No final dessa memória

Capítulo 60

Ao longo da minha vida, não me lembro de ter ficado bravo com alguém, seja na minha juventude, quando não havia um adversário digno, ou na minha vida adulta, quando isso simplesmente não me agradava. Embora houvesse momentos em que me sentisse chateado ou irritado, como ouvir comentários rudes ou quando um subordinado cometia um grande erro, nunca fiquei realmente bravo.

No entanto, no momento em que ouvi o pedido de desculpas de Kwon Yido, senti uma emoção indescritível. Não era exatamente raiva, era grandiosa demais para irritação e não tinha um termo adequado para descrevê-la de outra forma.
Eu entendi logicamente. Eu não tinha motivos para ficar chateado com ele e não tinha autoridade para isso. Desabafar minhas frustrações nele só levaria a consequências para mim.

Quando enfrentei a humilhação de Minjae, recebi um tapa do meu pai e quase briguei com Kwon Jeong, tentei fazer julgamentos racionais nesses momentos. Naturalmente, se fosse uma situação normal, eu não teria agido dessa forma com Kwon Yido.

Em uma noite sem dormir, me arrependi de cada ação que tomei. Gostaria de não ter ficado bravo com ele, não ter mostrado nenhum sinal de estar chateado ou ter casualmente deixado a mesa de jantar antes dele.

Nesta noite, desprovido de qualquer decência, senti que estava aceitando muito dele e desejando ainda mais descaradamente. Lamentei tudo e fiquei surpreso com minha negligência, percebendo que mesmo se pudesse voltar no tempo, nada mudaria.
No entanto, no final, a emoção que senti foi alívio. Apesar do arrependimento persistente por mostrar meus verdadeiros sentimentos, a satisfação de finalmente expressar o que estava em minha mente os apagou aos poucos. Claro, a expressão ferida no rosto de Kwon Yido e uma leve sensação de culpa também permaneceram.

"..."

"..."

Na manhã seguinte, Kwon Yido e eu continuamos nossas refeições tranquilas, bem como nos últimos dias. Ele não mencionou o incidente de ontem, e eu também me abstive de pedir desculpas. Mais precisamente, tentei falar algumas vezes, mas não consegui.

Talvez fosse melhor fazer refeições separadas se é assim que vai ser. Considerei esse pensamento, mas não havia vontade de colocá-lo em ação. Talvez Kwon Yido tivesse uma ideia semelhante, mas era apenas uma vaga conjectura.

Depois disso, mesmo enquanto descíamos para a garagem, mantivemos uma atmosfera estranha. No meio disso, ele apertou o botão "abrir" enquanto esperava que eu entrasse no elevador. Fosse porque ele estava usando um terno preto ou porque permaneceu em silêncio, hoje, ele parecia particularmente estático e calmo.

Ding, o elevador parou no porão. Mais uma vez, Kwon Yido esperou que eu saísse primeiro. É assim que vamos nos deslocar sem nenhuma conversa?

Com ​​esse pensamento, enquanto dei um passo, uma voz fraca veio de trás.

"... Você realmente não vai falar comigo agora?"

A voz lenta e fluida agarrou meus tornozelos. Só então parei e me virei. Kwon Yido, com uma mão no bolso, estava me observando silenciosamente. Parecia que ele estava enviando olhares por trás, um assunto sobre o qual nem tínhamos feito contato visual antes.

Sentindo-me estranho sob seu olhar, involuntariamente virei minha cabeça e respondi.

"...Nós dois ficamos em silêncio, não ficamos?"

"Achei que você poderia falar comigo se eu ficasse quieto como ontem."

Ele respondeu com um rosto inexpressivo e me seguiu enquanto saíamos do elevador. Ao contrário de seu tom casual usual, não havia nenhuma sensação de facilidade usual. Ele parou ao meu lado por um momento e olhou para meu rosto.