sk8er boi | Sukhoon.

1.

O calor do verão tomava conta das ruas de Seoul. Crianças lambiam seus sorvetes sentadas em bancos nas praças, adultos passeavam com seus cachorros e adolescentes saíam da escola reclamando do clima.

Talvez nem todos reclamassem, como era o caso de Choi Hyunsuk. Verão era a estação do ano predileta do garoto, então caminhava com um sorriso no rosto enquanto bebia uma lata gelada de refrigerante.

O jovem admirava as belezas da natureza ao seu redor, árvores com suas folhas verdes e pássaros cantarolando. Em meio a suas distrações, acabou esbarrando em alguém quase que repentinamente.

— Ah! — exclamou. — Mil desculpas, mesmo! Não prestei atenção por onde andava.

Assim que Choi levantou sua cabeça, passou a observar o estranho em sua frente. Era um rapaz bonito, aproximadamente da sua idade. Possuía fios avermelhados, um pontinho brilhante no nariz e algumas pintinhas pelo rosto. Além disso, seu sorriso era de fato encantador.

— Relaxa, tampinha. Não foi nada. — respondeu o "galã". — Toma mais cuidado da próxima vez, falou?

Logo em seguida, sacou o skate que carregava entre os braços e saiu dali em uma velocidade absurda.

"O que foi isso?", Choi se perguntava. Por qual motivo o estranho havia lhe chamado de tampinha? Nem era tão baixo quanto diziam. De qualquer forma, decidiu continuar sua caminhada da tarde, dessa vez prestando mais atenção em seus passos.

...

     Junto do verão, as aulas se iniciavam. Hyunsuk estava nervoso para seu primeiro dia de aula na universidade, mas sabia que tudo iria acontecer conforme seus planos.

     Havia ganhado uma bolsa por causa do time de futebol, e estudaria algo que gosta: cinema. O rapaz sempre se interessou pela arte dos filmes, desde que era apenas uma criança. Agora, era a sua vez de inspirar outras pessoas. Se sentia orgulhoso de si mesmo, pois reconhecia seu potencial.

     — Certo. — dizia a si mesmo, checando sua mochila. — Não 'tô esquecendo de nada. Posso ir.

     Choi possuía a mania de falar sozinho, pois sempre foi um garoto solitário. Antes de se mudar para Seoul, vivia em uma pequena cidade no interior. Costumava morar em uma pequena casa, apenas ele e sua amada mãe. Agora, era um rapaz responsável na capital do país, longe de sua mãe.

...

     Ao chegar no campus, o jogador se deparou com decorações de boas-vindas e diversos veteranos recepcionando os calouros. Consigo não seria diferente, tendo em vista que um rapaz alto e bonito se aproximava de si.

     — Olá, calouro! Seja bem-vindo. — dizia. — Sou Park Chanyeol, veterano responsável por te guiar e ajudar em seus primeiros passos dessa jornada.

     Chanyeol estampava em seu rosto um belo sorriso acolhedor, que confortava Choi e diminuía seu nervosismo por estar em um ambiente novo.

      — Obrigada, Chanyeol. Me chamo Choi Hyunsuk, prazer em te conhecer. Eu...

Enquanto falava, avistou em seu campo de visão uma figura conhecida. O rapaz em que havia esbarrado enquanto caminhava no dia anterior. Estava extremamente envergonhado, com medo do outro o reconhecer.

— Ah, vocês se conhecem? — perguntou Chanyeol, com Hyunsuk negando logo em seguida. — Aquele é Park Jihoon, meu primo. Não cruze seu caminho, ele não leva nada a sério. Um estresse ambulante.

— Entendi. Ei, Park veterano, se importa em me mostrar onde fica o banheiro?

Hyunsuk não estava com vontade de ir ao banheiro. Acontece que, quando sentiu o olhar de Jihoon retribuindo sua encarada, sentiu algo dentro de si. "Provavelmente ódio", pensava. Mal sabia o mais velho que isso se tornaria algo frequente a partir dali.

...

— Se recomponha, Choi. — dizia a si mesmo. Hyunsuk lavava o rosto com todas as suas forças, tentando expulsar o rubor que havia se formado em suas bochechas. — Devo estar com muita raiva. Isso nunca aconteceu antes.

Enquanto terminava de secar as mãos, ouviu a porta atrás de si se abrir. Ao virar em sua direção, avistou uma figura (in)felizmente conhecida. Park Jihoon. O motivo de sua ida repentina ao banheiro.

— Ah, foi mal. — começou Park, com um sorriso cafajeste surgindo em seu rosto. — Não quis te assustar, tampinha. Que coincidência, não é? Talvez seja Deus te colocando em meu caminho pra se redimir.

— Por que eu deveria me redimir?

— Por ter esbarrado em mim, oras. Fez com que eu perdesse meu tempo ontem, eu estava apressado. — Jihoon proferia tais palavras em um tom sério, porém com um sorriso divertido no rosto. Hyunsuk logo percebeu que o maior estava tentando tirar uma com a sua cara. — E aí? Não vai se desculpar devidamente?

— Como? O que você quer que eu faça?

Hyunsuk nunca esteve tão confuso em toda a sua vida. Lembrava de ter se desculpado com o garoto. O maior em sua frente era uma verdadeira incógnita, um cubo mágico impossível de ser resolvido.

— Quero que seja meu amigo.