Preciso de voce

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Abro meus olhos e uma luz branca encandeia minha vista.  Olho ao redor e tento me lembrar do que aconteceu, os flash vem em minha cabeça.. minha filha, levanto depressa me sentando na cama e sinto uma dor.
Minha cabeça roda, procuro algo para chamar alguém encontro uma campanhia e aperto, alguns segundo depois alguém chega ao quarto.

- já estava na hora senhora — a mulher que entra aperto um botão e a companhia para de pistar, ela abre um sorriso e me ajuda a me sentar melhor.
- A minha filha ? Aonde está a minha filha ? — minha cabeça dói.
- ela está no berçário, assim que o dr passar e se ele liberar levarei a senhora para ve-lá.
Concordo com a cabeça e ela se retira do quarto sem dizer nada. Olho pela janela e a vista do México é perfeita, saber um pouco do espanhol nos ajudou a conseguir algumas coisas, mas não sei muito, enrolo muito a língua para dizer as coisas, não vejo a hora de ser fluente.
O médico aparece por fim no meu quarto, me explica que tive uma queda de pressão, e que por isso acabei desmaiando, mas já estava tudo bem, após uns minutos me avaliando ele me liberar para ver minha princesa e assim que a enfermeira chega, ela me ajuda a ir para cadeira de rodas e vamos para o elevador, após 3 andares chegamos ao berçário.
Todas as crianças estão dormindo, uma mais linda que a outra.
- qual é a minha ? — pergunto olhando um bebê por um, a enfermeira que está do outro lado do vidro e ela aponta para um bebê, pele branca e cabelos negros, meus olhos se enchem de lágrima e ali eu sei que meu mundo termina e acaba naquele pedacinho do céu, no meu solzinho.

Uma outra mulher se aproxima e com ela outra enfermeira. As duas enfermeiras começam q conversar.

- boa tarde — digo sem ao menos saber se realmente fala o mesmo idioma que eu.
- boa tarde — alguém que fala português obrigada senhor — qual é a sua ?
Aponto para meu solzinho.
- é aquela, e a sua ou seu ? — dou um sorriso
- é aquela ali, ao lado da sua — as duas parecem gêmeas, e isso me assusta um pouco , meu pai dizia que crianças tem sempre o mesmo rosto, afinal são todas carinhas de " joelho ". Dou um sorriso com a lembrança do meu pai e da minha mãe. Ela adoraria estar aqui e sair do Brasil avisando a ela de última hora foi algo que não deveria ter feito, mas agora está tarde demais.
- elas parecem gêmeas — falo o que pensei a alguns segundos.
- se parecem mesmo, incrível — a mulher me olha com um olhar maldoso, talvez seja impressão minha mas não sinto algo bom.
Viro para enfermeira e faço um sinal para me levar embora. E assim fazemos, voltamos ao quarto e peço para enfermeira que entre em contado com Alessandro preciso vê - lo.
Antes da enfermeira sair Alessandro passa pelas portas como uma tempestade, está nervoso, angustiado e estranho.
Ele me dá um beijo na testa e se afasta me olhando.
- aconteceu algo ? —digo curiosa — você está estranho, viu nossa filha ?
- vi sim, uma princesa — diz ele passando os dedos pelo cabelo.
- Alessandro você está me deixando nervosa, diz logo o que diabos foi ?!— não é possível que não tenha acontecido nada.
- nada meu amor, é o emprego que eu estou ansioso — Alessandro dá um sorriso de lado e se senta em uma cadeira ao lado da cama.

Conversamos por alguns minutos e acabo pegando no sono, quando acordo está tudo escuro, no quarto só tem eu e minha linda princesa, me sento na cama e a olho, um sorriso passa por seu rosto, ela é uma neném linda, tão pequena e sorrindo, provavelmente está sonhando, mamãe dizia que quando neném sorri é o anjo da guarda.

Me lembro de quando vi minha Fernanda pelo vidro, ela parecia maior, mas deve ser a distância.
Fico olhando seus traços, o nariz pequeno e delicado, os lábios cheios e delicado, as mãos pequenas, o cabelo preto como um carvão.
Alguns minutos depois a enfermeira entra e me ensina como amamenta lá, no começo é tudo muito estranho, curioso, e dolorido. Depois de dar leite a ela, me deito novamente com ela em meus braços e peço que Deus a proteja porque eu não sei o que  eu seria sem ela.
Alessandro volta ao quarto e agora com uma criança em seus braços.
- De quem é essa criança ? — tento segurar a curiosidade e a risada pela situação inusitada.
- promete que vai me perdoar ? — um arrepio percorre minha espinha.
- como posso te perdoar sem saber o que você fez ? — ajeito Fernanda na cama e me sente na beira da cama  — Alessandro de quem é essa criança ?
- Diz que vai me perdoar florzinha — seus olhos estão nervosos, tem medo, dor e arrependimento.
- Alessandro estou ficando nervosa, por Deus chega e fala logo — me aproximo dele. — de quem é essa criança ?
- é minha filha ...

Todo o meu ar sai de meus pulmões e ali eu sei que o mundo está se fechando, a pessoa que prometi amar e respeitar, que me fez sair da casa dos meus pais, sair do meu pais e vim pra um lugar sem conhecer ninguém e ele tem uma filha, e ao que parece na mesma idade da minha filha.
Fernanda se mexe na cama e eu me aproximo dou um beijo em seu nariz e volto minha atenção para Alessandro.

- de quem é essa filha ? Porque se você é o pai , ela tem uma mãe — respiro fundo e me ajeito em sua frente.
- florzinha .. — eu levanto a mão e faço o sinal de pare !
- Florzinha nada, de quem é essa criança Alessandro ? — meu rosto queima e minha vontade é de voar em seu pescoço.

- uma mulher que conheci no serviço no Brasil — tento me manter calma para entender o que aquele lixo humano fez — ela se mudou para cá e eu vim atrás, eu te amo florzinha mas quando eu fiquei sabendo que ela estava grávida você também me disse e isso me assustou, fugiu do meu controle e me restou te trazer pra cá ...
- Peraí — passo os dedos pelo meu cabelo tentando manter a calma — você descobriu que eu estava grávida na mesma época da sua amante ? E aí sua ideia foi de vim atrás dela ? E aí na tua cabeça de girico, VOCÊ ACHOU QUE SERIA UMA BOA IDEIA TRAZER PRA OUTRO PAIS SUA MULHER PARA VOCÊ VIM ATRÁS DA SUA AMANTE ?
Não consigo controlar meu tom de voz mas graças a Deus Fernanda continua dormindo, mas a menina nos braços de Alessandro se mexe e faz um biquinho de quem quer chorar, ele a balança até ela voltar para o seu sono.
- Florzinha eu te amo e ela foi somente um caso bobo e idiota, eu iria assumir a criança, mas não quero ficar com ela, o problema é que ela teve essa criança nesse hospital e aí tudo veio como uma avalanche.
Meu rosto está formigando, se eu não tivesse tido a algumas horas uma criança eu poderia quebrar a cara de Alessandro com uma cama dessas do hospital
- aonde ela está ? — coloco minha pantufa e vou em direção da porta mas Alessandro me para.
- Esse é o problema — volto minha atenção para ele — ela teve a criança e enquanto eu assinava alguns papéis com a criança em meu colo ela saiu, foi embora, ninguém viu, ninguém sabe aonde ela está.

Minha pressão deve estar alta, sinto formigar meu pescoço, respiro fundo e volto para cama, me ajeito não querendo mexer muito com a Fernanda que está ouvindo tanta merda saindo da boca do genitor dela, não posso ter me casado e tido uma filha de um lixo humano desse mais tudo bem.

- e aí agora você quer me ajuda para que ao certo ? — se bem eu conhecia Alessandro ele iria pedir uma loucura — vamos lá ?
- Que você me ajude a cuidar dela ? Pelo menos até a Regina der um sinal de vida.
- Peraí ?! — você quer que eu aceite ficar com você e criar sua filha com outra mulher no qual você me traiu ? Sem saber ao certo quando ela vai voltar ? Alessandro você perdeu a noção..
- Por favor florzinha.
- para de me chamar de florzinha, nossa relação acabou assim que você ficou com aquela nojenta no qual você achou certo me trair, a filha é sua, se vira.
A enfermeira bate na porta e pede para pegar Fernanda, por mais que eu queira ficar com a Fernanda esse não era o momento certo usando a sai Alessandro me olha, perdido .. mas não tenho dó dele.
- eu não sei cuidar de uma criança, você é a única mulher que eu confio em me ajudar.
- confia ? — dou uma risada sarcástica— confio tanto que meteu um par de chifre na minha cabeça.
Respiro fundo e olho a criança em seu colo, cabelos negros como da Fernanda, pele branca como da minha filha.
Respiro fundo mais uma vez e olho pra cima.
- eu te ajudo com a criança, mas quando a mãe dela voltar quero você e ela fora da casa, vou arrumar alguém para ficar com a Fernanda após isso e vou arrumar um emprego, vai viver eu e minha filha, não quero presente na nossa vida.
- mas a Fernanda é minha filha também — Alessandro me olha confuso.
- esse é o problema, não quero você perto da Fernanda, não quero que ela sonhe que existe um pai e uma irmã.
- eu não concordo .. — levanto a mão mais uma vez
- você não tem que concordar, tem que ficar calado se quiser minha ajuda.
Alessandro permanece calado até olhar pra criança e para mim e concordar com a cabeça

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⏰ Última atualização: Aug 28 ⏰

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