XI. atrito

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"You know that I'm no good."
"Você sabe que eu não presto."
— Amy Winehouse, "You Know I'm No Good"

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𝓒had
𝓓ias atuais...

— Encontrei com a Alyssa na faculdade hoje — Damon disse, jogando uma pasta de documentos em cima da cama. Ele se recostou na poltrona, com aquele sorriso de quem estava prestes a jogar gasolina na fogueira. — Cara, a menina tá uma tremenda gostosa.

Porra. Agora não, Damon.

Aquele comentário me atingiu como um soco no estômago. Eu sabia que ele estava apenas sendo Damon — sempre provocando, sempre mexendo onde não devia. Mas ouvir isso sobre Alyssa, sabendo de tudo o que envolvia nossa história, me deixou à beira de perder o controle.

Eu virei para ele, os punhos cerrados.

— Da próxima vez que você chamar ela de gostosa — murmurei entre dentes, a raiva crescendo a cada palavra — ou até mesmo pensar em algo assim... Eu juro, Damon, você vai acabar com essa sua cara no chão. Entendeu?

Damon levantou as mãos, como se estivesse se rendendo, mas o sorriso provocador ainda estava no rosto dele. Ele sabia que tinha mexido na ferida certa, e parte de mim odiava o quanto ele parecia achar graça daquilo.

— Calma, cara — ele disse, ainda rindo. — Só tô comentando. Você tá meio sensível, não acha?

Eu o encarei por um momento, tentando manter o controle, mas minha mente estava em chamas. O problema não era só o que ele tinha dito, mas o que isso representava. Alyssa estava diferente, sim. Mas ouvir isso vindo de outra pessoa — especialmente de Damon — só reforçava o quanto ela estava fora do meu alcance agora. E isso me irritava profundamente.

— Não tô sensível, Damon. Só acho que você deveria saber a porra do seu lugar quando o assunto é ela — retruquei, a voz baixa, mas carregada de tensão.

Damon deu de ombros, ainda sem se abalar.

— Relaxa. Não tenho interesse na sua garota. Só estou observando o óbvio. Mas, porra, Chad, você tá se afundando nesse negócio de vingança. Cuidado pra não acabar se machucando mais do que machuca os outros.

Eu sabia que ele estava tentando me provocar de propósito, mas também havia uma pequena verdade escondida no que ele disse. A raiva que eu sentia, o desejo de vingança — tudo isso estava me consumindo. Mas isso não importava. Eu tinha um objetivo claro: derrubar Vince, derrubar Robert Cromwell, e acabar com Alyssa.

Depois de fazer ela ser minha.

— Eu sei exatamente o que estou fazendo — respondi, me levantando da cadeira. — E da próxima vez que você falar dela assim, não vou responder só com palavras.

Damon apenas deu de ombros de novo, um sorriso irritante ainda no rosto.

Eu saí do quarto sem olhar para trás, tentando conter a tempestade que fervilhava dentro de mim. Eu não precisava de ninguém para me lembrar do que estava em jogo. E, de uma forma ou de outra, todos eles iam pagar. Incluindo Damon, se ele continuasse a brincar com fogo.

Alyssa não era apenas "uma gostosa". Ela era minha — mesmo que quisesse lutar contra isso.

Eu saí do quarto de Damon, o som abafado de meus passos ecoando pelo corredor da mansão Dunn. Minha cabeça estava cheia de pensamentos, mas um em particular continuava martelando.

O motivo da minha vingança contra os Cromwell não era só o óbvio. Não era só porque Robert arruinou minha vida com aquela invasão ao Purgatório. Não era só pelo que ele fez comigo, com Damon e Scott. Havia algo mais, algo que ia além da humilhação pública e dos três anos que passei apodrecendo na prisão.

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