Humilhações e reflexões.

14 3 0
                                    


Dia atual: 10 de novembro/2025 – Sexta-feira – três e trinta e oito da tarde.

Numa cidade praiana chamada Cateleuma, uma avenida muito movimentada, cheia de comércios, vendedores ambulantes, apresentadores musicais, entre outros, Nolan está exausto fazendo suas mágicas. Poucas pessoas colocam dinheiro no pequeno chapéu que deixou no chão. Outras pessoas ficam murmurando e rindo, chamando–o de fracassado, o que ele escuta, mas ignora e continua fazendo o seu trabalho.

No decorrer da tarde, não há mais ninguém assistindo sua apresentação, então Nolan pega a mochila, a apoia no chão para se sentar e descansar. Ele começa a observar as pessoas que estão andando na rua, conversando e rindo entre elas mesmas. O tempo passa. Começa a suspirar, ansioso, e a refletir sobre várias coisas... – "E se eu fracassar? Como irei ajudar minha família? Tenho 17 anos, nem sei ainda o que eu quero ser na vida.", pensa, apoiando a cabeça sobre os joelhos.

Uma criança na rua começa a chorar, fazendo-o acordar de seus pensamentos. Ele olha para seu relógio de pulso... Já são 5h45, está ficando tarde, daqui a pouco é hora de ir ao ponto pegar o ônibus para voltar pra casa. Mas vê que não arrecadou o suficiente, e, até o horário de ir embora, não conseguirá o tanto de dinheiro que esperava, então resolve ficar até mais tarde. A hora passa, pouquíssimas pessoas vão colocando alguma moeda para ajudar.

No final da tarde, está escurecendo, e o sereno vai cobrindo as ruas. Com o pouco dinheiro que conseguiu, sorri para as algumas pessoas que estão dando atenção, agradece e recolhe suas coisas, colocando-as na mochila. Sentindo muita fome, decide ir em alguma lanchonete. Caminhando sobre as ruas, abraçando-se a si mesmo para se esquentar. Ao chegar no estabelecimento, senta em uma cadeira que fica próxima ao balcão e aguarda algum atendente atendê-lo.

A lanchonete está movimentada, e a poucos metros à sua direita há um grupo de jovens, sendo dois rapazes e três garotas. Todos bebem e conversam; uma das garotas o vê, reconhece, e lembra o que ele faz para ganhar dinheiro. Ela aponta em sua direção.

– Olha lá, gente... Não é aquele menino pobre que fica se humilhando por dinheiro?

Ele escuta, suspira fundo, os olhando de soslaio. Todos do grupo olham em sua direção. Também o reconhecem. Um dos rapazes, rindo, começa a debochar.

– É mesmo! É aquele fracassado que fica fazendo showzinhos baratos na rua pra conseguir esmola e se manter vivo.

Os dois começam a rir bastante. Nolan passa a olhar diretamente para o grupo. A mesma garota vê que ele está os encarando. A atendente chega.

– Boa noite! O senhor vai pedir algo?

Muito incomodado com os comentários, perde a fome, pega a mochila, olha para a moça e diz que apenas se sentou para descansar. O rapaz que debochou se aproxima.

– Ei... Por que estava olhando pra minha namorada?

As pessoas da lanchonete começam a olhar a situação. Sem entender nada, Nolan responde que não estava olhando para a namorada de ninguém.

O rapaz continua procurando confusão.

– Karen! Esse bosta não estava olhando pra você?

Ela confirma, mas Nolan retruca dizendo que não estava olhando para ela, e sim para todos eles porque estavam falando merda. Irritado com a resposta, o rapaz o empurra, em seguida acertando um soco na sua boca, assim o fazendo cair no chão. A atendente começa a intervir na briga e grita para o jovem parar com o que está fazendo. O amigo dele se levanta da cadeira, corre e o puxa pelo braço.

O protagonista dos mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora