𝗧𝗿𝗲̂𝘀: Aversão a hospitais.

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"Tem uma tempestade se formandoE estou preso no meio disso tudoE isso toma o controle"

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"Tem uma tempestade se formando
E estou preso no meio disso tudo
E isso toma o controle"

Waves|DEAN LEWIS

𝗧𝗿𝗲̂𝘀: Aversão a hospitais

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𝗧𝗿𝗲̂𝘀: Aversão a hospitais.


Desde sempre odiei hospitais. Havia algo em nossa relação que tornava toda e qualquer interação em uma tortura.

Em seus corredores brancos e austeros, manchados por incontáveis histórias e emoções conflitantes, o choro e as lágrimas saem das trevas e transbordam como pingos cristalinos de sal, de dor e esperança. Provavelmente essa era uma das diversas razões que me faziam desprezá-los.

Eu realmente odiava os hospitais tanto quanto os amava. Parecia uma maldição que, mesmo sendo ruim, me trazia benefícios.

Enterrei meus dedos vacilantes nos cabelos, torcendo os fios da raiz encaracolada com força. E soprei o ar denso por entre meus lábios rachados e machucados.

Na última vez em que estive em um hospital, perdi meu pai e, consequentemente, a minha mãe. Ele, para a morte e ela, para as drogas. As lembranças daquele dia enterram-se na minha mente, dando batidinhas na porta do meu subconsciente, desejando invadir as proteções que criei para proteger o mínimo de sanidade que ainda me restava. As emoções, borbulhavam no interior do meu estômago, como uma sopa num caldeirão, intensa e nauseante. Todas as sensações voltam em um rompante, me afogando num mar atribulado de aflição.

Respirei fundo, puxando o fôlego, sentindo meus pulmões inflarem. Lembro-me de ter visto, certa vez, uma entrevista com uma psicóloga em um programa de TV. A especialista estava ali para responder às perguntas da plateia, oferecer dicas para lidar com crises de ansiedade e dar conselhos superficiais sobre problemas comuns que muitos enfrentavam. Em uma de suas respostas, ela mencionou que, quando alguém sentir que está perdendo o controle emocional, deve respirar profundamente e contar até cinco. Também me recordo dela comentar sobre outros passos para prevenir o início de qualquer crise.

Naquele dia, me sentei em frente a tv e peguei meu caderninho velho que usava para a escola, antes de abandonar os estudos, e anotei tudo o que ela falava, letra por letra.

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