Amber, marcada por um passado de dor e isolamento, construiu barreiras emocionais para se proteger. No entanto, a chegada de Liam e Jess, seus leais amigos, desafiou e suavizou essas defesas, oferecendo uma amizade que ela nunca imaginou ter.
A gran...
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Vic
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Senti uma vontade avassaladora de beijá-la desde o momento em que ela entrou no meu carro para irmos ao Bibble & Sip. Amber estava hesitante quanto a aceitar o trabalho, e percebi que parte desse desconforto talvez viesse de não sermos tão próximas. Confesso que no início, quando ela tentava puxar assunto comigo pelos stories, eu não respondia direito. Hoje, me arrependo profundamente, porque percebo que Amber escolhe a dedo as pessoas que entram em sua vida. Ela não sorri para qualquer um, não responde aleatoriamente a todos, como fazia comigo quando tentava se aproximar. Entrar na vida dela nunca foi uma tarefa fácil.
Lembro como Liam e Jess insistiram por um ano, a convidando para sair, fazer trabalhos juntos, e ainda assim, ela os manteve à distância. Durante esse tempo, Amber permaneceu em silêncio, e quando precisava apresentar algo à turma, todos se calavam para ouvi-la, porque era raro. Não era só eu que a admirava, mas todos ao seu redor. Amber se mantinha longe de fofocas, reservada, expondo apenas o mínimo de si, e mesmo esse pouco era valorizado.
No café, pude perceber que ela carrega traumas e uma autocrítica severa: "Mas e se eu estragar algo? Derrubar ou quebrar alguma coisa?" Essa frase partiu meu coração. Era claro que ela tinha medo, mas duvido que fale assim com todos, apenas com aqueles que confia. Amber abriu uma pequena janela para sua vulnerabilidade, e tudo o que consegui dizer foi que eu estaria ali. Sabia que não importava se algo quebrasse, os equipamentos tinham seguros — o que me importava era ela.
Quando ela mencionou ter sentimentos por outra garota, que também namorava e supostamente era hétero, fiquei inquieta. Não sei se sou essa pessoa ou se é outra, porque tudo sobre Amber é subentendido, nada é explícito. Ela se comunica por enigmas, e isso a torna a pessoa mais enigmática que já conheci.
No carro, lutei contra o desejo de beijá-la. Seus lábios estavam tão próximos dos meus que parecia impossível resistir. O perfume dela me envolveu assim que me inclinei para ajustar o cinto. Era como o espírito de uma peônia generosa e vibrante, com pétalas rosadas e aveludadas dançando com a doçura efervescente de um gengibre cristalizado. A luminosidade picante desse acorde lembrava um raio de sol filtrado por folhas frescas, revelando a vivacidade sutil e refinada do cedro, que se entrelaçava suavemente ao fundo, conferindo uma leveza terrosa e elegante. O cheiro dela era um sopro de frescor e sofisticação que persistia no ar como uma lembrança inesquecível.
