Chapter 1 - The Plan.

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Eu estava na prancha, andando passo a passo. Minhas pernas tremiam enquanto ouvia os gritos em meio à água dos outros que conhecia há anos. Eles afundavam rapidamente, sem ter chance de nadar, graças aos nós apertados em seus pulsos e ao desespero de perder a vida. Eu era a quinta na fila da morte e a penúltima a enfrentar uma morte tão injusta. E, enquanto eles davam passos curtos, tentando estender nosso tempo na Terra, prestei atenção no som fino do vento frio nos meus ouvidos e senti, entre os fios dourados da minha cabeça, a neblina abraçar meu corpo rapidamente, como uma nuvem úmida no topo de uma montanha.

Ao abrir os olhos, pude ver que, em poucos segundos, o navio foi completamente coberto pela mesma neblina que eu achava ser apenas uma ilusão em minha mente, ou talvez fosse meu espírito se esvaindo para o além, mas não, eu ainda estou viva. "Não era a minha hora" se passava e repetia na minha mente centenas de vezes. E, quando me dei conta, estava paralisada na ponta da prancha, olhando para o horizonte coberto de um cinza vasto e sem fim.

"Anda, não tenho tempo pra isso. Praga!"

Meu corpo avançou para frente com o forte golpe que levei nas costas de um disparo, no momento em que perceberam que eu estava paralisada na frente da prancha. Aparentemente, aqueles gambás mercenários não estavam felizes com a neblina os impossibilitando de ver o mar, incluindo o que estava à frente, o que claramente os estava deixando de muito mau humor.

Então, eu caí na água gelada do oceano, desesperada, assim como os demais, lutando pela vida, mesmo sendo em vão. Afoguei devagar, já que resistia com todas as minhas forças. Vi alguns vultos do sangue que vinha das minhas costas dançando entre as pequenas correntes de água que se formam e se desfazem num ciclo infinito. Os fluidos vermelhos criavam finas linhas na água, dissipando-se rapidamente depois. Era tanto que apaguei aos poucos, com a imagem da minha última ceia em família rodopiando em minha mente e mantendo meu coração feliz, até a última gota de oxigênio sumir dos meus pulmões.

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A neblina estava rondando a região de Odhero, e a densidade tornava o mar extremamente perigoso para navios cargueiros ou navios de nobres, ficando sensíveis a ataques piratas até finalmente se dissipar. Coitados daqueles que derem o azar de passar por perto de um navio pirata, mas até que não é o pior que se pode acontecer em um dia de neblina como essa.

O pior mesmo é trombar com um navio específico, um com o qual não houveram muitos que conseguiram escapar; não dos saques, mas sim da carnificina, dos assassinatos a sangue frio. E, quando digo muitos, eu quero dizer dois homens. Eles pularam do navio e nadaram juntos até uma ilha comercial. Lá, espalharam todas as histórias que hoje conhecemos como: o temível navio do Barba Negra e derivados.

"Chefe, há um navio não tão longe daqui. Devemos prosseguir?"

"O de sempre."

"Perfeito."

O navio, que de longe parecia mercante por ser tão bem cuidado, foi pego de surpresa com tiros de canhão disparados ao mesmo tempo. Três acertaram o casco e dois se separaram, acertando o mastro e a ponta onde havia a escultura de um anjo tocando arpa. Era certa a confusão que se instaurou dentro daquele gigante flutuando pelas águas. Todos começaram a se preparar para a guerra marítima e, ao mesmo tempo, tentavam fugir, retirando o navio da rota e da mira dos mercenários. Uma fuga era até fácil se o navio fosse mais rápido do que o do inimigo; com aquela nuvem de neblina pairando por cima da água agitada, era impossível ver além de cinco metros. Apenas as luzes das lanternas não eram suficientes para enxergar para onde iam. Com a correria que estava ali, era possível sentir de longe o que encorajava e injetava confiança nas veias dos piratas que invadiram e dizimaram quase toda a tripulação. Alguns se jogavam ao mar para tentar escapar, porém o mar estava agitado e a maioria não conseguia escapar, enfrentando um fim mais lento do que os que permaneceram.

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⏰ Última atualização: Aug 26 ⏰

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