Algumas semanas após o retiro, meu pé ainda estava inchado pela torção, e por ironia do destino, nossa professora de educação física nos disse que o diretor adiantou o interclasse pelo motivo de que no próximo mês haveria o intercolegial, fiquei animado mas ao mesmo tempo sem saber o que fazer.
— Eu quero jogar, mas não acho que eu vá conseguir fazer muita coisa com o pé péssimo assim. — Marcy pensou consigo mesmo.
Então alguns minutos após o término da aula de educação física, um garoto veio me chamar para montarmos um time para o vôlei.
— Marcelo né? Porque a gente não monta um time? Vi que você não gostou da forma que o seu time antigo desprezou os outros jogadores. — Lucas.
— Eu vou pensar no seu caso, mais tarde eu te respondo com certeza ok? — Marcy.
— Tá bom, eu vou ficar te esperando. — Lucas.
Volto para minha sala e digo a Vanessa e Anabel sobre isso.
— Você não vai participar desse interclasse coisa nenhuma tá ouvindo? Você mal tá conseguindo ficar de pé sozinho. — Anabel.
— Ela tem razão, você ao menos consegue ficar de pé pra poder jogar? — Vanessa.
— Claro que consigo. — Marcy.
— Então tá, vamo ficar de olho pra ver se você consegue mesmo, se você se machucar antes ou durante os treinos, eu vou pedir para que te tirem do time. — Anabel.
— Tá bom, ei Vanessa, quer participar do time? — Marcy.
— Vou nada, nem sei jogar. — Vanessa.
— Mas no último interclasse você disse que iria participar do próximo interclasse que tivesse lembra? — Marcy.
— Eu disse isso mas pensei q o interclasse seria no final do ano de novo, porque aí daria tempo de eu aprender a jogar até lá. — Vanessa.
— Eu te ensino nesse meio tempo, pelo menos o básico você vai saber. — Marcy.
Procurei por Emanuel para dizer que além de eu entrar no time, eu também consegui uma nova integrante pra ele.
— E aí Emanuel, eu vou entrar no time sim, e ainda por cima, chamei alguém de confiança pra poder entrar no time. — Marcy.
— Tá bom, vou te apresentar o time, até agora somos só eu, você, sua amiga, Paulo, Lucas e Daniel, você tem mais alguém em mente? — Emanuel.
— Rapaz, olha que eu tenho sim, Bob, Anny e Aika, Bob é bem alto e parece saber bastante sobre o jogo, Anny faz parte de um time de vôlei profissional de outra cidade, já a Aika me disse a alguns dias que um time da nossa cidade havia convidado ela pra participar dos treinos. — Marcy.
— Você sabe a sala de todos eles? — Emanuel.
— Claro, primeiramente, quem é o capitão do time? Você mesmo? Eu acho justo já que você que tá reunindo o time. — Marcy.
— A gente pode dividir a chefia, eu e você, um cuida da parte prática e o outro dos assuntos mais internos do time. — Emanuel.
— Tá bom, acho até uma ótima ideia. — Marcy.
Na mesma semana já tínhamos reunido todos os integrantes e iríamos começar a treinar, Emanuel tinha ficado com os treinos dos meninos, e eu por achar ser mais fácil ensinar as garotas, dei um jeito de ensina-las, primeiro eu ensinei Vanessa e Aika os fundamentos básicos do vôlei, e depois fomos para um treino prático, tentei ensinar elas o levantamento, principalmente a Vanessa, por sua altura e por ela já saber como eu jogo, ela seria uma ótima levantadora para mim, já Aika eu ensinei a recepcionar, ela não tem altura, e muito menos impulsão, então vai ficar protegendo o chão mesmo, nesse mesmo dia, Emanuel veio até mim e me disse que seria bom fazermos um corte do time, não entendi o que ele queria dizer com isso, mas logo depois ele né explicou que era tirar as pessoas que não tavam conseguindo jogar, ou só iriam atrapalhar o time.
— Eu acho bom tirar aqueles dois. — Emanuel aponta para dois caras do canto.
— Eu já acho bom tirar o Bob e a Aika, o Bob só tá fazendo graça e a Aika não tá conseguindo aprender nada direito. — Marcy.
— Também acho viável tirarmos a Vanessa do time, porque ela não parece estar tendo avanço nos seus treinos. — Emanuel.
— Negativo, eu consigo fazer ela jogar nem nessa uma semana, você vai ver. — Marcy.
— Então tá, vou confiar em você, até porque se você disse que ela vai, ela realmente vai. — Emanuel.
Fui até a Anny convidá-la pra treinar no grupo, mas ela sempre dizia estar com vergonha de treinar naquele time cheio, nunca fiz muita questão de chamá-la, porém sempre chamava por educação, queria ver ela treinar com o time ao menos uma vez, na qual eu nunca consegui.
Enfim chegou o tão esperado dia, eu ainda estava com meu pé doendo bastante, ficava em pé com dificuldades, mas antes dos treinos e do jogo, eu me dopava de tanto remédio analgésico, eu sabia que não iria morrer e muito menos ficar doente por causa de tantos remédios tomados consecutivamente, afinal, eu já havia testando antes, ficamos em nossas posições, o jogo estava incrível, finalmente o time do Ícaro havia encontrado outro time quase no mesmo nível, sempre que ele pulava pra atacar eu já me preparava lá do fundo da quadra, mas dá primeira vez um companheiro entrou na minha frente, da segunda vez, eu até consegui encostar na bola, mas ela bateu em meu braço e depois saiu voando para trás de mim, não houve mais vezes que eu consegui ou pelo menos tentei recepcionar os ataques dele, pois eu havia ficado na rede como levantador, Paulo e eu sempre fazíamos jogadas combinadas para podermos fazer os pontos, quase sempre dava certo, mas um dos outros caras do outro time, sempre tentava ao máximo, nenhum dos dois times desistia ou minimamente fraquejava, então ficamos nesse impasse por mais de 3 aulas, quando enfim acaba, o placar foi de 3 sets a 2 pro time adversário, sai de lá o puro ódio, os juízes estavam claramente fazendo vista grossa a cada falta que eles cometiam, enquanto isso meu time jogando limpo e empatando a cada hora, volto pra um lugar da arquibancada em que estava sozinho, Gabriel vem e se senta ao meu lado.
— Como você tá? — Gabriel.
— Eu tô péssimo, acabei de dar meu máximo jogando e mesmo assim perdi. — Marcy.
— Eu vi que em algumas horas você não tava pulando com o seu máximo. — Gabriel.
— Mas é claro, eu tô com o pé doendo muito, eu tive que me dopar de analgésicos pra poder minimamente ficar em pé. — Marcy.
— Entendo. — Gabriel.
Enquanto isso eu estava segurando para não chorar ali mesmo, alguns minutos depois, passam Anny e Rebeca atrás de nós.
— Ele tá bem? — Anny.
— Tá sim, ele só precisa respirar um pouco. — Gabriel.
— Vou deixar vocês a sós então, tchau Marcy. — Anny coloca a mão no meu ombro e se despede.
Digo a Gabriel que dá próxima vez eu vou jogar no meu 100% tomando cuidado para não me machucar novamente.
— Da próxima vez, eu vou esfregar a cara daquele otário no chão, tudo que ele pensou ser bom, eu vou mostrar que sou muito melhor, aquele babaca vai ver. — Marcy sorri maliciosamente.
— Quero só ver, se você conseguir eu vou até rir junto de ti. — Gabriel.
— Beleza então, se prepara pra rir até cair no chão. — Marcy.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor Adolescente
Teen FictionMarcy por medo de tudo se repetir novamente, começa a fazer de tudo para que nada se repita, mesmo que acabe magoando pessoas importantes para ele...