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Devo admitir que você tem uma coragem invejável, mia principessa! — aquela voz fala detrás de mim, e imediatamente a minha mente reconhece quem é. Matteo Montanari.

Me viro devagar para só então olhar nos seus olhos. O Matteo está impecável como sempre, de terno preto, gravata da mesma cor e sapatos também. Mas nos seus olhos há algo diferente das outras vezes.

O seu ódio por mim sempre foi notório, e recíproco da minha parte, mas na maioria das vezes, ele me olhava com desdém e até mesmo um olhar vago sem importância. Ele nunca deixou de salientar que não estava nem aí para mim, que eu servia apenas para ser a mãe do seu filho.

Mas agora, olhando para ele, os seus olhos estão escuros, aquele azul que antes cintilava, agora parece estar em um dia muito nublado. Há ódio neles, muito ódio.

Temia que esse dia fosse chegar, mas lá no fundo me apeguei novamente a esperança de que eu conseguiria fugir. Natalie, Natalie, sempre burra.

— O que foi, mia moglie? Perdeu a língua de repente? — ele pergunta com escárnio, percebo que está se segurando para não me matar.

— E...eu... — gaguejo, mas nada sai.

— Ou sua língua só funciona para beijar outras pessoas? — ele fala com um humor fingido.

— Eu não entendo do que você está falando. — falo atordoada.

— Ah não? — ele finge está pensativo e me olha em seguida — Pois permita-me lembrá-la, amore mio.

Ele começa a se aproximar vagarosamente de mim e como um instinto de defesa, me afasto na mesma proporção que ele se aproxima. Até não ter mais para onde fugir, sinto a mesa atrás de mim e apoio as minhas mãos na borda da mesma, vendo Matteo chegar a cada segundo que passa, até ele está bem na minha frente. Tenho de levantar a cabeça para encará-lo. As nossas respirações, depois de semanas, estão confundidas novamente, uma na do outro.

Seus olhos vasculham todo o meu rosto e intercalam entre a minha boca e os meus olhos, a fúria que vi de longe agora está mais perceptível. Meu corpo começa a se arrepiar, mas não sei se é somente medo que estou sentindo agora. Ele põe as mãos em cada lado das minhas também na borda da mesa, estou encurralada. Droga! O cheiro do seu perfume amadeirado entra pelas minhas narinas, o seu hálito de menta, que sai quando a sua boca fica entreaberta, também posso sentir. Por que ele tinha que ser tão malditamente ruim e perfeito ao mesmo tempo?

Sai daqui, Matteo! Per favore! — falo ofegante, enquanto isso ele põe a mão no bolso e tira o seu telefone.

— Você me disse que não entendia o que eu estava falando, permita-me lhe mostrar. — ele vira o celular para mim e imediatamente ponho as mãos na boca de espanto.

Era uma foto do dia, no caso ontem a noite, em que eu saí pelas ruas de Milão, após o ocorrido com a Lia, o Simon me encontrou na saída da casa e me acompanhou até o centro, ele não sabia do que havia acontecido e eu não tive coragem de contar, pois eu sabia que perderia o meu amigo. Enquanto andávamos, ele me beijou de surpresa, lembro que após isso, desferi um tapa no rosto do meu amigo por conta do reflexo. Não queria fazer aquilo, mas não estava esperando que ele me beijasse.

Eu tentei inúmeras vezes explicar para o Simon que a nossa relação era apenas amizade. Não posso negar que tentei gostar dele de verdade, mas todas as vezes que eu tentava me permitir, o Matteo, como uma assombração, aparecia na minha cabeça.

Naquele mesmo momento, falei ao Simon pela última vez que não ia mais tolerar essas investidas dele e ele pareceu não aceitar, mas saiu me deixando sozinha naquela noite escura.

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