Existencialismo, shampoo anticaspa e mentiras

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Como estão as estrelas mais brilhantes do meu céu?

Eis que retorno (mais rápido do que imaginava) com um novo capítulo!

Não vou falar muito aqui no início, guardo minhas reações para o final haha, mas espero de coração que gostem.

Boa leitura <3

💘

Nunca mais coloco uma gota de álcool na boca.

A voz do professor de filosofia parecia estar amplificada com aquelas caixas de som de banda de rock e qualquer burburinho que fosse entre os colegas me arrancavam latejar da ponta dos pés até o topo da cabeça. Pois é. Bem vindos ao meu primeiro porre.

— Agora, para finalizar, peço que todos coloquem a redação que pedi na última aula em cima da minha mesa.

Sabe aquela sensação de que você tá esquecendo alguma coisa? Pois tinha acabado de descobrir o quê. Enquanto todos se levantavam para entregar a atividade e então saírem pro intervalo, tentei sair de fininho, entre a multidão, mas...

— Senhor Kim.

Travei as duas rodas.

— Dia, senhor Choi! O céu tá azulzinho hoje né? Caramba, você viu? Nem dá pra contar as nuvens! — Forcei a maior simpatia pra aquele senhorzinho lá.

— Não estou encontrando sua redação, filho. Aconteceu alguma coisa?

Limpei a garganta.

— Eu meio que esqueci... em casa! É isso. Eu esqueci em cima da escrivaninha!

Nem eu, nem ele, acreditávamos naquela patifaria, mas o que mais eu poderia dizer? Minha cabeça doía tanto que até pensar me fazia sofrer.

— Certo — suspirou antes de tirar os óculos redondos e limpá-lo na borda da camisa bege. — Taehyung, você já deve ter percebido que se continuar nesse ritmo, vai bombar. Suas notas não são as melhores da turma, na verdade estão bem longe disso, ao menos na minha matéria.

— Sei disso, Sr. Choi... — falei bem miúdo mesmo, quase que as palavras não saem. — Tem algo que eu possa fazer pra melhorar? Porque assim, se eu bombar mesmo, minha mãe vai moer meus ossos e por no pão.

Aquilo arrancou uma risadinha dele, ponto pra mim.

— Olha, eu não deveria... e se perguntarem, negarei, mas vou te dar mais uma chance. Até o fim do semestre, quero que me escreva a redação, mas não mais sobre como se imagina daqui dez anos, e sim sobre quem você é.

Franzi o cenho.

— Quem eu sou?

— Isso. Não precisa se limitar à uma quantidade de linhas, mas preciso que se empenhe.

Quem eu sou.

Quem eu sou?

Saio da sala mais cabisbaixo do que se tivesse bombado, juro. Isso é ainda mais complicado do que me explicar pra minha mãe. Culpa dessa merda de existencialismo do caralho. Pra que pensar nesse tipo de coisa?

Involuntariamente, meus olhos escorrem até o chão, até meus tênis. Tão velhos, surrados, dignos de sarro como o próprio Taemin fez na festa.

Por que não consigo dizer adeus?

— Tae... — Jimin surge, com os olhos baixos e passos receosos.

Num silêncio esquisito pra burro, caminhamos juntos até embaixo da arquibancada da quadra e lá nos aconchegamos.

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