HÁ UNS DIAS ATRÁS EU VI UM vídeo no TikTok, onde uma moça passava um perfume masculino e seu namorado percebeu, ficando com ciúmes. Então eu pensei: por que não fazer isso com Carlos?
Hoje eu vou à uma festa com minhas amigas. Só nós três, nada de namorados. Lizzie deve estar passando aqui na minha casa logo, por isso eu pego minha bolsa de ombro e desço as escadas. Eu encontro meu namorado sentado no sofá branco da sala de estar, mexendo em seu celular. Ao notar minha presença, ele levanta os olhos da tela e analisa dos pés a cabeça.
— Já vai para a festa?
— Sim. Lizzie vai passar aqui, tá? — eu dou Alguns passos até parar na frente dele.
— Hm, tá bom. — Sainz acena a cabeça, um pequeno sorriso nos lábios.
— Tchau, amor.
Eu inclino o tronco para baixo, ficando cara a cara com Carlos quando ele segura minha bochecha com uma das mãos. Eu fecho os olhos e nós dois demos um beijo rápido de despedida.
— Se divirta, corazón.
Eu concordo com um sorriso ladino, sem mostrar os dentes, e praticamente corro para a porta de entrada da casa ao escutar uma buzina vindo do lado de fora.
Eu saio de casa e desço as escadas de forma atrapalhada por conta dos saltos vestidos nos meus pés. Lizzie está com o vidro do carro aberto, uma gargalhada leve escapa de sua garganta.
— Virou a plebeia, princesa?
— Muito engraçada. Ah, eu já disse pro Carlos que nós devíamos trocar essa escadinha de pedra por uma de laje. — eu murmuro enquanto aperto o cinto de segurança em meu corpo.
Minha amiga só revira os olhos de forma brincalhona e começa a dirigir o carro até a casa de Gia, que também vai à festa conosco.
A festa, noite só das garotas, foi divertida. Eu e as meninas conseguimos colocar o papo em dia e ao mesmo tempo degustar bem as variedades de álcool do bar. Lizzie fez o favor de me deixar em casa de novo.
— Obrigada, amiga. Vejo você amanhã, tchau. — eu abro a porta do passageiro enquanto sorrio para ela.
— Até amanhã, tchau. — ela responde com outro sorriso amigável.
Eu aceno uma última vez antes de ver o carro de Lizzie partir. Eu subo as escadas de pedra até a porta de entrada da minha casa, ao mesmo tempo vasculho dentro da minha bolsa procurando as chaves. Até que eu encontro algo que eu esqueci que iria fazer.
Eu tiro de dentro da bolsa um pequeno frasco de perfume masculino, uma fragrância bem diferente da que meu namorado costuma usar. Meus dedos rosqueiam a tampa do recipiente e eu dou umas espirradas pelo meu pescoço, na nuca, atrás das orelhas, quase meu corpo inteiro. Eu quero que Carlos sinta esse cheiro logo que eu pisar dentro dessa casa.
Assim que meu banho de perfume termina eu destranco a porta da frente e entro em casa, fechando a porta atrás de mim em seguida. Eu chego na sala de estar, que está vazia, e jogo minha bolsa em uma das duas poltronas cinzas. Ao mesmo tempo que a bolsa cai no almofadado, dois braços fortes se entrelaçam ao redor da minha cintura por trás de mim. O nariz de Carlos roça contra meu pescoço, bem abaixo do meu maxilar.
Eu tenho que ver a reação dele.
Eu me viro para encarar meu namorado, segurando seus ombros com minhas mãos e sorrindo com naturalidade.
— Foi... Foi boa a festa? — ele pergunta com uma expressão confusa.
— Claro. Eu e as meninas nos divertimos bastante.
— Uhum. — as mãos de Sainz caem da minha cintura para os meus quadris.
O homem inclina a cabeça até meus cabelos. Ele deposita um beijo no canto do meu pescoço, e não volta a olhar para mim sem antes cheirar minhas mechas de cabelo caídas sobre os meus ombros.
— Que cheiro é esse, amor?
— Cheiro? Deve ser meu perfume. — eu dou de ombros inocentemente.
— Você usa perfume masculino agora? Não sabia que era tendência. — ele responde com sarcasmo, tirando as mãos dos meus quadris para colocar nos seus próprios.
— Masculino? Carlos, acho que você tem problema de olfato.
— Isis, é sério. Esse perfume é masculino e não é meu.
Uau. Ele estava puto mesmo.
Sainz me olha de forma intensa e parece que fogo vai sair de seus olhos. Já eu, muito pelo contrário, não consigo me manter com uma feição plena. Meus lábios se curvam em um sorriso, e para repreender a risada que queria escapar eu coloco uma mão sobre minha boca.
— Do que você tá rindo? Você estava com outro homem? — Carlos cruza os braços, me olhando com uma mistura de confusão e ciúme.
— Desculpa, eu não consegui me conter... — eu tiro a mão da boca, deixando o riso sair pela minha garganta.
— Cara, eu acho que você bebeu demais. — meu namorado me olhou com ignorância.
— Eu não estava com homem nenhum, meu amor. — eu percebo como ele ainda parecia chateado e rodeio meus braços ao redor do seu pescoço.
— Ah, não? E por que você está cheirando a traição?
Eu logo tiro o frasco de perfume do meu bolso e mostro para Sainz, enquanto ainda não consigo parar de rir.
— Ah... — ele solta um suspiro e revira os olhos. — Você é ridícula, sabia?
— Você devia ter visto a sua cara! — eu continuo rindo e jogo o frasco em cima da mesa de café ao nosso lado.
— Ha ha ha. Você deveria investir na carreira de palhaça. — Carlos finge uma risada.
— Me desculpa, amor. Mas foi engraçado, vai. — meus risos finalmente param, agora só resta um sorriso brincalhão em meus lábios.
— É, até que foi... — meu namorado concorda relutantemente.
— Viu só? Você tem uma namorada engraçadíssima.
— Aham. — ele deixa um selinho no canto da minha boca, agora nossos rostos estão tão próximos que nossos narizes estão roçando um no outro. — Mas o que acha de tomar um banho pra tirar esse perfume fedido de você?
— É um convite? — eu mordo o lábio inferior, acariciando a nuca dele com meu dedão.
— Se você quiser...
— Convite aceito.
Eu sorrio antes que Carlos cole a sua boca na minha em um beijo quente e fervoroso. O mesmo desce as mãos até a minha bunda e nos guia até o banheiro do andar de baixo, me fazendo esbarrar em algumas paredes ou quinas de mesa por estar andando de costas.
Nós dois entramos no banheiro e Sainz não perde tempo em fechar a porta e me pressionar contra isso. Ele desce os beijos até meu pescoço e murmura entre suspiros.
