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Há culpa comendo o estômago dele. Não é um sentimento novo, Liam está muito bem familiarizado com culpa, mas está diferente; mais forte. Os rostos de Brett e Lori continuam aparecendo em sua mente, de novo e de novo, seus corpos sangrentos no meio da estrada. Liam prometeu que iria salvá-los. Ele prometeu, e ele falhou. Ele aperta o celular dele com força em suas mãos e rola puxando o cobertor sobre a cabeça, o aparelho range sob a pressão de seu aperto, então ele respira fundo e solta seu aperto.

Está quente debaixo do cobertor; escuro e confortável. Ele quer ficar aqui pelo resto do dia; quer se esconder do mundo e nunca mais sair, mas ele sabe que mais cedo ou mais tarde alguém virá atrás dele. Ele não pode se esconder pra sempre, não vai poder afundar em sua auto-aversão e luto.

Seu polegar passa sobre botão de início de seu telefone e a tela acende quando ele é desbloqueado. Ele vai até os registros de chamadas, percorre através deles, ele para em um número familiar, o polegar paira sobre ele contemplativamente. Ele não viu ou ouviu nada de Theo desde o último encontro que eles tiveram no Sinema, quando ele fodeu Theo com raiva no banco de trás de sua caminhonete por ter ficado com... por ter ficado com Brett.

Seu coração se dói em seu peito ao pensar sobre Brett novamente. Ele nunca mais vai vê-lo. Ele nunca vai ver Brett no Sinema, ou jogando lacrosse. Ele nunca vai ser insultado pelo alto lobisomem ou...

Ele sente que está ficando sem ar, as batidas de seu coração acelerando. Liam choraminga baixo em sua garganta e aperta o pequeno botão verde de chamada. A tela está fria contra o rosto dele enquanto ele segura o fôlego e espera. A linha toca e toca, mas ninguém atende.

"Olá, você ligou para Theo mas ele não está disponível, por favor, deixe uma mensagem após o sinal." diz uma pequena voz robótica em seu ouvido seguido de um "beep".Liam solta o ar que ele estava segurando e afasta o telefone do rosto. Terminando a ligação, ele deixa cair o telefone no colchão ao lado dele e deixa seus olhos se fecharem.

Ainda é cedo, o sol ainda nem nasceu. Faz sentido que Theo não atendeu, ele provavelmente nem está acordado ainda. Ele não sabe o que ele teria dito se Theo tivesse atendido a ligação. Um pedido de desculpas, talvez, pela maneira como ele tratou Theo na última vez que eles transaram. Ou, talvez, um aviso para o súbito surgimento de caçadores pela cidade. Liam se deita de barriga para cima, as mãos esfregando o rosto em exaustão. Ele sente como se não tivesse dormido o ano todo.

Há um som do lado de fora da porta do seu quarto e Liam tem tempo suficiente para registrar o cheiro familiar que vaza pela a rachadura de seu quarto antes que a porta seja aberta e a voz alegre de Scott vira uma exigente para fazer ele levantar.

"Anda, Liam, hora de se arrumar pra ir pra escola."

Liam faz um barulho de irritação e agarra firmemente o cobertor sobre sua cabeça. De jeito nenhum que ele irá à escola ou a qualquer outro lugar de novo. O alfa dele pode dar o fora de lá.

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O alfa de Liam não deu o fora.

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Onde quer que ele vá, há olhos nele e palavras odiosas sendo sussurradas. Essas pessoas o conhecem há anos; ele cresceu com alguns deles, tem sido parceiro deles em trabalhos escolares e em jogos esportivos, mas é como se todos tivessem se esquecido disso por conta dos eventos da noite anterior. Ele não é mais Liam Dunbar, ele é apenas um pesadelo vagando pelos corredores.

Pela primeira vez, Liam se vê desejando o poder de Corey; garras e presas são boas em uma briga, mas ele só quer desaparecer. Ele quer fugir com o rabo entre as pernas e rastejar para o chuveiro, para que ele possa lavar a sensação dos olhares de nojo que todo mundo está dando a ele. Ele quer ir para casa e fingir que nada mudou.

Unholy || ThiamOnde histórias criam vida. Descubra agora