capítulo 3

0 0 0
                                    

Maria Eduarda
— Maria Eduarda, eu estou falando com você! — Mais uma manhã eu havia acordado com a cabeça nas nuvens, aquela noite não saia dos meus pensamentos, a todo momento eu ficava mergulhada nas lembranças de cada sensação, cada toque dele. Os olhos azuis dele me chamavam para uma realidade tão linda e prazerosa, que fazia eu me sentir a única, por aquela noite eu era a única pessoa que importava. — Você anda muito distraída garota.

— Desculpa mãe. — solto um suspiro e levo a xícara de café aos meus lábios, preenchendo minha boca com o líquido amargo. — O que a senhora estava dizendo?

— O congresso dos jovens está chegando, todos estão morrendo de saudades de você e querem você lá. — Minha mãe estava tirando um bolo do forno enquanto mais uma vez tagarelava sobre a igreja, como se isso fosse me fazer voltar para aquele lugar. — você vai, não é mesmo ?

— Claro mãe.

— Ótimo! — Ela abriu um largo sorriso e depositou o bolo na mesa, se sentou e pôs café na xícara a sua frente. — Você poderia cantar sabe, todos sempre elogiavam sua voz, a irmã Miriam sempre diz que você tem uma voz de anjo e eu concordo plenamente… — Reviro os olhos rapidamente e bebo o resto do meu café. — … eu sentia tanto orgulho, minha filhinha cantando como uma profeta, era lindo, que sabe quando você for ao congresso você não sinta vontade de vol...

— Não vou voltar para a igreja. — A corto de imediato e me levanto da mesa indo até ela e deposito um beijo em sua testa a vendo suspirar. — Já conversamos sobre isso mãe, tenho que ir. Bença.

— Deus te abençoe. — ela responde desanimada, então vou até meu quarto, pego minha mochila e saio de casa.

Ao pisar na rua respiro fundo, as vezes é tão difícil de entender minha mãe, depois de tudo que eu já passei naquele lugar, ela ainda insiste em querer me levar de volta…

… Não quero pensar sobre Isso.

Começo a caminhar em direção a casa de Cecília, que não é tão longe da minha. A essa hora da manhã não tem muitas pessoas andando na rua, e o clima é agradável, mesmo com o sol dando pequenos sinais que o dia será um tanto quente. Em pouco mais de cinco minutos chego na casa  de Cecília e toco a campainha. Sorrio quando escuto um grito dizendo " tô indo " vindo de dentro da casa

— Bom dia, meu amor ! Cecília já tá vindo.

— Bom dia Isa. — Isa boceja fechando o portão e depois sorrir para mim. Como as duas são vizinhas, normalmente Isa toma café na casa de Lia e eu encontro elas aqui.

— Lia tá doida pra saber da história do carnaval. — solto um pequeno resmungo fazendo Lia sorrir maliciosamente. — Na verdade, eu também quero saber dessa história Tintim por Tintim.

— Sério ? Ainda são seis e meia da manhã, tá cedo pra fofocar.

— Discordo fortemente. — Cecília havia aberto o portão e o fechado em seguida.

— Bom dia pra você também! — Ela pisca em resposta.

— Vamos, abre o bico. — Lia enrosca um de seus braços no meu e o outro no de Isa e começamos a caminhar. — Quero saber de tudinho.

— Não foi nada demais gente.

— Quer mentir pra mentiroso?

— Se abre Duda, aposto que você não fez nada pior do que a gente. — Isa boceja novamente. — Confia.

— Tá bom. Lembra quando o Bernardo parou você e pediu pra vocês conversarem? — Lia revira os olhos e concorda. — Eu fui procurar a Isa e o Pedro, mas não achei nenhum dos dois. Aí uns caras estranhos me pararam e começaram a " dar encima" de mim, eu tava apavorada, achei que eles ia fazer alguma coisa…

O Meu LugarOnde histórias criam vida. Descubra agora