ATLANTIS: O Reino Perdido

Capítulo 4

     Os cardumes rodeavam curiosos o estranho peixe gigante com placas de aço deslizando suas barbatanas de metal pelas águas salgadas.

Cada vez mais, o submarino penetrava as profundezas do oceano até que alguns corais decorando o limite das águas escuras mostraram que era hora de ligar as turbinas traseiras. Os faróis frontais acenderam para iluminar a rota a ser desbravada em linha reta pela vasta escuridão.

- A -

     Na cabine de comunicação, uma moça de cabelos avermelhados e íris esverdeadas brincava com uma bala de menta na boca em meio à uma ligação.

"Aí eu comprei toda a coleção da Jane Austen e descobri que as minhas vizinhas também gostavam de um enemies to lovers e passamos a tarde toda fofocando em como seria maravilhoso e ao mesmo tempo terrível se um senhor Darcy existisse de verdade!"

Um sorriso rastejou nos lábios da Tsuchi, estava feliz com o tom de voz descontraído de sua tia ao relatar seu dia a dia depois que ela foi convocada para outra expedição. No entanto, o falatório animado foi interrompido por uma luz verde e um baixo apito no painel dos equipamentos.

– Ah, só um segundo, tia Nemuri". Levantando um pino da caixa interconectada de fios, ela alertou:

– Senhor! Nos aproximando das coordenadas!"

O pino foi abaixado e assim que garantiu que os auto falantes não estavam ligados, apertou outra vez o botão do fone para voltar a tagarelar com sua tia.

– Alô? Tia Nemuri? Pode continuar"

"Já? Então! Esses dias tinha uma feira de livros só pra Jane Austen no Finsbury Park. Só foi nossas conversas chegarem na cena do salão que por coincidência do destino esbarrei num homem ranzinza e ele disse:

"Até as rosas com seus espinhos são mais delicadas"

Oh, querida, acho que estou apaixonada!"

Nem mesmo todo o autocontrole que adquiriu no exército, ela conseguiu conter uma risada.

– Ai, tia Nemuri! Só você pra me fazer rir"

- A -

     Tenya atravessava os corredores elevados, dando a visão de vários funcionários trabalhando andares abaixo dele, e já estava à sua vista a curta escadaria que levava à sala de comando. Com passos receosos, ele subiu os degraus de ferro ouvindo as ordens para manter o submarino na rota.

– Senhor, estamos saído da zona nerítica e entrando na zona abatial"

– Muito bem, efetuar busca"

– Sim, senhor! 1, 2, 3, 15 graus de Límia a bordo! 3, 0!". A voz de Setsuna soou sem falhas enquanto observava as luzes de cada setor piscarem nos radares.