Os contos da mariposa & da serpente

Nós (Perséfone)

O que a gente pode ser?

Impróprio, imoral, profano

É o que todos diriam

Então porque na minha cabeça

Somos tão fodamente bons?

Vejo nós dois em flashs reluzentes

Banhados a ouro

Feridos como anjos caídos

Entrelaçados em uma armadilha apertada

Como Ares e Afrodite

Estamos vivendo em um bolha insustentável

Prestes a estourar

E seus respingos manchariam todo o carpete

Em tons indissolúveis

Qualquer um diria que você despertou a minha pior versão

Mas pra mim, seus olhos são como faróis
Iluminando uma parte da alma que antes era opaca

Fazendo vibrar, pulsar e tingir

Das cores mais belas e intensas

Eros atirou em mim e me forçou a me amarrar em você

Se fosse culpa minha, seria mais fácil

Eu varreria para de baixo do tapete todas essas imagens de nós dois

Mas não posso fingir que a flecha não está aqui

Cravada no meu peito me puxando até você

Me impedindo de olhar para o lado

Ignorando os alertas de que não estamos sozinhos

Tento não cair na tentação

Mas meu corpo não está afim de obedecer

Se eu não puder ter você

Acho que estaria jogando fora esse pedaço da minha alma

E ela ficaria incompleta, rasa, quebradiça

A gente pode ser tudo que há de mais errado

Mas também pode ser belo, raro e sagrado