1. coração

30 1 2
                                    

✉️
___________________________________

12 de junho.
Busan, Coreia do Sul

Não sei bem como começar isso, até porque não dá pra traduzir o coração, mas espero que saiba o motivo de estar lendo minhas palavras.

___________________________________

Aquele dia amanheceu chovendo. A gente tinha feito prova semana passada, exatamente sete dias. Eu odeio matemática. Acho que sempre odiei. Claro que, talvez parte desse meu ódio seja devido a eu não entender porra nenhuma, mas eu não ligo. Eu já tinha aceitado meu fracasso acadêmico como matemático, meus pais também... menos a professora. Essa velha parece que não tem o que fazer mesmo, né. Acho que já tô velho o suficiente pra saber que eu to fudido na disciplina dela. Estava caminhando até a mesa dela e pego o papel que ela me estendia. Minha prova já corrigida. Eu pego - por falta de opção - e vou até a minha banca, onde Jimin esperava por perto com a prova dele na mão.

De longe eu já podia ver sua nota marcada com força no papel. Sendo sincero, mais um B na conta de notas perfeitas dele não me surpreendia. E olhe que esse B foi provavelmente a nota mais baixa que ele já tirou esse ano.

- E aí? Quanto? - Jimin me pergunta, tirando os olhos do papel e levantando a cabeça, me olhando. Ele tinha um semblante gentil, interessado.

Eu realmente não queria, mas desdobrei o papel em minhas mãos, encarando o D marcado no papel. Viro a parte frontal do papel para ele, não querendo verbalizar o resultado.

- Puts... mas dá pra recuperar - Ele diz, numa tentativa de me consolar.

- Que se foda. A gente tá na penúltima unidade. Não dá pra recuperar - dobro o papel novamente e o bato com força contra a mesa.

- Eu posso tentar te ensinar - Jimin tenta de certa forma me "acalmar", mas sei lá... acho que nem se Pitágoras aparecer na minha frente pra me explicar, eu iria conseguir. - Tipo, eu sei que talvez não adiante muito, mas acho que não custa nada tentar... - ele continua.

- Não sei. Acho que consigo me virar, sei lá... - me sento em uma cadeira, desleixado. Esfrego a palma das minhas mãos em meu rosto, num ato levemente desesperado. - Tô cansado -.

- Eu sei. Também tô - suspira. O silêncio seguinte entre nós é audível, mesmo que desse pra ouvir o murmúrio de várias falas paralelas na sala.

- Você fez o discurso do seu avô? - mesmo tendo sido o último a falar, Park quebra tal silêncio. Dá pra ver que ele tá tentando me distrair, mas não sei se ele lembrou de um tópico muito bom. Eu olho para ele, com uma expressão cansada, mas como quem acaba de lembrar de algo. - Foi mal... - ele volta atrás com sua pergunta, mas eu o interrompo.

- Tá tudo bem. Eu não fiz. Não sei bem o que dizer, na verdade. - olho de canto para o outro lado, virando um pouco e inclinando minha cabeça para baixo.

- Se quiser, posso tentar te ajudar - ele diz, parecendo um pouco preocupado.

- Não é bem isso. Tipo, eu sei o que falar, mas não sei como falar, saca...? - viro a cabeça para ele novamente.

- Eu sei - Jimin assentiu, seguido de alguns segundos de silêncio.

- E outra, - deixo escapar uma risadinha. - Não sei se ia rolar você me ajudar com isso... - comento.

Para Jeon Jungkook | JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora