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Paixão em vão e a busca

Lara E. Lizzi

2024

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A angústia que Rosa sentia, na meia noite que batia no relógio, a apunhalou no peito. Preocupada com o paradeiro de seu marido, pai de sua filha, o amor de sua vida. O cara mais sem noção e desagradável que já existira, e que até o momento ainda existe, no qual ela teve a infelicidade de um dia conhecer. Não havia retornado para casa.

Rosa que perdera tanto de sua vida jovem para agradar outros, perdera o sentido e a felicidade de viver, já não suportava crer que algum dia seria alegre como um dia fora. Olhava para o celular angustiada. O amor que esperava quando mais nova, que tanto sonhava e ansiava, nunca há de realmente existir, ela via isso desde o momento que subiu ao altar com seu atual companheiro.

Opressor e dominador, aquele que preza pela opinião alheia e humilha a quem, e ao que, não for de seu agrado. Esse era o homem com quem escolheu casar-se, havia sido aquele que se mostrou ser a pessoa mais gentil, honesta e compreensiva. Se tornou um vilão para os olhos, agora sem vida, de sua amada e querida esposa.

Rosa suspirou cansada de sua rotina submissa, cansada de aguentar calada as noites que ele entrava pela porta de seu sagrado quarto, exalando um cheiro insuportável de álcool, cigarro e de prostitutas. Sempre aguentou calada tudo na vida, os desentendimentos, conflitos, discussões. Desde a infância nunca levava em consideração seus próprios sentimentos. Pensava toda vez que esse era seu destino. Assim fez Deus, não poderia de nada mudar nas escrituras.

Levantou-se de sua cama, que não possuía a presença do outro, e foi para o quarto da filha. A luz que entrava pela fresta da janela iluminava seu rosto, observando-a em seu sono agradável, uma pequena e frágil criaturinha. Ela não merecia um pai assim, não merecia crescer sabendo que o pai era um desonesto, um pai que nunca quis e não protegia a família construída. 

Algo sussurrou para a mulher, em meio ao barulho do vento além da janela e do silêncio dentro do ambiente. Uma voz sussurrou para ela. Entrecortada e vaga, baixa e angelical. Liberte-se. Dizia ela. Liberte-se, viva. Quietude amaldiçoada.

Rosa ansiou por mais da voz espiritual, porém já não existia nada além da volta do silêncio e da solidão que a perturbava. Silêncio que retornava a todo instante sem pedir permissão e da solidão que se acomodava a sua volta.

A dúvida e a certeza da loucura obscura penetravam sua mente. A incerteza do caminho que seguiria estava latejando seus pensamentos. Não suportaria sua vida se seu futuro fosse igualmente arbitrário como estava sendo. Acordar todos os dias e ter que olhar o corpo do marido jogado em algum canto emanando a podridão. Ou ser perseguida, se tomasse a decisão de partir para longe, até a morte de algum dos dois indivíduos, a do homem, ou dela mesma.

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