LONDRES, 1914
A agitação nas ruas da grande capital britânica eram audíveis por todos os cantos. O formoso monumento inglês no centro da cidade carregava toda a glória nacional com as polidas bandeiras do país nos mastros e plantas exóticas espalhadas na entrada.
Uma grande remessa havia chegado para o museu, lotando a rua principal com caminhões carregados de peças, e muitos cidadãos admiravam os quadros e esculturas do outro lado da rua, ansiosos pela reabertura do lugar.
Dentro da grandiosa arquitetura inglesa, mais especificamente no andar subterrâneo do museu, um rapaz com os seus grandes óculos retangulares simulava outra vez as falas da apresentação que ocorreria naquela tarde. Finalmente, depois de várias tentativas, os curadores haviam aceitado seu pedido para uma reunião.
- Boa tarde, cavalheiros. Gostaria de agradecer este conselho por ouvir a minha proposta"
Ele ajeitou alguns fios bem penteados de seus cabelos azul cobalto e suas mãos seguravam com força as beiradas da mesinha. Um grunhido forçado escapou dele depois de respirar fundo e pegar um bastão de madeira para o auxiliar durante a apresentação.
- Todos já conhecem a lenda de Atlântida, um continente em algum lugar no meio do Atlântico que foi lar de uma civilização avançada possuidora de uma tecnologia muito superior à nossa que, de acordo com nosso amigo Platão, foi subitamente vitimada por uma catástrofe natural que a fez afundar no mar"
Didaticamente, ele cutucou a cabeça de mármore do filósofo que tinha ao seu lado e depois tocou a ponta do bastão no aquário perto da mesa com a miniatura de um templo grego.
Respirando fundo outra vez, o azulado descansou o bastão na mesa e puxou uma série de quadros que se assemelhavam a molduras e as posicionou verticalmente na mesa, dando continuação a sua fala.
- Talvez alguns de vocês possam perguntar: 'Por que Atlântida? É só uma lenda, não é? Pura fantasia'. Bom, é aí que os senhores se enganam"
A primeira página, com a palavra 'Atlantis' estampada em fonte alta, foi abaixada e havia a fotografia de uma esfinge ao lado de duas pirâmides colada no outro quadro.
- Dez mil anos antes dos egípcios construírem as pirâmides, Atlântida tinha eletricidade, medicina avançada e até o conhecimento para voar". Na sequência, outros quadros foram abaixados, representando cada um dos elementos que ele disse.
- Acham impossível? Não pra eles!"
Outra vez o quadro descansou na superfície de madeira e a imagem de civilizações pré existentes estavam em destaque na xilogravura amarelada.
- Várias culturas antigas em todo o mundo concordam que Atlântida possuía uma fonte de energia mais poderosa do que o vapor, do que... o carvão! Mais poderosa do que nossas máquinas de combustão interna!"
Mesmo que tenha quase se perdido na fala, ele deixou o último quadro com os outros e puxou uma moldura debaixo da mesa. O mediano objeto entalhado guardava a folha de um artigo com marcas do tempo.
- Cavalheiros, eu proponho encontrar Atlântida, achar essa fonte de energia e trazê-la de volta à superfície. Olhem, esta é uma página de um texto iluminista que descreve um livro chamado 'O Diário do Pastor'. Considerado como a primeira descrição de Atlântida e sua exata localização"
O azulado se afastou da mesa e saiu pelo pequeno e apertado vão entre ela e a lousa com esboços de giz, quase derrubando os quadros no processo, e agarrou as laterais de um escudo antigo, tendo um pouco de dificuldade em segurá-lo devido ao seu porte magro e pouco atlético.
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ATLANTIS: O Reino Perdido
Fantastik- Uma história do universo de Boku no Hero - Um cartógrafo e linguista chamado Tenya Iida encontra um antigo manuscrito no qual há supostamente pistas de como chegar em Atlantis, o mítico continente perdido no fundo do mar. Ao lado de uma equipe de...