Decisão arriscada

3.3K 381 69
                                    


NARRADOR

Na manhã seguinte, o clima de leveza e alegria da noite anterior parecia uma lembrança distante para Erica, a morena acordou com uma ligação do treinado e um comunicado para ela comparecer ao ginásio. Assim que ela chegou ao ginásio, o treinador a chamou para uma conversa em particular. A seriedade no olhar dele já indicava que aquilo não seria uma simples conversa sobre o jogo ou táticas.

— Erica, sente-se.- o treinador começou, a voz fria e imponente. Erica obedeceu, sentindo um nó se formar em seu estômago. Ele não perdeu tempo.— A droga está pronta. Hoje, vamos fazer o primeiro teste. Quero ver como você reage durante o treino.

Erica manteve o olhar fixo no treinador, tentando não deixar transparecer o pânico que começava a crescer dentro dela.

— Treinador, você tem certeza de que isso é seguro? Não posso me arriscar a piorar a lesão e...

O treinador a interrompeu bruscamente, o tom cortante.

— Segurança? Não existe segurança nas Olimpíadas, Erica. Existe ganhar ou perder. Se você quer ser uma vencedora, vai ter que fazer sacrifícios.

Ela sentiu um frio na espinha, mas o treinador não havia terminado.

— Lembre-se: ninguém pode saber sobre isso. Nem suas amigas, nem sua família. Se alguém perguntar, você diz que está se recuperando com a fisioterapia, que a dor está diminuindo. Entendido?

A pressão psicológica pesava sobre Erica, mas ela sabia que não podia hesitar.

— Entendido.- respondeu, tentando manter a voz firme.

O treinador se aproximou, a expressão dura.

— Erica, não é só a sua carreira que está em jogo aqui. Se você falhar, isso pode prejudicar todo o time. Você realmente quer carregar essa culpa? Quer ser lembrada como aquela que falhou nas Olimpíadas?

Ela sentiu o pânico crescer, mas o treinador continuou, implacável.

— Pense nas portas que vão se abrir se vencermos. Convites para jogar nos melhores clubes, patrocínios, fama. Tudo o que você sempre sonhou. Mas se perdermos, por sua causa, todo esse potencial vai para o lixo.

Erica sentiu o peso da ameaça velada.— Eu vou conseguir, treinador," respondeu, engolindo em seco.— Eu não vou decepcionar ninguém.

Ele deu um leve sorriso, mas era um sorriso frio, sem nenhum traço de empatia.

— É isso que eu quero ouvir. Prepare-se para o treino. Amanhã, você joga contra o Japão. E lembre-se, você deve agir como se estivesse se recuperando sozinha. Nenhuma palavra sobre o que estamos fazendo aqui. Se eu souber que você falou alguma coisa, as consequências serão graves.

O treinador levou Erica até uma sala isolada, longe dos olhares curiosos e da agitação do ginásio. O ambiente era frio e impessoal, com equipamentos médicos organizados de forma meticulosa. No centro da sala, uma maca aguardava, cercada por instrumentos que ela preferia não reconhecer.

— Deite-se.- ordenou o treinador, apontando para a maca. Erica hesitou por um momento, mas obedeceu, tentando controlar a ansiedade que aumentava a cada segundo.

O treinador abriu um pequeno estojo de metal, revelando duas seringas.

— Aqui está a solução.- disse ele, com uma calma assustadora.— Isso vai anestesiar a dor por algumas horas. O suficiente para você treinar e jogar sem limitações.

Ele segurou a primeira seringa e se aproximou da perna lesionada de Erica.

— Vai doer um pouco, mas só no início.- murmurou, antes de injetar o líquido em sua perna. Erica sentiu uma intensa queimação que se espalhou rapidamente, quase a fazendo gritar, mas ela se forçou a manter a compostura.

Quebrando bloqueios - Rosamaria - ( PART 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora