IV. insídia

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"The secret side of me, I never let you see. I keep it caged, but I can't control it."
"O lado secreto de mim, eu nunca deixo você ver. Eu o mantenho enjaulado, mas não consigo controlá-lo."
— Skillet, "Monster"

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𝓒had
3 anos atrás...

A mansão Cromwell estava cheia, como sempre. O salão iluminado parecia mais um palco, com cada pessoa desempenhando seu papel na grande peça que era Greenwood. Eu odiava isso, mas sabia que minha presença era uma obrigação. Meu pai estava lá, apertando mãos, conversando sobre negócios e fingindo que essas festas significavam algo mais do que manter sua posição de poder. Minha mãe estava ao seu lado, sorrindo educadamente, mesmo que o ressentimento fosse visível. Ela detestava estar perto de Isabelle Cromwell, e eu sabia por quê.

A história do meu pai com Isabelle era um segredo mal guardado e mal contado. Minha mãe tentava esconder o rancor, mas eu via nos olhos dela o quanto aquilo ainda doía. Era irônico que estivéssemos todos aqui, fingindo ser a família perfeita, enquanto esses fantasmas do passado pairavam sobre nós.

Eu estava vagando pelo salão, tentando não pensar muito nisso, quando vi Alyssa encostada em um canto, parecendo tão deslocada quanto eu. Ela tinha o mesmo olhar de tédio que eu, como se estivesse contando os minutos para poder escapar dali.

Eu me aproximei, sem pressa.

— Aposto que você odeia isso tanto quanto eu — comentei, sem olhá-la diretamente.

Ela riu baixinho, surpreendida pela abordagem.

— Festas assim eu odeio — respondeu ela, o sarcasmo evidente na voz. — Mas, aparentemente, isso é parte do pacote, não é? A gente nasceu nisso.

— Um grande teatro — murmurei, observando as pessoas ao redor. — Todo mundo aqui tentando provar que tem controle, mas ninguém realmente sabe o que está fazendo.

Ela suspirou, olhando ao redor antes de se virar um pouco mais na minha direção.

— E você, Chad? — perguntou, seu tom mais curioso do que provocador. — Também faz parte desse teatro?

Antes que eu pudesse responder, fui interrompido pelo barulho familiar de Damon e Scott se aproximando.

— Olha só, o príncipe Dunn socializando — Damon brincou, me dando um leve soco no braço.

Eu revirei os olhos, mas não pude deixar de sorrir. Scott estava logo atrás dele, com aquele sorriso típico de quem não leva nada a sério.

— E aí, caras. Tava só tentando sobreviver a mais uma dessas. Mas chega. Tenho algo pra mostrar pra vocês — eu disse, sem explicar muito, mas já indicando que estávamos prestes a sair dali.

Damon e Scott se entreolharam com curiosidade, mas concordaram em me seguir. Alyssa se afastou, provavelmente indo cumprir mais um dos deveres sociais da noite. E eu os levei para o lado de fora, direto para o velho celeiro nos fundos da propriedade dos Cromwell.

— Que porra a gente tá fazendo num celeiro, Chad? — Scott perguntou, rindo, enquanto Damon acendia uma lanterna que tínhamos encontrado no caminho.

— Vocês vão ver — respondi, empurrando uma prancha solta no chão do celeiro. Ela rangeu e revelou uma passagem secreta que levava para o subsolo.

Eu sabia sobre esse lugar há anos. Meu pai havia me contado sobre suas escapadas com Isabelle Cromwell durante suas bebedeiras. A princípio, parecia uma história qualquer, mas a curiosidade me levou a investigar. Descobri que o celeiro escondia um pequeno cômodo subterrâneo — um lugar que provavelmente ninguém usava há muito tempo, até agora.

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