Na televisão estava mais uma notícia trágica: "Vinte pessoas morreram carbonizadas após ataque de grupo terrorista não identificado, onde um grupo de pessoas foram vistos incendiando uma fábrica da marca "Guilt's" no interior de Michigan na última quarta feira, dia 21, 36 feridos e 12 pessoas em estado grave, por conta da quantidade absurda de fumaça e queimaduras pelo corpo, os profissionais da saúde não esperam que existam muito sobreviventes."
Uma gigantesca tragédia, de fato, tudo por culpa de um movimento político que tinha se renovado após anos em silêncio, os famosos CDG, Cães De Guarda, ou TGD, The Guard Dogs, que tinham o único propósito de acabar com fábricas de grandes marcas capitalistas. O movimento havia surgido por meado dos anos 80, começo dos 90, quando o dono da Refresh Soda's, marca de refrigerantes e bebidas alcoólicas havia sido acusado de homicídio, pedófila e outros crimes, o dono da maior marca dos Estados Unidos, Jeffrey Dean Pennyworth, sendo um milionário, as acusações logo caíram por terra abaixo, um caso que foi rapidamente esquecido. Mas não pelos CDG, eles jamais esqueceram daquilo, e da extensiva lista de crimes que os outros familiares, também milionários, de Jeffrey, haviam cometido muito antes dele. Fazia parte de seus valores defender e proteger os cidadãos e ir totalmente contra a burguesia e capitalistas, eram Anarquistas e tinham orgulho disso, sabiam do efeito que tinham na sociedade na época.
Um jovem rapaz negro de 23 anos, Caleb Anderson era seu nome, vendo tudo aquilo acontecer, iniciou um onda de protestos em frente a sede da marca Refresh Soda's, milhares de pessoas se uniram a eles, a marca de seus protestos eram uma camisa ou jaqueta com o desenho feito a mão de um pastor alemão raivoso, e um círculo vermelho em volta, mas de forma alguma eles eram violentos, nunca atacaram ninguém e nunca levaram armas ou qualquer tipo de objeto que poderia ferir alguém, apenas protestaram contra os crimes feitos pelo monstro que dominava o país com seus malditos refrigerantes infestados de açúcar usando placas e gritando e urrando seu hino de justiça." Estamos contra isso!
O Sistema é fajuto!
Protegemos as crianças,
os idosos e as mulheres!
Dêem nossos direitos e
devolvemos sua paz!
Somos cães de guarda,
mordemos e corremos atrás dos
porcos sujos que estão no poder!"Caleb aos poucos foi perdendo a força, e em um de suas manifestações, durante um discurso em praça pública, Caleb tomou um tiro na testa e foi morto friamente em meio a todos seus seguidores, o movimento aos poucos foi esquecido, e com mais de 50 anos do ocorrido, em 1997, uma estudante francesa que estava nos Estados Unidos, chamada Ellie Simone, entrou em contato com esse fato histórico antes nunca visto por ela. Se encantou de forma quase obsessiva com a figura de Caleb, tinha a ambição de ser assim como ele um dia, liderar um grande grupo de pessoas que seguissem suas ordem em nome de um bem maior. Mas mau ela, ainda tão jovem, sabia que tudo aquilo seria resultado da chamada "Guerra do fósforo".
Agora no ano de 2019, o ódio dominava o país, ninguém mais conseguia sair na rua em certos lugares, diversas fábricas e condomínios estavam sendo queimados a luz do dia, os criminosos eram vistos invadindo, roubando e até mesmo abusando de civis inocentes que não tinham qualquer envolvimento com os reais alvos dos CDG. Tudo estava caindo aos pedaços, ao caminhar na rua você encontraria pessoas queimadas apodrecendo no chão, quilômetros e mais quilômetros de fumaça emergindo no céu, já não havia mais nuvens, chuva e muito menos inverno, o ano todo era calor excessivo, todos os dias eram quentes, com a mínima no dia mais frio sendo 40 graus. As crianças nasciam deformadas, todos estavam doentes e tossindo a maior parte do tempo, manchas no corpo, cabelos ressecados e bocas cortadas por desidratação, os rios se secavam, animais morriam de calor no meio dos campos. O que um dia era chamado de Terra, agora já não tinha mais um pingo de vida nela, apenas tristeza e devastação.Charlie Sioux foi adotado por uma protestante mexicana imigrante residente do Mississippi logo no início da Guerra do Fósforo, quando uma onda de imigrantes ilegais de diversos países tentaram escapar dos Estados Unidos, em sua maioria presidiários latinos presos injustamente nos anos 90. O bebê foi encontrado em uma situação deplorável, abandonado na frente de uma foz de um riacho velho em meio a árvores de um matagal extensivo, qual a mulher que o resgatou passava em uma fuga de um protesto violento que ocorreu no ano de 2006, quando Charlie ainda não tinha nem 1 ano, e lá estava ele, enrolado em trapos velhos, assim como deixaram Tarzan nos cuidados da natureza, era inegável que aquela criança precisava de ajuda, apenas pelo choro que ardia os ouvidos, uma sirene de hospital era mais baixa que aquilo. A mexicana vendo aquele bebê recém nascido cheio de manchas vermelhas em todo o corpo, como se fosse um tipo de catapora, mas era resultado do frio no corpinho sensível de um ser que mal havia saído de seu ninho, os olhos esverdeados da moça encheram de lágrimas, e mesmo com o desespero seguido de uma excelente música de fundo repleta de tiros e gritos de militares, o bebê veio ao seu colo, agarrando-o como se fosse filho biológico, uma mãe querendo proteger sua criança. Após longos anos, agora com 32 anos, a imigrante nomeada Laura Hernandes (não era seu nome verdadeiro), morava em uma cabana feita de pedaços de madeira e tijolos bem distante da cidade, mas ainda era atingida pelas ondas de fumaça que vinham dela, então a proteção dela e de alguém que residia nas áreas urbanas eram quase as mesmas, a maior diferença é que tinha mais liberação para sair de casa, não tinha tanto medo de seus filhos saírem pra brincar no campo de grama queimada a frente e voltarem mortos por tiros de um policial que os "confundiram" com terroristas alemães. Charlie, enquanto isso, estava com os cabelos na altura da cintura, longos fios marrom escuro, pontas ressecadas, porém era de seu desejo jamais cortar seus cabelos, aquele era seu troféu. Olhos profundos de alguém com um passado vilanesco e sofrido, acompanhado de uma cicatriz de — aproximadamente — 40 centímetros em seu pequeno braço esquerdo, o mesmo que usava para tentar escrever, quando sua irmã mais nova tentava o ensinar. Sua irmã, Emma, filha biológica de Laura com um homem de origem desconhecida, as únicas informações que se tinham dele era que ele fugiu após Charlie acertar uma pedra em sua orelha direita com um estilingue após descobrir que ele batia em Emma quando ainda era um bebê, um homem bêbado e violento chamado Brian Connor, provavelmente estava morto em algum canto após ter sido expulso da cabana que os três moravam. Com o passar do tempo, Emma já estava totalmente alfabetizada, aprendeu a ler as letras do alfabeto sozinha com apenas 2 anos quando via sua mãe lendo as cartas que recebeu de seus parentes do México antes de todo o caos surgir, era uma pequena prodígio, ao contrário de seu irmão mais velho, que sofria muito para desenvolver conceitos básicos de leitura, mesmo que, entrando na pré-adolescência, porém não deixava de estudar questões políticas e geopolíticas para melhorar seu conhecimento, sua mãe o ajudava nessa parte ao mesmo tempo que tentava passar os ensinamentos para Emma, sabia que precisavam daquilo para combater o inimigo, e especialmente para sobreviver. Em compensação, era uma criança forte, ágil e extremamente maduro para sua idade, já sua irmãzinha era sensível e adorável, porém muito carinhosa, sempre procurava folhas secas para colar em seu caderno cheio de desenhos e entregar para Charlie no seu tempo livre, a maior parte de seu tempo estava ajudando nas tarefas de casa. Embaixo das folhas geralmente estava escrito: "Pra Charlie, meu irmãozão", a mãe sentia muito orgulho de seus filhos, tinha certeza que se morresse, eles estariam preparados para encarar o mundo lá fora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cães de guarda, a Doutrina
Teen FictionConsiderado um ser de luz e que traz boa sorte a pequena cidade no interior de Mississippi, Charlie Sioux se encontra com um rapaz da nobreza europeia chamado Taylor jogado em uma situação precária quando voltava para casa. Em um mundo seco e sem v...