A Escalada da Morte

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A montanha se erguia solitária contra o céu nublado, uma presença imponente e desafiadora.

Emily, uma experiente alpinista de ondulados cabelos ruivos e olhos azuis penetrantes, sentia um misto de excitação e apreensão. Não era comum encontrar montanhas tão afastadas. Esse era o seu motivo para estar ali – o desafio do desconhecido, o silêncio absoluto, a promessa de uma conquista que poucos ousariam buscar, e a constante sensação de encontrar algo que perdeu há muito tempo.

A trilha até a base da montanha foi longa e exaustiva, mas isso não abalou sua determinação. A cada passo, ela sentia o peso da solidão, como se a natureza ao seu redor estivesse sussurrando segredos esquecidos. O vento gelado cortava sua pele, e as nuvens carregadas prometiam tempestade. Porém, nada disso importava. Emily estava acostumada com as adversidades que a natureza lhe lançava.

Subir a montanha era sua missão. Entretanto, enquanto avançava, uma sensação estranha começou a tomar conta de seu ser. Era como se algo a estivesse observando, como se a montanha tivesse olhos que a seguiam, analisando cada movimento. Ela balançou a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Não havia espaço para superstições em uma escalada como aquela.

Após horas de intenso esforço, no topo da montanha, Emily encontrou uma pequena reentrância. A abertura era estreita, quase oculta entre as rochas, mas suficiente para chamar sua atenção.

Ela se aproximou, curvando-se para examinar melhor o que seria a entrada de uma caverna. O ar ali dentro era denso e frio, um contraste marcante com o ambiente externo.

— Devo entrar? — ela se perguntou, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.

A caverna parecia sinistra, mas algo a atraía para dentro. Talvez fosse a curiosidade que sempre a guiava, ou talvez fosse a sensação de que havia algo ali que precisava ser descoberto.

Sem pensar muito, Emily acendeu sua lanterna e começou a explorar o interior escuro.

A caverna era um labirinto de túneis e câmaras, com paredes de pedra escarpada e chão coberto por uma fina camada de poeira e neve. O som de seus passos ecoava, quebrando o silêncio opressor. A cada passo, a escuridão parecia se fechar ao seu redor, apertando-a. E então, ela ouviu.

"Risos." Parecia um riso distante de crianças brincando.

Emily parou abruptamente, com o coração disparado.

"Estou ouvindo coisas." Pensou, tentando racionalizar o som. Contudo, os risos continuaram ecoando pelas paredes da caverna, ganhando intensidade. A angústia começou a crescer dentro dela.

Ela precisava sair.

Virando-se rapidamente, Emily correu em direção à entrada da caverna. O medo tomava conta de seu corpo, fazendo suas pernas tremerem. Mas, ao se aproximar, uma figura pequena e pálida apareceu diante dela. Uma criança, com olhos grandes e tristes bloqueava seu caminho.

— Vai me deixar aqui? — A criança perguntou, sua voz carregada de uma tristeza profunda, que fez o estômago de Emily revirar.

A alpinista ficou paralisada. O que era aquilo? Um fantasma? Sua mente lutava para encontrar uma explicação para aquela situação surreal.

A criança estendeu a mão, e Emily, contra toda sua vontade, se viu segurando-a.

Com a mão pequena e fria da criança na sua, ela sentiu-se puxada de volta para dentro da caverna. A escuridão parecia mais densa agora, quase palpável, e o ar tornou-se mais pesado. O silêncio era tão profundo que os risos pareciam ser apenas uma lembrança distante, porém, a presença ao seu lado mantinha a crescente tensão.

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