"Olhos de cigana oblíqua e dissimulada."
A palavra "oblíqua" vem do latim *obliquus*, que significa "inclinado, torto, enviesado". Já "dissimulada" vem do latim *dissimŭlātus*, particípio passado de *dissimŭlare*, que significa "disfarçar, ocultar, fingir". Ambas as palavras são usadas por Machado de Assis para descrever os olhos de Capitu em "Dom Casmurro".
"Oblíqua" sugere algo que não é direto, que possui um ângulo ou uma inclinação que altera a percepção, enquanto "dissimulada" refere-se à capacidade de esconder verdadeiras intenções ou sentimentos, sugerindo uma natureza astuta ou enganadora. Juntas, essas palavras formam uma descrição memorável e enigmática dos olhos de Capitu, alimentando as dúvidas do narrador sobre a fidelidade da personagem.
Faye se recostou na cadeira de seu escritório, os olhos fixos na janela que oferecia uma vista parcial do horizonte da cidade. O sol já estava se pondo, tingindo o céu com um laranja intenso, mas seu pensamento estava longe. Era como se uma sombra pairasse sobre sua mente, algo que ela não conseguia identificar, mas que persistia em perturbá-la.
O silêncio do escritório era interrompido apenas pelo som ocasional do teclado de Lux, que estava finalizando um relatório em sua mesa. Faye tentava se concentrar em seu trabalho, mas os pensamentos sobre Yoko continuavam a invadir sua mente. Ela fechou os olhos por um momento, tentando afastar as imagens que surgiam, mas era inútil. O toque suave de Yoko, o jeito como ela a provocava, e até mesmo o olhar travesso dela durante a festa na praia... Tudo estava gravado em sua memória, e era impossível esquecer.
Lux olhou para Faye de soslaio, percebendo a tensão em sua expressão. Ela sabia que algo estava acontecendo com a amiga, mas preferiu não perguntar diretamente. Ao invés disso, ela se levantou e caminhou até a mesa de Faye, apoiando-se levemente na borda.
–"Tá tudo bem, Faye?"
perguntou Lux com um tom descontraído, mas com um toque de preocupação.Faye abriu os olhos e forçou um sorriso.
– "Estou bem, só pensando em algumas coisas."Lux arqueou uma sobrancelha, claramente não convencida. – "Pensando em coisas que têm nome, idade e uma queda por te provocar, talvez?"
Faye soltou uma risada curta, mas não respondeu de imediato. Ela sabia que Lux estava se referindo a Yoko, mas não queria entrar naquele assunto, pelo menos não agora. No entanto, Lux era persistente.
–"Vai me dizer que não pensou em mais nada desde aquela noite na festa? continuou Lux, cruzando os braços."Porque, pelo que eu vi, vocês estavam quase se devorando com os olhos."
–"Não é tão simples assim, Lux. Faye respondeu, suspirando. Ela é muito mais jovem e... Eu não deveria estar me envolvendo."
Lux balançou a cabeça, rindo de leve. "Faye, você sabe tão bem quanto eu que a idade é só um número. O que importa é o que você sente. E pelo que parece, ela mexe com você e bonito."
–"Talvez mexa, sim. Faye admitiu, passando a mão pelo cabelo, um gesto de nervosismo que raramente demonstrava. "Mas isso não significa que é certo. E além do mais, ela é livre, desapegada. Eu não quero me machucar."
Lux deu de ombros, como se a resposta fosse óbvia.
–"Então não se machuque. Aproveite o momento, veja onde isso vai dar. Se der certo, ótimo. Se não, pelo menos você tentou. Pior é ficar se remoendo por algo que você nunca teve coragem de tentar."Faye sabia que Lux estava certa, mas ainda assim, a hesitação a consumia. Ela não conseguia deixar de pensar nas complicações, nas consequências de se envolver com alguém tão jovem e tão diferente. Mas a atração era inegável, e a cada encontro, a cada troca de olhares, ficava mais difícil resistir.
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A mãe da minha melhor amiga
FanfictionYoko, uma dedicada estudante de Direito de 19 anos, está imersa nos desafios do primeiro ano na prestigiosa Universidade de São Paulo. Com grandes sonhos de se tornar uma advogada de destaque, ela encontra inspiração em Faye, uma renomada advogada c...