alguém para amar

cap 2 pag4

A jovem assentiu, seu sorriso alargando-se.
Ficaram observando-se por um momento, incertas, cada uma reparando
nas grandes mudanças da outra no decorrer daquele ano e meio, cada uma
imaginando, com uma pontada de apreensão, se tais mudanças haviam sido
muito profundas. No silêncio da sala, os laços da amizade de infância e a
afeição duradoura começaram a se estreitar entre elas, forçando-as a dar um
passo hesitante, depois outro e, de repente, ambas corriam para o esperado
encontro num abraço apertado, rindo e chorando de alegria.
— Ah, Alex, você está maravilhosa! Senti tanto a sua falta! — Elizabeth ria,
tornando a abraçá-la.
Para a sociedade, “Alex” era Alexandra, Duquesa de Hawthorne, mas, para
Elizabeth, era apenas sua melhor amiga, a amiga que estivera afastada numa
longa viagem de lua de mel e que, provavelmente, ainda não ouvira falar
sobre a terrível confusão em que Elizabeth encontrava-se.
Levando-a para o sofá, Elizabeth deu início a uma torrente de perguntas:
— Quando voltou de viagem? Você está feliz? O que a traz aqui? Por
quanto tempo pode ficar?
— Também senti saudades — falou Alex, rindo, e começou a responder às
perguntas na ordem em que haviam sido feitas. — Voltamos há três semanas.
Estou absurdamente feliz. Vim aqui para vê-la, é claro, e posso ficar por
alguns dias, se você quiser.
— É evidente que eu quero! — disse Elizabeth, feliz. — Não tenho nada
planejado, exceto por hoje: estou esperando a visita de meu tio.
Na verdade, a agenda social de Elizabeth estava completamente vazia pelos
doze meses seguintes, e as visitas ocasionais do tio representavam algo pior do
que não ter nada a fazer. Porém, nada daquilo importava agora. Elizabeth
estava tão feliz em ver a amiga que não conseguia parar de sorrir.
Como costumavam fazer quando eram mais novas, ambas tiraram os
sapatos, cruzaram as pernas sob o corpo e passaram horas conversando com a
fácil intimidade de almas irmãs que, embora separadas pelo tempo,
mantinham-se eternamente unidas pelas lembranças — felizes, ternas e tristes
— da infância.