Outra Vida

Capítulo Seis

    Acordei com Evelyn puxando minha coberta. O sol entrava pela janela e quase me cegava.

    - Hora de acordar! -Ela gritou animada.

    Coloquei as mãos tampando meus ouvidos.

    - Ai Evelyn, eu tava na parte boa do sonho, -Disse virando para o lado da parede- acho que ela ia me beijar. -murmurei.

    - Queeem? -Ela perguntou cantarolando e se jogando na minha cama.

    - A Audrey... -Respondi.

    Ela se sentou, consegui sentir o olhar dela sobre mim.

    - Achei que a Agatha era a sua garota.

    Me levantei rapidamente e a encarei.

    - Por que achou isso? -Perguntei.

    - Ora, você está pra cima e para baixo com ela desde o primeiro dia. -Ela explicou se levantando, ela foi até as gavetas de sua cama e abriu uma- Acredite, não é só eu que acho isso.

    Ela pegou alguma peça de roupa e entrou no banheiro.

    Desde que comecei a sonhar com a garota de cabelos negros, quero dizer, a Audrey, eu nunca tinha tocado nela, nunca tinha conversado, era só um vislumbre, ela andando em lugares que eu já conhecia, me chamando para o fundo da floresta, me guiando entre multidões, ela era divina, era um mistério, agora que ela fala, anda, interage comigo, agora ela é um grande mistério, não parece sonho, parece real, eu sinto tudo, tudo mesmo. Cada toque, cada respiração, os lábios dela na minha pele... 𝘚𝘦𝘳𝘪𝘢 𝘭𝘰𝘶𝘤𝘶𝘳𝘢 𝘥𝘦𝘴𝘦𝘫𝘢𝘳 𝘴𝘢𝘣𝘦𝘳 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘴𝘦𝘳𝘪𝘢 𝘰𝘴 𝘭𝘢́𝘣𝘪𝘰𝘴 𝘥𝘦𝘭𝘢 𝘯𝘰𝘴 𝘮𝘦𝘶𝘴?

    - Vitória, eu já to saindo, se você ainda quiser... -Ela limpou a garganta- Pega uma roupa, porque querendo ou não você vai tomar café comigo.

    𝘗𝘰𝘳 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘭𝘢 𝘧𝘢𝘻 𝘵𝘢𝘯𝘵𝘢 𝘲𝘶𝘦𝘴𝘵𝘢̃𝘰 𝘥𝘪𝘴𝘴𝘰?

    Pulei da cama, abri as gavetas, não sabia exatamente o que usar, algo fácil de vestir, 𝘥𝘦𝘱𝘰𝘪𝘴 𝘥𝘢𝘲𝘶𝘦𝘭𝘦 𝘴𝘰𝘯𝘩𝘰 𝘯𝘢̃𝘰 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘰 𝘶𝘮𝘢 𝘤𝘰𝘪𝘴𝘢 𝘥𝘪𝘧𝘪́𝘤𝘪𝘭 𝘥𝘦 𝘶𝘴𝘢𝘳, peguei uma blusa polo branca e uma jardineira de short marrom e o mesmo coturno da noite passada, os dobrei todos, coloquei a bota por cima, andei até a porta do banheiro e fiquei esperando Evelyn sair, o que não demorou muito, quando ela abriu a porta, uma fumaça branca saiu junto com ela.

    - Cê foi pro deserto envés de tomar banho? -Perguntei.

    - Eu gosto de banhos quentes. -Ela explicou- Você vai tomar banho?

    - Vou. Um rápido, prometo, meu cabelo não está péssimo.

    - Se quiser eu posso pentear. -Ela disse, pedindo com os olhos, parecia um desejo da alma dela.

    - Hoje não. -Respondi.

    Primeiro dia, praticamente, com a colega de quarto, não quero que ela estrague meu cabelo penteando ele errado, 𝘯𝘢̃𝘰 𝘮𝘦 𝘪𝘯𝘵𝘦𝘳𝘱𝘳𝘦𝘵𝘦 𝘮𝘢𝘭, ela tem cabelo ondulado e tudo, mas é diferente de cabelo cacheado, o meu é cheio de frescuras e blá blá.

    »»————>Minutos depois.

    Evelyn tinha dirigido até uma cafeteria perto do câmpus, eu vi alguns rostos familiares de ontem a noite, não sei se estavam de maquiagem, mas não pareciam nada cansados.