Capítulo 3

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Terça-feira ~ 8:00 AM

Eu acordo com barulhos vindo da sala, como se tivesse pessoas conversando ali. Assustada, levanto rapidamente de minha cama, pego meu celular e vou em direção às escadas, descendo-as lentamente para não fazer barulho. Quando chego até a sala, me deparo com minha mãe em pé ao lado da lareira retirando seus agasalhos, enquanto meu pai está sentado no sofá tirando o sapato de seus pés.

– O que estão fazendo aqui? — Pergunto confusa.

– Isso é forma de nos receber? — Minha mãe diz indignada e meu pai ri.

Eu corro até ela e nos envolvo em um abraço apertado, tirando um sorriso sincero de seu rosto.

– O que eu quis dizer é que eu pensei que fossem ficar mais tempo fora. — Digo desfazendo o abraço.

– Era o que pretendíamos, mas sua mãe sismou que não deveríamos te deixar sozinha por tanto tempo. — Meu pai diz e minha mãe o olha em repreensão.

– Mãe, eu faço vinte anos em breve, eu sei me cuidar. — Digo e ela faz bico.

– Eu sei disso, mas eu estava com saudades. Além disso, você sempre será minha bebê! — Ela diz e eu reviro os olhos.

– De qualquer forma, viajar por um mês e meio foi o bastante, nos divertimos muito! — Meu pai diz com um sorriso largo no rosto — E como foi ter a casa só pra você durante esse tempo?

– Confesso que foi um pouco entediante.

– E o vizinho da frente? Fez amizade com ele? — Minha mãe pergunta e meu corpo gela.

Por um instante eu cogitei a ideia de que ela teria descoberto sobre minha interação com ele de alguma forma, e que por isso retornou da viagem com antecedência. Qual a probabilidade?

– Não. Por que eu faria amizade com ele? — Pergunto ingênua.

– Ele parece ser um bom homem, apesar de não ter se enturmado ainda. — Minha mãe dá de ombros — Além disso, você deveria fazer algum amigo.

– Essa conversa de novo não! — Digo desviando o olhar para o meu pai na esperança de que ele me ajudasse.

– Sua mãe tem razão, Elza. Você deveria sair mais e conhecer pessoas novas. — Ele diz pegando seu sapato ao mesmo tempo que levanta do sofá — Mesmo que essa pessoa nova seja o vizinho estranho que mora do outro lado da rua.

– Tá, eu já entendi. Agora será que podemos parar de falar do vizinho? — Pergunto.

– Tudo bem. Seu pai e eu vamos nos deitar um pouco para recompor as energias. — Minha mãe diz e ambos andam até a escada.

– Vocês não vão tomar café da manhã comigo? — Pergunto usando meu olhar de cachorro pidão.

– Desculpe, querida. Mas sua mãe e eu realmente precisamos descansar primeiro. — Meu pai diz.

– Tudo bem, não faz mal. Tenham um bom descanso. — Digo sorrindo e eles logo sobem as escadas, me deixando sozinha na sala.

Aquilo me deixou um pouco chateada, pois eu só queria me sentar com eles para conversar sobre a viagem e matar a saudade que eu estava da presença deles, mas eu não queria que eles se sentissem mal por mim.

Eu vou até a cozinha, abro a geladeira e a vasculho para achar algo para comer, mas não havia nada de interessante. Eu abro os armários na expectativa de que eu fosse encontrar algum cereal que, para mim, é o melhor para se comer no café da manhã, mas não encontrei nenhum.

𝐀 𝐨𝐛𝐬𝐞𝐬𝐬𝐚̃𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜𝐞̂ 𝐬𝐞𝐦𝐞𝐢𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora