Striking Vipers [DESTIEL]

02. O que meu anjo sente

Talvez Dean realmente fosse meio gay. Um bissexual? Ele não era muito ligado em rótulos. O que ele conhecia de verdade era o que sentia, suas vontades e seus pensamentos obscenos em relação ao anjo.

Infelizmente Castiel era viciado em ganhar e ele dominou o jogo em muito pouco tempo, Dean estava perdendo pela segunda vez, de lavada, para o anjo, sentindo-se todo machucado e em um segundo não havia mais nada. E, sinceramente, depois de tudo que passaram com mortes reais, dores alucinantes e palavras cruéis, aquela merda era empolgante - e terapêutica - pra caralho.

E somando tudo, o ar competitivo e prepotente de Castiel, os sorrisos soberbos que ele dava após aceitar perfeitamente uma sessão de golpes, a adrenalina que era estar lutando com o anjo, que era muito inteligente e forte, inclusive. E talvez - mas só talvez - Dean tivesse cultivado em si um tesão absurdo em estar lutando com o moreno.

Mas era só um talvez.

Por isso ele não resistiu a deixar explícito para Castiel que ia tentar jogar mais um pouco do joguinho legal, que ficou animado depois que Sam passou o jantar inteiro falando da sua luta contra um NPC e convidando Castiel nas entrelinhas, falando que tinha certeza que era melhor jogar com o anjo do que com um NPC, com um sorriso de canto adornando os lábios.

Dean nem esperava que Castiel fosse entrar de novo, não depois do olhar tedioso e de desdém que o moreno lhe deu antes de subir as escadas sem falar uma palavra. Mas ali estava ele, dando a terceira sequência de golpes seguidas no Winchester, pegando a cabeça pequena e cheia de fios loiros do corpo em que ele estava e batendo diversas vezes no chão até o narrador anunciar a vitória do anjo.

— Parece que alguém aqui tá irritadinho. — Dean debocha já bem longe das mãos de Castiel e completamente curado. Ele tinha total noção de que o anjo estava realmente irritado, talvez até chateado, e que a culpa era sua, porém, ele não se importava em ser o saco de pancadas de Castiel quando estava errado.

O anjo nada responde, apenas indo pra cima do loiro, dando um pulo impossível de um humano dar na vida real e enterrando o pé direto na cara do caçador. Os dois se moviam rapidamente no campo de luta e dessa vez Dean estava dando um trato em Castiel porquê tinha começado a se concentrar mais na luta do que nos próprios sentimentos.

— Já deu sua hora, bonitão. — Dean fala, pegando impulso para uma voadora.

Castiel pega sua perna no ato, impedindo que o salto alto atinja seu peito em cheio e começa a girar o loiro no ar.

Não arranjando um jeito de sair, Dean dobra o joelho da perna que Castiel segurava e enrosca a outra perna no corpo dele, pegando impulso para segurar em seu ombro e dar socos em seu rosto.

A cada soco bem dado de Dean, o sorriso do anjo se abre mais, os olhos azuis brilhando em êxtase e o sangue escorrendo pelos lábios, na sobrancelha, na bochecha esquerda, sujando a pele de jade e dando um contraste na beleza do lutador. Mas aquilo não mexia com o caçador tanto quanto as írises azuis cheias de confiança, emanando um brilho que atiçava o lado competitivo do Winchester.

Em algum momento Castiel conseguiu derrubar Dean no chão, caindo com o peso inteiro em cima do corpo do outro, eles rolaram no chão mais uma vez, o que havia acontecido no passado se repetindo até Dean parar em cima do anjo e o pegar pelo colarinho do macacão vermelho que ele vestia.

— Dean. — A voz do anjo saí em sinal de alerta, os olhos azuis mergulhando na profundidade verde dos olhos do caçador.

— Cas... — Os lábios pintados de vermelho vivo soltam um longo e doloroso suspiro, Dean desiste de qualquer indecência que tenha passado por sua mente quando seu coração começa a bater forte e ele não consegue mais sustentar a troca de olhares, sentindo um frio na barriga, desviando os olhos dos do anjo.