(...)Às vezes, eu me sinto como se vivesse em um filme em preto e branco, onde tudo ao meu redor é uma montagem de sorrisos e risadas que não fazem sentido para mim.
A sensação de estar presa nesse vazio emocional é algo que me envelhece, as vezes me pergunto se estou sozinha nessa, mas logo a dúvida surge: será que eu realmente conheço alguém que sabe o que eu sinto?
As pessoas ao meu redor parecem tão alegres, tão cheias de vida, mas eu não consigo sentir isso, para mim, tudo parece uma farsa, falsidade é a palavra que ecoa na minha mente a cada interação.
Quando alguém sorri para mim, eu me pergunto se é real ou apenas mais uma máscara que a sociedade nos obriga a usar.
Não consigo confiar em ninguém completamente, e como se eu estivesse sempre observando, analisando, procurando sinais de que, talvez, a alegria deles não passe de uma fachada.
Eu gostaria de contar a alguém como me sinto, mas o que eu diria? “Oi, eu sou a garota que se sente vazia por dentro, mesmo quando estou cercada de amigos?” O medo do julgamento me impede de abrir a porta do meu coração, e essa solidão só aumenta a sensação de que não pertenço a lugar nenhum.
Nas noites mais escuras, quando as sombras parecem dançar ao meu redor, eu me perco em pensamentos, o vazio é tão profundo que chega a ser angustiante, a ideia de que ninguém pode realmente entender o que estou passando me consome, as vezes, sinto vontade de gritar, mas é como se minha voz estivesse presa em um labirinto sem saída.
A esperança é uma palavra bonita, mas para mim, às vezes parece distante, como uma luz que brilha no horizonte, mas nunca se aproxima, eu me pergunto se um dia encontrarei as cores que faltam em minha vida, se haverá um momento em que conseguirei olhar para o mundo e sentir a mesma alegria que vejo nos rostos das pessoas ao meu redor.
A cada dia que passa, a rotina se torna um ciclo monotono e repetitivo, como uma canção que não muda de melodia, meus passos arrastam-se, e a energia que antes eu tinha para enfrentar o dia desaparece lentamente, olho pela janela e vejo o mundo lá fora vibrante e dinâmico, enquanto por dentro, tudo está em um silêncio ensurdecedor.
Às vezes, me pego refletindo sobre pequenos momentos que me trouxeram felicidade no passado — risadas genuínas, conversas profundas, abraços sinceros — e sinto uma dor aguda ao perceber quão raros se tornaram, há dias em que me sinto como uma observadora, testemunhando a vida dos outros, mas nunca sendo parte dela.
O ato de sair de casa já é uma batalha, a escolha do que vestir se transforma em um dilema e, quando finalmente estou na rua, é como se houvesse uma barreira invisível me separando do resto do mundo, conversas superficiais me cansam, enquanto eu anseio por conexões verdadeiras e profundas, despertei um desejo de compartilhar não apenas minha historia, mas a história do que se passa por baixo da superfície.
O que eu realmente quero é um espaço seguro onde eu possa ser quem sou, livre de máscaras e julgamentos, um lugar onde eu possa expor minhas fragilidades e, talvez, descobrir que não estou sozinha nessa jornada tortuosa, quem sabe alguém, em meio à multidão, também se sinta presa nessa mesma película em preto e branco, buscando o mesmo colorido que eu.
Procuro um jeito de quebrar esse ciclo de solidão, uma forma de abrir meu coração, mas a cada tentativa sinto um peso que me sufoca, cada passo em direção à vulnerabilidade me faz hesitar; e ainda assim, em meu íntimo, guardo uma faísca de esperança, a esperança de que, um dia, eu possa encontrar alguém que compreenda minha dor e que, juntos, possamos colorir essa vida que, por tanto tempo, pareceu destituída de vida.
E assim, enquanto a noite se aproxima, me agarro a essa ideia: talvez o primeiro passo para escapar desse labirinto emocional seja eu mesma, a decisão de me permitir sentir, de arriscar e, quem sabe, de estabelecer uma conexão verdadeira.
Afinal, no fundo, todos nós desejamos um pouco de cor em nossas vidas em preto e branco.
(...)
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namoral, cansei
Non-Fictionoi, são só palavras não ditas de uma criança/adolescente estranha que não aguenta mais guardar para si