capítulo dois

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Robby Kenee

Eu tinha a mesma rotina praticamente todos os dias, nas manhãs tinha aula de carate, depois a escola, na qual fui permanentemente obrigado a frequentar. Depois eu voltava para casa, comia qualquer coisa que tivesse e após, caminhava até o dojo para treinar durante a tarde. Quando entrei em casa tive uma pequena esperança de que minha mãe tivesse voltado de mais uma de suas viagens e quem sabe pudesse estar em casa. No entanto, quando chamei por seu nome não escutei nada além de um eco da minha própria voz na casa vazia, como sempre.

Silver e Kresse andavam irritados demais com alguma coisa e estavam pegando pesado nos treinos, a maioria dos alunos frequentava o dojo a tarde apenas para um treino leve diário, mas agora, eles sempre estavam lá e aquilo estava se tornando uma segunda aula obrigatória. Na verdade, acho que em poucos dias começaremos mesmo a ser persuadidos a vir duas vezes ao dia. Assim que entrei no local, guardei minhas coisas e coloquei o quimono. E antes que pudesse entrar no tatame para começar meu treino, Silver se aproximou de mim de vagar, me observando lentamente. Ele fazia isso com frequência, as vezes era até desconfortável, mas eu apenas comprimentei.

- Boa tarde, Sensei - eu coloquei as mãos atrás das costas, esperando para saber do que se trataria a conversa.

- Boa tarde, Robby. Pode me informar se sabe se mais algum aluno virá para treinar hoje a tarde? - ele perguntou, eu diria que em uma calma absurda.

- Acredito que os mesmos que costumam vir continuamente, sensei. Pelo menos Falcão me disse que viria - eu respondi, de imediato.

- Tudo bem, pode começar a treinar. Podemos começar a aula quando a maioria chegar.

Pensei em dizer algo, mas era de se esperar que eles estivessem contando com a maioria dos alunos para pegar pesado mais uma vez. Tudo que fiz foi concordar e me virar para o saco de pancadas a minha frente e começar a soca-lo. Durante esta semana me peguei sem conseguir descansar, mais que o normal, para ser exato. Esperei que Terry ou Kresse fossem dizer alguma coisa sobre a garota estranha que participou no campeonato, mas não disseram nada, não mencionaram sobre seu nome e nem perguntaram se possivelmente sabíamos quem era ela. Seria mentira se eu dissesse que seu aparecimento não me desestabilizou, isso porque de imediato percebi que ela lutava muito bem, e pelo fato de não estar esperando.

Mas não seria tolo de dizer algo assim se perguntassem.

Mal sabia eu que a conversa viria em breve.

~
Lilyan Parker

Eu fui para o dojo está manhã, era a primeira vez que tinha começado a participar realmente dos treinos. Antes disso, tinha optado por prestar atenção em como eles costumavam interagir e também estava ocupada com a minha avó. Era na casa dela que eu estava ficando desde que cheguei aqui. Minha mãe estava planejando vir me ver mas também queria que meu pai viesse. Isso porque não estava planejando ficar tanto tempo, quando disse a eles que estava pensando em me matricular na escola ficaram preocupados. Claro que confiavam na minha avó mas não tinha contado que essa decisão era por causa de um dojo. Eu vim para dar o recado ao senhor Larusso, não para ficar. Mas devo confessar de que a maneira como este dojo interessou minhas paixões reprimidas a bastante tempo não é insignificante, e nem merece deixar ser passada despercebida.

No entanto, nesta tarde, o senhor Larusso me pediu que eu fosse ao dojo. Eu imaginei que ele quisesse me mostrar o carate ancestral no senhor Miyagi e estava animada com isso.

- Você já contou aos seus pais sobre essa volta do Carate em sua vida? - minha avó perguntou, assim que me viu pegar a bolsa sobre o sofá e me dirigir a porta, eu neguei com a cabeça. - pois deveria contar. Não acho que ficaram bravos com você por causa disso, mas com certeza ficarão por estar escondendo algo assim.

𝐍𝐎𝐒𝐒𝐎 𝐋𝐄𝐆𝐀𝐃𝐎 - Robby KeeneOnde histórias criam vida. Descubra agora