ITACHI
Trabalhar no café sempre foi uma rotina confortável para mim. Os dias seguem um padrão previsível, quase mecânico, e eu gosto disso. O silêncio entre os pedidos e os momentos em que observo os clientes, me oferece uma pausa do tumulto do mundo exterior. Prefiro me manter reservado, falando apenas o necessário. Mas isso começou a mudar por causa dela.
A mulher de olhos perolados. Ela vem ao café todas as manhãs, sempre na mesma hora, sempre se senta na mesma mesa perto da janela. Eu percebo o jeito tímido dela, a hesitação nos gestos, e isso me fascina de um jeito que não consigo explicar. Observo os detalhes que outros talvez não notariam: a forma como ela segura a xícara com ambas as mãos, como se o calor do café fosse reconfortante, ou como os olhos dela vagam pelo ambiente, mas sempre voltam para mim. É como se houvesse uma conexão silenciosa entre nós, algo que não precisa ser dito para ser entendido.
Eu me esforço para agir como de costume, manter minha postura séria e distante, mas com ELA, isso se torna mais difícil a cada dia. Ela desperta em mim uma curiosidade, um desejo de saber mais sobre quem ela é além do "bom dia" e do pedido habitual.
Kisame, meu colega de trabalho, é uma das poucas pessoas que consegue romper minha fachada. Ele tem um jeito irreverente que contrasta com minha seriedade, mas isso nunca nos impediu de nos darmos bem. E quando se trata de dela, ele não perde uma chance de me provocar.
- Então, Itachi - ele começa, enquanto preparamos os pedidos. - Sua cliente favorita já chegou hoje?
Eu mantenho os olhos fixos na máquina de café, respondendo de forma neutra.
- Ainda não.
- Hmm, entendo. - Kisame sorri, sabendo que minha resposta significa mais do que deixo transparecer. - Vai falar com ela hoje ou vai continuar só servindo o café como se não estivesse interessado?
Lanço um olhar de advertência para ele, mas Kisame apenas ri.
- Sabe, se você não fizer nada, ela vai acabar se apaixonando por outro cara - ele diz, mais sério agora. - E aí, meu amigo, você vai ficar aí, parado, vendo ela tomar café com outro.
Eu sei que Kisame tem razão, mas não é tão simples assim. A ideia de me abrir, de dizer algo que possa expor meus sentimentos, é desconfortável. Prefiro o silêncio, observar à distância. Mas quando me aproximo da mesa dela, entrego o café, e nossos dedos se tocam por um breve momento, eu quase cedo à tentação de falar mais do que o habitual.
No fundo, sei que não posso continuar assim para sempre. Alguma coisa precisa mudar. Mas por enquanto, me contento em vê-la todos os dias, em permitir que esse pequeno ritual matinal seja o ponto alto do meu dia. Mesmo que eu nunca diga uma palavra a mais, estar perto dela já é o suficiente, pelo menos por enquanto.
O sino da porta toca suavemente quando ela entra, e eu sei que é ela antes mesmo de olhar. É como se o ambiente mudasse um pouco quando ela está aqui, um pouco mais leve, mais tranquilo. Eu finjo estar ocupado com algo no balcão, mas meus olhos a seguem quando ela se aproxima da mesa de sempre, aquela perto da janela. Ela é tão previsível quanto o meu próprio ritual, mas isso só faz com que eu goste mais desses momentos.
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Queridos Uchihas (Itahina e Madahina)
RomanceHinata, uma jovem secretária em uma empresa de renomada, vê sua rotina virar de cabeça para baixo quando começa a se aproximar de Itachi, um garçom reservado por quem sempre teve um interesse silencioso. À medida que a relação entre os dois se inten...