🌊Na manhã seguinte, o nervosismo voltou com força total. O primeiro dia havia sido tranquilo graças a Leena, mas o segundo dia me deixava ansiosa por uma razão completamente diferente: eu estava prestes a enfrentar a rotina sozinha. Entrei na escola me lembrando de como ela parecia gigante e intimidante no primeiro dia, mas agora, depois de explorar alguns dos corredores e me familiarizar com a localização das salas, me sentia um pouco mais confiante.
Depois de uma aula de Matemática que passou arrastada, chegou a vez do intervalo. Peguei meu lanche e fui em direção ao pátio, onde a maioria dos alunos se reunia. De longe, avistei Leena cercada por um grupo de amigos. Pensei em ir até lá, mas hesitei. Ela estava no 3° ano, rodeada por gente do último ano, e eu, uma novata no 1° ano, me sentia deslocada. Decidi me sentar em um banco perto de uma árvore, onde eu poderia observar sem ser notada.
Enquanto comia, notei que Leena se separou do grupo e veio em minha direção. Meu coração acelerou. Ela sentou ao meu lado, e por um momento, o nervosismo me impediu de falar.
— Como foi o segundo dia até agora? — perguntou, pegando uma maçã da mochila e dando uma mordida.
— Está sendo bom — respondi, sorrindo um pouco mais relaxada. — Ainda estou me acostumando com tudo, mas acho que vou sobreviver.
Leena riu.
— Você vai sobreviver, sim. Todo mundo se sente meio perdido no começo, mas logo você encontra seu ritmo. E não se preocupe, eu ainda lembro como era ser caloura. Se precisar de algo, estou por aqui.
Eu fiquei surpresa com a gentileza dela. Não era só uma fachada; Leena realmente parecia querer ajudar.
— Obrigada. Você não faz ideia do quanto isso me deixa mais tranquila.
Ela olhou para o grupo de amigos dela, que estavam rindo e conversando do outro lado do pátio.
— Quer se juntar a nós? — perguntou casualmente, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Pensei por um momento, e apesar de estar tentada, sabia que me sentiria deslocada.
— Acho que vou ficar por aqui hoje, mas obrigada. Estou tentando ir devagar, sabe?
Leena assentiu, compreensiva.
— Claro, sem pressa. Vou deixar você respirar, então — ela sorriu e se levantou. — Mas, sério, quando quiser companhia, é só chegar.
Eu a observei voltar para o grupo, sentindo-me grata por ter alguém como ela por perto. Mesmo que eu estivesse decidida a ir com calma, era reconfortante saber que não estava sozinha.
Quando o intervalo acabou, fui para a próxima aula, tentando me concentrar no que o professor dizia. Mas minha mente continuava voltando para a conversa com Leena. Havia algo nela que fazia parecer que, mesmo sendo de mundos diferentes dentro da escola, podíamos ser amigas.
No fim do dia, ao chegar em casa, encontrei minha mãe, Vívian, sentada no sofá com seu laptop no colo. Ela estava, como sempre, ocupada com algum e-mail importante ou reunião virtual. Sendo gerente de relações internacionais da Starbucks, ela tinha um trabalho exigente que a mantinha conectada ao mundo inteiro, o tempo todo. Quando me viu entrar, fechou o laptop e sorriu.
— Ei, como foi o segundo dia de aula, Serena? — perguntou, com aquele tom de voz que misturava curiosidade e preocupação materna.
— Foi bom, na verdade. Fiz uma amiga ontem, Leena. Ela está no 3° ano e foi superlegal comigo. Me ajudou a não me perder de novo na escola — respondi, me jogando ao lado dela no sofá.
Minha mãe sorriu, visivelmente aliviada.
— Fico feliz em ouvir isso. Sei que você estava preocupada com essa mudança toda, mas parece que está se adaptando bem.
— Ainda estou me acostumando, mas acho que vou ficar bem. Só preciso de um pouco de tempo.
— Tempo é tudo, Serena. E você vai ver que, com o tempo, essa escola vai se sentir tão familiar quanto a antiga — ela disse, acariciando meu cabelo.
Fiquei em silêncio por um momento, apenas aproveitando o carinho dela. Às vezes, eu sentia falta dos nossos tempos mais tranquilos, antes do trabalho da minha mãe ficar tão exigente. Mas eu sabia o quanto ela amava o que fazia, e isso era o mais importante.
— Você tem alguma viagem a trabalho marcada para essa semana? — perguntei, tentando não soar decepcionada com a resposta que já esperava.
— Não essa semana, mas na próxima, preciso ir para Seattle por alguns dias. Prometo que volto o mais rápido possível.
— Sei que vai — murmurei, me aconchegando mais perto dela. — Eu só queria que ficasse mais tempo em casa.
Ela suspirou, um suspiro que eu já conhecia bem. Era o suspiro de quem entendia, mas não podia fazer muito para mudar a situação.
— Eu também, Serena. Eu também.
Conversamos mais um pouco sobre a escola, sobre como o trabalho dela estava correndo, e sobre o que poderíamos fazer no fim de semana. Era bom ter esses momentos, mesmo que fugazes, onde o mundo parecia se reduzir apenas a nós duas.
Naquela noite, enquanto me preparava para dormir, pensei em como o dia tinha sido. A escola ainda era um desafio, e eu sabia que muitos outros momentos desconfortáveis estavam por vir, mas pelo menos agora eu tinha a promessa de uma amizade com Leena e o apoio da minha mãe, mesmo que à distância. Com isso em mente, adormeci com a sensação de que, talvez, esse novo começo fosse exatamente o que eu precisava.
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CHASING DREAMS, walker scobell
Fanfiction• Serena sempre acreditou que seu nome carregava um peso maior do que ela podia suportar. Seu pai costumava dizer que ela foi batizada assim porque, desde pequena, tinha uma aura de paz, como se o mundo ao seu redor pudesse desabar, mas ela permanec...