentamente, soprando a fumaça em direção à ela.

Você vai ficar? – perguntei, de repente.

— Eu sou livre, Benji. Mas, quem sabe você tenha a sorte de me fazer ficar. – sorriu. — Enquanto isso, aproveita.

Ela veio em passos lentos até mim e sentou em meu colo, logo selando nossos lábios e fazendo aquela faísca incendiar dentro de mim, que garota esplêndida.

É, Lua, você me pirou o cabeção.

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