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Os braços me envolvem, me tirando do meu mundo de faz de conta no qual entro toda vez em que as águas, antes cristalinas, se transformam no tão lindo carmesim, vindo das cores que saem de mim.

Ele me olha com aqueles olhos tão ternos quanto no passado, ainda não consigo entender como ele se importa comigo apesar dos tantos males que já cometi

Principalmente para ele.

As mãos me tocando, não com luxúria, como tantos outros, mas com ternura e preocupação. Algo que já faz tanto tempo que vi ser direcionada a mim, que até dúvido se isto não é mais uma cena das alucinações que tanto desejo, ao mesmo tempo que tanto temo.

Apesar de que eu provavelmente estou sóbria das drogas que usei e bebidas que tomei, sinto-me como se estivesse em mais um dos sonhos doces, incríveis, perfeitos até demais, nos quais sempre vou amar e desejar, mas nunca vão acontecer.

"Querer não é poder" Fernando Pessoa.

Ao olhar nos olhos dele, observo o castanho claro que pode ser mais uma das drogas que me vicio, mas me recuso a acreditar nisso.

Quando percebo, o olhar dele é ao carmesim saindo dos meus pulsos e pernas, não aos balões de água que desenho como uma artista que treina anatomia, não ao lugar que já é tão experiente, que atrai os pecadores e os xingamentos pela experiência, não que eu quisesse ter isso, não que eles se importem com a minha vontade.

Se eu tivesse três desejos concedidos pelo gênio da lâmpada do meu tão amado mundo de fantasia de criança, do filme Aladin, um dos meus desejos com certeza seria voltar para o passado e arrumar esse meu arrependimento, de muitos, de ter deixado esse homem gentil que parece estar em risco de extinção. Meu querido, não mais meu, lobo-guará.

O lenço úmido logo se colore com o meu sangue, "o" não, "os" sim. Observo-os serem descartados, pensando como a minha vida é igual a deles, usados e depois descartados. A única diferença é que eu tenho voz e vida para protestar.

Meus pensamentos são interrompidos pelas mãos quentes colocadas em cada lado do meu rosto, as quais desejei ter de volta a tanto tempo que me surpreende Deus ter ouvido as minhas preces, apesar de que eu me pareço mais com Lilith do que com Eva.

- Por que? - Perguntei, querendo ouvir a linda melodia da voz do moreno, mas ao invés disso, sinto um abraço aconchegante que gostaria de nunca mais sair de tal, mas que sei que terá um fim tão próximo quanto o fim do doce e viciante sabor de seus lábios contra os meus, o qual já ocorreu e encontrou o fim anos atrás. Meu orgulho nunca quis tanto estar errado.

O mesmo se separa do abraço no qual me arrependo de não retribuir e não o agarrar, sem deixar o fim chegar.

- Eu amo você - Digo, sem pensar, o que é incomum de mim e surpreende tanto a ele, tanto a mim. Não recebo uma resposta, como esperado. Larguei o coração desse homem tão maravilhoso, feita uma tola, despedaçando-o em mil pedacinhos, os quais eu pretendo procurar até depois da minha morte, não para tê-lo de volta, mas sim para deixar esse sentimento de culpa e saudade de lado e, também, para arrumar o coração do homem que uma vez foi meu.

O meu melhor relacionamento que só acabou e foi tóxico por minha culpa. Eu sou uma idiota para entristecer um homem tão belo em risco de extinção.

Porém, diferente dos tantos animais deixados para morrer por caçadores, eu voltarei para consertar o meu erro, do meu jeitinho, óbvio.

Um erro que eu espero nunca mais fazer.

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