𝐃𝐚𝐯𝐢𝐝 𝐂𝐥𝐚𝐫𝐜𝐤
- No três, um, dois, três...! Levanta!- Ambos erguem o móvel pesado, andando alguns passos para o lado e colocando cuidadosamente sobre o chão de madeira. As costas de David doíam, estavam fazendo isso desde cedo. Graças ao seu maldito padrasto, teve que ajudar sua mãe com a parte pesada, pois o indivíduo tinha saído para resolver coisas do trabalho.
Depois da morte do seu pai, tinha se tornado "o homem da casa", então mesmo sem aquele infeliz teria que fazer essas tarefas.
Como começaram cedo, ainda tinha uma porção de coisas para guardar, mas em comparação ao início, era quase nada. Abriu uma das poucas caixas que restavam, dentro havia algumas fotos e álbuns antigos, maior parte fotos suas bebê, sua mãe adolescente, casamento de seus pais, momentos memoráveis de sua infância e de resto velas aromáticas de diversos cheiros que sua mãe colecionava por motivos desconhecidos.
Definitivamente, David adorava ver fotos da mãe durante sua adolescência, a mesma se envergonhava por conta dos elogios, mas sem dúvidas era uma mulher muito bela, a mais linda de todas em sua visão. Talvez era a centésima vez que observava aquela foto, mas era a sua favorita entre todas.
Segurava com cuidado a fotografia em tons fracos e envelhecidos por conta do tempo. A mulher em pé perto do mar, os cabelos castanhos desajeitados que estavam avoados graças a brisa do mar. Ela usava um vestido branco longo de pano fino, e em sua feição havia um sorriso tão doce e brilhante quanto o entardecer ao fundo. Ele certamente sabia quem tirou aquela foto, por algum motivo, conseguia sentir todas as sensações que eram transmitidas naquela imagem. O olhar apaixonante de sua mãe que era direcionado até a câmera, e como ela sorria, parecia a mulher mais feliz do mundo.
- Essa foto de novo? - Chegou de repente, assustando o garoto que quase caiu para trás. Colocou a mão sobre o peito, dramatizando. - Que isso! Sem necessidade de ter chegado assim, sério...
- Por que não emoldura? Se me der ela eu mesmo faço isso. - Um sorriso surgiu em seus lábios.
- Bom, acho que não tem problema, ele gostaria que você ficasse, então fique. -Disse ela, aparentemente dando de ombros. - Não a perca, essa também era a favorita dele. -Devolveu a foto a mão do rapaz e agarrou a caixa para guarda-la.
- Sabe, as vezes chega ser até assustador, o quanto você é parecido com seu pai.- Ela larga a caixa de lado para agarrar o rosto do mais alto, apertando ambas bochechas. Em resposta retribuiu alguns gemidos de dor e olhos revirados. - O que custava ter me puxado pelo menos um pouquinho? Eu que te carreguei durante oito meses, sabia!??
Clarck riu, ainda massageando as bochechas pelo ataque súbito de sua mãe.
Madeline poderia ser a mulher mais forte que ele conhecia, mas também era a mulher número um quando se tratava de ser dramática. Era um equilíbrio. Ele sabia que por trás de todas essas palavras, ainda existia um mar de lembranças que eram como grandes ondas pacificas que causavam impactos dolorosos, especialmente as que envolviam seu pai.
- Fazer o que né? O cara era bonitão, tenho quem puxar. - Deu de ombros, com um sorriso convencido no rosto. A feição desacreditada dela, quase automático, a mulher o acertou um leve tapa, fazendo-o gargalhar.
O seu olhar nostálgico pairou sobre o dele. Seu olhar profundo brilhando intensamente. Até mesmo David, sentia que se desmancharia ali, ao redor dos calorosos braços daquela mulher. Lembrava como se fosse ontem, os dias pós o falecimento do seu pai, como foram sombrios, e o silêncio obscuro que possuía cada canto.
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𝙏𝙝𝙚 𝘽𝙤𝙮 𝙁𝙧𝙤𝙢 𝙎𝙩𝙧𝙚𝙚𝙩 𝘽𝙚𝙡𝙡𝙤𝙬
Romance𝑻𝒉𝒆 𝒃𝒐𝒚 𝒇𝒓𝒐𝒎 𝒔𝒕𝒓𝒆𝒆𝒕 𝒃𝒆𝒍𝒍𝒐𝒘 O colegial pode ser uma fábrica de sonhos e pesadelos para alguns mas para David Clarck era apenas sua forma de finalmente achar seu 𝘵𝘢𝘭𝘷𝘦𝘻. Quando em um momento de sua vida, seu pai acaba fal...