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- Meu bem, queria falar uma coisa com você… - Kelvin começou lentamente.
- Fala pequetito - Ramiro respondeu meio sonolento.
- Você percebeu que ninguém parou de falar sobre você, né? - o menor se virou dentro do abraço ficando de frente para o mais velho.
- Hurrum… - o estilista murmurou. Sabia onde Kelvin queria chegar com aquele assunto.
- E aí? Não pensa em falar alguma coisa? Em eu falar alguma coisa? - o cantor o olhava com certa agonia. - Eles não vão parar, não vão te dar sossego enquanto não souberem o mínimo.
- Certo, - Ramiro respirou fundo e puxou ambos um pouco para cima para que pudesse encostar na cabeceira da cama. - eu entendo o que você quer dizer, mas o que você espera que eu fale? Ou melhor, o que você pensa em falar?
Kelvin não soube exatamente o que dizer, e seu silêncio confuso foi interpretado de forma um tanto negativa.
- Tá vendo, eu não saberia o que dizer nem você. - Ramiro acaricia seu braço lentamente - não tem como eles saberem o mínimo, pequetito, porque nem a gente sabe o que tá rolando. Ou tô errado?
Kelvin queria negar, mas realmente, não sabia o que estava acontecendo entre eles. Sabia que gostaria de continuar, tinha uma vaga ideia de que Ramiro também gostaria. Mas para além disso, parecia cedo demais para falar sobre certos parâmetros, não? Eles haviam acabado de se conhecer e, diga-se passagem, de uma forma bastante incomum. Eles precisavam de tempo.
- Não, você não está tá errado. - Kelvin murmurou sem ânimo - Não temos exatamente o que falar, que não gere ainda mais especulação… - preso em seus próprios pensamentos, não conseguiu notar a mudança sutil no rosto do mais velho.
Ramiro sabia que era cedo demais, mas certamente esperava uma resposta melhor que essa.
- Eu imaginei…
- Mas eu não quero essas pessoas todas te enchendo o saco. Não quero você amuado, todo xoxo e capenga. - ficou minimamente feliz ao ouvir um riso escapando pelas narinas do outro.
- Eu vou ficar bem. - garantiu com um meio sorriso, mas não tinha tanta certeza.
Kelvin se sentia de mãos atadas.
Se falasse sobre eles sem algo concreto, certamente que seus fãs procurariam saber ainda mais. Se intrometer ainda mais. Por outro lado, se continuasse a não falar, a mesma curiosidade se mantinha, e mentir que não havia nada entre eles também estava fora de cogitação. Definitivamente ele não queria esconder alguém que estava fazendo a diferença em sua vida.
- Eu sei que vai, você é todo marrento, - brincou escondendo a voz começando a embargar - eu só, sei lá… acho que tô com medo.
- Medo do que? - Ramiro sussurrou de volta, acompanhando a voz de Kelvin que até o final da frase, mal podia ser ouvida.
