Você e Gabriela completavam três anos de casamento, três anos desde o sim no altar, que se comprometeram a amarem uma à outra na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza. A história de vocês, no entanto, é antiga, começou em 2018. Vocês se conheceram quando ela jogava no Minas, e você era a jornalista responsável por cobrir os jogos daquela temporada. No primeiro jogo, você entrevistou algumas das jogadoras do time adversário e do Minas, e entre elas estava ela, Gabriela Guimarães. Você nunca acreditou em amor à primeira vista, mas aquele dia calou todos os seus argumentos contrários sobre. Você conseguia ver a ambição e determinação na maneira como ela falava, e de alguma forma, você soube que ela iria longe, mas sem imaginar o que o futuro reservava para as duas. O jornalismo esportivo proporcionou muitas coisas para você, e você era apaixonada pelo que fazia. Mas, acima de tudo, te levou a encontrar o amor da sua vida nas quadras, em um dia aparentemente comum de trabalho, quando preparava o texto e as perguntas para as atletas como sempre fazia, você nem imaginava que sua futura esposa estaria entre elas. Os jogos passaram, as entrevistas antes e após os jogos continuaram. A cacheada continuou a ser entrevistada todas as vezes e você desejava boa sorte em todas as entrevistas. Gabriela se via mais ansiosa pra conversar com você, do que para entrar em quadra e quando as câmeras não tinham o foco em vocês, quando o foco não era ela e nem o que ela falava, ela se permitia ser apenas Gabi com você, não a jogadora. Na final, foi a ponteira quem fez o último ponto, ganhando o set por 2x1 para o time adversário. Você viu quando Gabriela procurou você na multidão, sorrindo ao te encontrar com o olhar antes de ser bombardeada pelo o abraço das outras jogadoras. A multidão de torcedores do Minas estavam comemorando a final enlouquecidamente.
Ao final, com a vitória do time, você estava fazendo as últimas entrevistas daquela temporada. Você sentia um misto de sentimentos, juntamente com os torcedores e as jogadoras que entrevistava no local. Antes das câmeras ligarem novamente, dessa vez, para falar apenas com Gabi, a cacheada te abraçou afetuosamente, pegando você de surpresa antes que você pudesse parabenizá-la. A diferença de altura entre vocês não era pequena, você media um pouco mais de 1,60 e ser abraçada por ela, era quase como estar em um lugar muito seguro, mas você não sabia se a sensação estava apenas associada à altura dela, ou ao sentimento de segurança que Gabriela te transmitia. Quem sabe, era a soma das duas coisas!
— AÍ, MEU DEUS! — exclamou, se dando conta do quão suada estava devido ao jogo. — Me desculpa, Seu nome! — pediu, seu tom desconcertado.
— Não, 'quê isso! — você riu da situação e da maneira como ela havia ficado sem jeito. — Não sou de me importar com suor, ainda mais sendo cheiroso que nem o seu. — você soltou, sem pensar muito.
Seus olhos arregalaram-se após compreender o que você mesma havia dito. Dessa vez, foi você quem ficou sem graça. Pelo menos as câmeras estavam desligadas, você pensou. Ninguém da televisão veria o flerte ridículo que você havia soltado. Gabriela riu.
— Nunca ouvi isso antes de ninguém, mas obrigada! — afirmou com um sorriso divertido no rosto e um brilho no olhar. — Aquele último ponto... foi pra você, sabia? — indagou, o tom divertido de antes cedeu para um mais tranquilo, até carinhoso.
— Gabriela, não brinca! — você devolveu, a incrédulidade estampada no seu rosto. — Eu acredito, ein!? — perguntou, retoricamente.
— Pois acho bom que acredite! Quero que seja o primeiro ponto de muitos que eu vou te dedicar.
Desde então, vocês iniciaram um relacionamento reservado, mesmo diante da exposição que o seu trabalho na televisão proporcionava. Sempre valorizaram a privacidade, optando por manter suas vidas pessoais longe dos holofotes e das redes sociais, especialmente Gabi, acostumada a ter os olhares da mídia voltados para si devido à sua carreira no vôlei, ela valorizava mais ainda a privacidade e a discrição em relação à vida das duas. Quando casaram, a cerimônia foi bem reservada e intimista, do jeitinho que as duas eram, sem holofotes, câmeras ou muitas pessoas presentes. Suas respectivas vidas eram tão cheias daquilo que, apesar de amarem o que faziam, não sentiam a necessidade de ter aquilo também no casamento. Apesar disso, a jogadora sempre se declarou para você, deixando claro o quanto te amava. Todas as suas conquistas no esporte eram dedicadas a você, e nas entrevistas ela mencionava você como o seu maior incentivo. Após a vitória do jogo Brasil x Túrquia, nas Olimpíadas de Paris 2024, você viu Gabriela correr na direção em que você, sua sogra e cunhado estavam, saltando para poder abraçá-los.
— Você conseguiu, meu amor... — você sussurrou no ouvido da ponteira, sentindo os braços dela rodearem seu corpo, que estava passando por diversas mudanças, literalmente!
Você estava claramente emocionada com o jogo. Os últimos momentos foram avassaladoramente emocionantes. Você podia sentir as próprias bochechas molhadas de tanta emoção, você não sabia se era algo tão hormonal, já que você sempre se emocionava com direito à lágrimas com as conquistas de Gabriela. Sua sogra e o seu cunhado não estavam tão diferentes de você, mas naquele momento, naquele abraço, parecia que estavam apenas as duas naquele lugar. Vocês sabiam o quão determinada e esforçada a jogadora era, o peso que aquele bronze tinha para ela. Ao se desvincularem do abraço, apenas o suficiente para olharem uma para a outra, Gabriela tocou suavemente seu rosto molhado, selando os seu lábios nos dela demoradamente. Aquele dia ficaria pra sempre nas suas lembranças.
— Nós conseguimos, meu bem! Nós três. — ela afirmou, tocando na sua barriga com um relevo já aparente, guardando o novo amor de vocês de apenas 14 semanas.
Ela estava pronta pra dizer aos quatro cantos do mundo que esperavam o primeiro filho de vocês. O primeiro de muitos, ela te dizia.
— Nós te amamos... — você falou, tocando a bochecha da ponteira, seu olhar e sorriso transmitindo o orgulho e a admiração por Gabi, que mal cabiam no seu peito.
Não tenho mais ideias, gente! Vou soltar o da Carolona assim que puder. 💔
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