Um conto

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Quando eu lembro de todos os dias passados,

E de todos os momentos que eu cometi erros,

E como tudo o que eu faço, deixo para trás,

Não posso deixar de chorar pelos meus erros.

O que a morte faz é tornar as coisas insípidas,

E assim a minha memória é como um lamento,

Quando eu conto meus dias passados, um lamento que faz

Um deserto de todas as minhas dores e tormentos.

Mas então eu tenho o teu amor, a beleza em minha vida,

E isto faz com que todos os meus passados não pareçam ruins.

E quanto ao tempo, a memória se agarra a ti,

De modo que meu sofrimento se transforma em prazer.

E quando eu entendo os meus passados erros,

O teu amor faz com que tudo pareça novo e fresco.

Shakespeare, William. The Sonnets of Shakespeare (1609)


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A luz suave da lâmpada de cabeceira, continha uma tonalidade quente e amarelada, espalhando um brilho reconfortante pelo ambiente, dando vida aos desenhos presentes na cortina que agora bloqueava a escuridão externa. A linda mulher sentava-se na poltrona ao lado da cama infantil adornada com um símbolo caprichosamente esculpido na cabeceira, contrastando com o papel de parede em tons verdes claros.

Cercada de brinquedos e livros infantis, mantinha um sorriso carinhoso trazendo uma presença acolhedora para aquele espaço lúdico. O vestido de corte elegante combinava de alguma forma com aquele recinto, dando um toque especial ao momento. A cena toda era encantadora para quem observasse, mas para eles, era apenas parte da rotina.

Deslizando a mão direita pelos cabelos da criança a sua frente, que estava devidamente preparada para a sessão noturna, calmamente enrolou nos dedos uma mecha dos fios finos, fazendo um cachinho ali que logo se desmanchou com muita facilidade. O cheiro de hortelã exalava no ar quando este abriu os lábios sorrindo para ela, exibindo os dentinhos de leite, mas o que o quarto exalava mesmo, era amor.

Ela sabia exatamente o que ele gostaria de ouvir, e para aquilo não precisava de livro ou anotação. Já sabia de cor e salteado. Aquele momento era quieto e sereno, e a meia luz fazia o trabalho de deixar o ambiente um pouco mais agradável aos olhos, mas apenas o suficiente para que ambos pudessem se contemplar, e assim ela conseguir ver todas as reações do pequeno. Ele já se encontrava com seu pijama estampado com a mesma figura que ele segurava entre as mãos, tinha feito questão em escolher aquele vestuário.

- Temos tantos livros por aqui.... quem sabe algo novo? - Propôs após ouvir os lamentos da criança que desejava ser imerso na sua história favorita.

Poderia parecer que não quisesse atender o pedido, mas na verdade apenas gostava de ver aquela face se iluminar em esperança e ansiedade. Ah sim, aquilo era algo que adorava ver. Era realmente lindo.

Convergência: um conto NaruHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora