#21

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Gabi on

Culpa.

Essa é a palavra que define tudo que estou sentindo, não acredito que não pensei antes de fazer algo, eu namoro agora, devo satisfação e preciso saber com quem ela se sente segura e com quem ela se sente desconfortável.

Já fazia uma hora desde a notícia do médico que ela só reagiu mal ao remédio, eu estava suando e tremendo, estava ansiosa e com medo da reação dela ao acordar. As meninas me olhavam preocupada, mas eu sabia que elas não gostaram do que viram.

Minutos depois o médico veio e falou que ela acordou, eu não insisti em ir, deixei a Daroit ir primeiro, ela estava uma pilha de nervos e eu entendia totalmente a sua reação.

Logo depois a Carolana e Rosa foram e eu fiquei na companhia da Pri novamente, ela me olhava neutra, indiferente, não sabia decifrar ao certo.

Daroit: Sabe - pausa - Você dá umas fora que as vezes eu nem acredito - ela me olha - mas eu sei que você é verdadeira com a minha amiga e sei que você ama ela.

Abaixo a cabeça e não consigo responder, me sinto uma tola, por ter causado tudo isso.

Daroit: Não fica triste, se você realmente explicar e ser sincera com ela, pode acreditar que vai ser perdoada.

- Obrigada pelo conselho, Pri - olho nos seus olhos - Eu realmente não queria isso.

Continuo conversando com ela enquanto as meninas faziam companhia para a Ana, logo depois elas voltam e é a minha vez de visitar, paro na porta e penso diversas vezes antes de entrar, crio coragem e entro.

Seu olhar está normal, ela tem algumas olheiras quase imperceptíveis e sua boca está pálida, me dói ver ela assim.

- Oi - fico sem jeito ao entrar no quarto.

Ana: Oi - ela está seca? seu tom de voz é ácido.

- Olha, eu sei que não é hora - ela me olha - mas eu queria explicar isso tudo.

Ana: Olha, se for verdade não se preocupa, pode poupar seu tempo.

- Não é, nada disso é verdade - falo olhando o chão - Eu tinha esquecido de avisar que encontrei ela.

Ana: Gabriela, você é famosa, você sabe tudo que falam sobre você e sobre a sua vida amorosa, que o público até fala que não é comigo - pausa - eu não quero ficar em um relacionamento que toda semana sai um rumor diferente de suposta "traição", isso te deixa mais famosa, mas eu? eu fico mais difamada e humilhada. Você sabe de tudo que rola e não evita.

Seu rosto fica um pouco vermelho e eu fico estático, analisando suas palavras.

Gabi: Olha, me desculpa - me aproximo - eu não achei que você ligasse para isso, por isso nunca dei tanta importância.

Eu estou sendo sincera, mas entendo totalmente o lado dela, ela está sendo o centro desses ataques, ela namora e tá saindo como corna e eu não queria isso.

Gabi: Me deixa explicar tudo, eu prometo que se você não quiser mais, eu não fico mais no seu pé.

Ela concorda e eu continuo explicando tudo para ela, o dia que eu encontrei ela, a camisa que era dela e tudo mais, falei tudo que tinha para falar mas ela não teve reação alguma, apenas aquela cara neutra, indiferente que eu nunca tinha visto.

Ela estava calada, pensativa e isso estava me afligindo, minha cabeça pensava em várias coisas relacionada a término e eu sentia vontade de chorar.

Ana: Tudo bem - eu a olho - Não seja imprudente, eu quero fazer dar certo!

Sem conter a alegria, vou em direção ao seu corpo e abraço ela, que por sinal, estava super gelada. Depois de ficar um tempo com ela, tive que sair para ela tomar uns soros para poder receber alta, essa situação toda me assustou, o medo de perder ela me aterrorizou e eu não me imaginava passar por isso.

Saio da quarto e vou na recepção do hotel, vou esperar para levá-la em casa, vejo somente a Pri, ela estava sentada mexendo no celular.

- Onde estão as meninas? - pergunto curiosa

Daroit: Tiveram que resolver um problema - ela está com uma cara de cansaço.

- Pode ir pra casa descansar, eu espero aqui, vou levar a Ana pra casa quando ela receber alta.

Daroit: Obrigada, eu preciso me alimentar - ela me abraça - Me mantém informada - ela sai e eu me sento novamente para esperar.

Ana on

Não sabia que os remédios iriam me fazer mal, sempre tomei no tempo da faculdade quando não conseguia dormir, mas aparentemente meu corpo rejeitou e agora eu estou aqui. Não gostei de gerar transtorno para meus amigos, mas já foi, não tem oq fazer.

Terminei de tomar minha medicação e recebi alta, já era 21:37 e eu estava com o estômago doendo, não tinha almoçado e nem comi algo pela tarde (pq será né). Encontrei a Gabriela na recepção e não entendi o porquê dela ainda estar aqui, eu estava bem com ela agora, mas ela deveria ir embora.

- O que você esta fazendo aqui? - me aproximo - Você deveria estar em casa!

Gabi: Vou te levar pra casa minha casa, você não pode ficar só - pausa olhando o relógio - vou pedir uma comida também, o médico pediu para ficar de olho em você.

Ela me pega pela mão e sai me puxando, solto a minha mão e acompanho ela normalmente, entramos no carro e fomos em direção ao apartamento dela e eu estava escutando a música que passava na rádio

"Birds of a feather - Billie Eilish"

Cantarolo e Gabriela me acompanha, o percurso foi tranquilo, quando pisquei o olho já estávamos pedindo a nossa comida e eu estava sentada no sofá.

Gabi: Vai chegar daqui 20 minutos - ela me olha - Vem, toma um banho, você precisa trocar de roupa também

Vou em direção ao banheiro, tiro minhas roupas e sinto a água gelada no meu corpo, eu precisava disso, sai do banho e vi Gabriela separando uma peça de roupa, ela me olha e se aproxima.

Gabi: Separei uma roupa confortável pra você - pausa - Eu te amo, me desculpa por ter te feito passar por isso.

- Não foi culpa sua - abraço seu corpo - Eu te amo muito.

Nossa noite foi tranquila, eu perdi toda a insegurança e aproveitamos o momento juntas, jantamos e passamos a noite toda assistindo filmes.

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