Capítulo 4

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Potter não mentiu quando prometeu se comportar durante a aula.

Ele luta quase educadamente, foca na precisão em vez da força, e não toca em Severus na frente dos outros nem uma vez. Sem luta livre, sem movimentos sujos, apenas trabalho de varinha simples e polido, e Severus está reconhecidamente impressionado com ele.

Potter demonstra uma contenção que ele não achava que fosse capaz. Infelizmente, isso também causa uma vontade estranha e insistente de provocar o homem, uma que exige um esforço considerável para ser esmagada até a submissão.

Ah, como a situação mudou. É vergonhoso.

Às vezes Severus acha que Potter consegue ver, seus olhos verdes brilhando conscientemente por trás de sua mão estendida com a varinha enquanto ele desvia calmamente dos ataques acalorados de Severus.

Ele só consegue se segurar porque Potter ainda o encontra nos corredores à noite ou em seu escritório depois do expediente, e Severus sabe que eles podem morder e arranhar um ao outro então. É certamente imprudente o suficiente, e Severus considera convidar Potter para seus aposentos várias vezes. Mas ele nunca o faz. Nem ele põe fim às suas atividades noturnas imprudentes.

Severus está patrulhando os corredores mais uma vez e para brevemente na sala dos professores, felizmente deserta, para tomar uma xícara de chá. É tarde, e a ruína de sua vida ainda não apareceu, então Severus relutantemente para de esperá-lo. Então se repreende por se sentir decepcionado por uma rara noite sem ruína. O que, em nome de Merlin, aconteceu com ele?

Ele faz sua xícara meio vazia desaparecer com um movimento raivoso de sua varinha e se levanta abruptamente. Em um redemoinho melancólico de vestes, Severus sai da sala dos professores e entra no corredor escuro, de repente desesperado pelo isolamento silencioso de suas masmorras. E uma punheta, talvez.

Mas ele não vai muito longe. Ele vira a primeira esquina quando algo invisível o pega pelo braço.

Claro.

Severus revira os olhos e endireita a coluna enquanto cachos escuros e olhos verdes aparecem na sua frente.

— Oi — Potter sorri, dentes brancos brilhando na escuridão.

— Não aqui — Severus sibila, mas Potter o impede.

— Eu sei, não se preocupe. Eu só quero conversar. Ande comigo um pouco? — Ele vem para ficar bem na frente de Severus e lança um Muffliato sobre eles. — Só conversar, prometo.

Severus lhe dá um breve aceno e o agarra pelo braço, puxando-o para longe da sala dos professores. Eles chegam ao segundo andar sem serem vistos, e quando chegam a uma parte que está quase vazia de retratos, Potter abre a boca.

— Eu sei que eu disse para você pensar sobre isso — ele começa, as palavras um pouco apressadas, — mas eu sinto que não me expliquei direito. Você vai ouvir?

— Parece que tenho pouca escolha no assunto — Severus fala lentamente, resignado. Ele não está pronto para isso, de forma alguma equipado para qualquer confissão que Potter pareça ter a intenção de entregar. A situação já é insuportável o suficiente, ele não precisa de combustível para o fogo de sua agonia.

Mas Severus sabe que Potter não vai desistir até que ele diga a sua parte, e Severus não tem escolha a não ser ouvir e esperar manter os restos de sua sanidade.

— Tudo bem. — Potter se prepara, seu olhar firme e penetrante em Severus com determinação. — Então, deixe-me começar dizendo que não tenho ideia do que está acontecendo entre nós. Juro, fiquei completamente surpreso quando percebi o que estava acontecendo. Pensei muito sobre isso e não cheguei a nenhuma conclusão útil. Exceto uma. — Ele abre as pernas, cravando os calcanhares no chão de pedra. — Não quero questionar isso.

Like Lovers Do | SnarryWhere stories live. Discover now