Capítulo 3 - Códigos

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Tudo está desmoronando. Pelo menos em tuas mentes. Insanidade foi o que restou no final de tudo isso. Mortes. Lodo. Quando vai acabar? Aparentemente muito cedo, existe muito mais coisa para se descobrir aqui. E isso não significa coisa boa. Nunca significou.

Christopher, após ver aquela cena, tentou ao máximo não esboçar reação nenhuma para não assustar os outros que não viram a brutal cena. Ele simplesmente fechou a porta, se virando para eles, como se não tivesse acontecido nada. Foi então quando ele percebeu algo diante daquele caos todo. Mikael também havia notado. Noah não estava bem.

Noah estava completamente parado, ofegante. Quem via por fora não percebia o tormento na mente do garoto. Seu pesadelo estava se tornando realidade aos poucos. Sua família era seu ponto fraco, e a garota mascarada usaria essa informação ao lucro dela mesma.  Insanidade tomava sua mente, além de uma cena horrível. Era a pior coisa que ele já sentiu.

Noah, de repente, se notou em um lugar desconhecido. Parecia um limbo. Tudo ao seu redor estava preto, e ele pisava em um solo com o que parecia ser água. Ele olhou ao arredores, inicialmente confuso e um pouco assustando. Ele até pensou se não havia morrido, e esse seria um tipo de pós vida.  Ele vagou sem destino pelo limbo, até que finalmente encontrou a razão de estar ali. Ele conseguiu ouvir atrás dele, ao longe, gritos desesperados de uma criança. Parecia familiar.

Ao se virar, ele viu uma casa de madeira grande. Era sua casa. Mas ela não estava normal, estava tomada por chamas. O fogo queimava de forma graciosa e rápida toda a casa, derrubando pilastras e tudo que encostava. Noah ficou desesperado, e começou a correr em direção a casa, com lágrimas se formando na base de seus olhos. Ao chegar na porta da casa, ele não ligou para o fogo e apenas entrou. Tudo estava caindo, e havia madeira em todo o lugar. Noah subiu as escadas após passar debaixo de todas as pilastras em chamas.

_ MÃE?! MANINHA?! ONDE ESTÁ VOCÊS?! _ Gritou Noah em desespero.

Foi então que uma voz de uma criança o respondeu. Era sua irmã. Sua voz era desesperada.

_ MANINHO! EU ESTOU AQUI!! _ Gritou a garota, do quarto ao lado.

Noah então correu até o quarto da irmã. Havia um desenho na porta, de três bonecos palitinhos. Sua mãe, ele e sua irmã de mãos dadas em um jardim bem clichê  de desenho de criança. O rosto da irmã no desenho estava queimando. O desenho caiu no chão, consumido pelas chamas. Noah chorou desesperadamente. O garoto tocou na maçaneta e a girou, mas algo impedia ele de entrar. Ele então deu passos para trás e arrombou a porta com o pé.

Sua irmã estava de costas no fim do quarto. Noah andou até ela, sorrindo desesperado e nervoso. Ele se aproximou dela lentamente. A garotinha era idêntica a ele, com a pele parda e o cabelo grande negro. Ele disse então em uma voz doce para confortar a garota:

_ NATH!! O maninho está aqui!! está tudo bem? se machucou?

_ Por que você me abandonou, maninho?

_ ... O que? _ Disse Noah, parando de andar, com uma face confusa e assustada.

_ Por que você saiu sem me avisar, maninho? Eu pensei que você se importava comigo.

_ DO QUE ESTÁ FALANDO? EU TE AMO! EU ME IMPORTO COM VOCÊ!

_ Não foi o que pareceu. Você me abandonou. Eu confiei em você. _ Dizia a garota, com uma voz trêmula, chorando. _ VOCÊ MENTIU PARA MIM! DISSE QUE IA FICAR COMIGO ATÉ O FIM, MAS ME ABANDONOU! SEU... MONSTRO! EU TE ODEIO!

Aquilo machucou Noah mais do que o fogo que o cercava. Ele desabou em lágrimas. Ele caiu de joelhos no chão, tremendo. Essa era a pior punição que ele poderia receber. As palavras nem saiam de sua boca.  A garota então disse, sua voz agora baixa, sem emoção alguma:

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