Eu sempre acreditei na existência do amor verdadeiro, do amor à primeira vista talvez; que um dia eu iria estar andando normalmente e alguém esbarraria em mim e nós nos olharíamos e então faíscas de paixão se acenderiam nos nossos corações. Então nos apaixonaríamos e viveríamos uma vida bela e feliz, um ao lado do outro. Mas não foi isso que me aconteceu.
Desde que eu era pequena, a minha mãe sempre me ensinou a como ser uma mulher recatada e de princípios, em parte agradeço muito a ela, pois isso construiu o meu caráter. Mas por outro lado, isso me limitou muitas vezes. O meu pai não me deixava sair com meninos a não ser os meus primos, e o único colega que tive contato no colégio interno que estudei, sumiu depois de um semestre que estudávamos juntos. Nunca mais o vi, o seu nome era Simon, ele era britânico, seu sotaque era bem forte. Ele era um rapaz legal, nós nos conhecemos quando eu tinha dezesseis anos, ele ia nas corridas clandestinas que eu e a Chiara participávamos.
Foram bons tempos, mas um dia, voltando das férias, ele me disse que ia embora, e sem mais nem menos ele foi, e me deixou, sem dar nenhuma explicação ou notícia. Tentei entrar em contato diversas vezes depois daquele acontecido, mas parecia que ele havia me bloqueado ou trocado de número.
Lembro que fiquei triste por dias na época, ficava andando vaga pelos cantos da casa, meu pai quando descobriu o motivo, fez o favor de me punir, foi bem na época que ele descobriu sobre as corridas, e ter um garoto envolvido só piorou a minha situação.
E agora isso, mafioso, como assim? O meu pai, o meu marido e toda a minha família, ou melhor, todos que estão ao meu redor são bandidos.
Eu devo ter cometido um pecado muito grande em alguma das minhas vidas passadas para receber tal punição. O que eu vou fazer agora? Preciso fugir daqui, e tem que ser agora. Não vou mais conseguir olhar na cara de ninguém. Será se a Chiara também sabia? Me pergunto, pois ela parecia saber muito bem quem eram os Montanari. Acho que só a burra aqui não sabia.
Mas o dia já está chegando ao fim, o sol já se pôs sobre as montanhas por trás de Taormina, a cor alaranjada enfeita o céu. Eu apreciaria por mais tempo, mas devo me preparar, não sei como vou conseguir olhar nos olhos do Matteo e nem do meu pai. Fora o resto das duas famílias. Preciso realmente ir embora daqui ou eu vou enlouquecer.
Me levanto da areia e volto para a mansão, entro pela porta dos fundos e certifico de que ninguém me veja. Ouço algumas conversas quando chego no hall da entrada, antes de subir a escada posso ouvir a voz de Margarida e Domenico, numa sala mais reservada ao longe.
— E como ela reagiu? — Domenico pergunta, suponho que esteja falando de mim.
— Nada bem! Temo que ela não queira falar conosco. — Margarida responde.
— Já imaginava, se encarregue de falar com a mãe dela sobre isso, eles precisam saber que a filha deles agora sabe de tudo. — ouço um barulho de cadeira, suponho que um deles tem levantado — Ou pelo menos, quase tudo. — ouço um barulho de porta abrindo e subo a escada correndo pelo susto, mas ainda consigo ouvi-lo falar: — Irei informar a Matteo sobre isso.
Chego no meu quarto desesperada, abro a porta e assim que passo por ela, tranco-a. O Matteo vai me matar, se ele queria me prender sem saber disso, agora que eu sei, estou completamente ferrada. Não tenho ninguém para recorrer, todos sabiam disso, ninguém vai me ajudar a fugir.
Corro para o banheiro e tomo um banho rápido, eu preciso me arriscar, se me resta alguma esperança de ser livre nessa vida, eu preciso tentar, eu preciso conseguir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Prometida a Máfia
RomanceNatalie Martinelli, uma jovem italiana de 17 anos que cresceu em uma família muito conturbada, vê a sua vida mudar de cabeça para baixo, ao completar 18 anos se vê prometida em casamento a última pessoa que ela desejaria conhecer, a sua doçura seria...