Capítulo 2: Sinais de Sombras

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A floresta parecia mais escura do que de costume, como se a própria noite tivesse se tornado mais densa e opressiva. Bisau movia-se com passos firmes, seus olhos ajustando-se à escuridão ao seu redor. O caminho para o castelo de Athelwood era familiar, mas à noite, as sombras das árvores dançavam de maneira estranha, e cada som era amplificado pelo silêncio profundo da floresta. A lua, normalmente cheia e brilhante, estava oculta por nuvens pesadas, projetando apenas uma luz pálida que mal penetrava a espessa cobertura das árvores.

Bisau segurava sua espada ao lado do corpo, os dedos firmemente envoltos no cabo. A lâmina, embora antiga, ainda era afiada e confiável. Ele sempre a carregava consigo em viagens, mas hoje, mais do que nunca, sentia a necessidade de estar preparado para qualquer eventualidade. As palavras de Torgan e os rumores que circulavam pela vila não saíam de sua mente. Caravanas atacadas, caçadores desaparecidos — sinais de que algo sinistro estava se aproximando. Ele sabia que a floresta era perigosa à noite, mas os perigos habituais eram de uma natureza que ele compreendia: animais selvagens, terrenos acidentados, talvez algum bandido solitário. Mas isso... isso era diferente.

Enquanto caminhava, o som de galhos quebrando e folhas farfalhando fazia seu coração acelerar. Ele parava de vez em quando, escutando atentamente, tentando distinguir os sons normais da floresta dos que poderiam indicar uma presença hostil. A tensão em seus ombros era constante, e ele tinha a sensação de estar sendo observado. Seu instinto o alertava para um perigo invisível, algo que se movia entre as árvores, evitando seu olhar. A escuridão ao redor parecia viva, como se escondesse olhos que o observavam em silêncio.

Os pensamentos de Bisau voltavam-se para as crianças, para Hiufre, a menina de cabelos dourados e seu irmão mais novo. Ele se perguntava se havia sido imprudente em deixá-los, mesmo que apenas por um breve período. Hiufre era responsável e confiável, mas ainda assim, ele era apenas um garoto. As outras duas crianças confiavam nele, seguiam seu exemplo. A imagem dos três sozinhos em casa, à mercê de qualquer perigo que surgisse, atormentava a mente de Bisau. Ele acelerou o passo, determinado a chegar ao castelo de Athelwood o mais rápido possível.

A floresta ao redor de Bisau era antiga, com árvores que pareciam tocar o céu. Seus troncos eram grossos, cobertos de musgo, e suas raízes se entrelaçavam pelo chão, criando um labirinto de madeira. O chão estava coberto de folhas caídas, que rangiam sob os pés de Bisau, apesar de seus esforços para se mover em silêncio. Ele sabia que o castelo não estava muito longe, apenas mais algumas milhas através da floresta. Se pudesse manter seu ritmo, chegaria lá antes do amanhecer.

De repente, um som diferente chamou sua atenção. Não era o farfalhar suave das folhas ou o estalar distante de um galho sob o peso de um animal. Era um som baixo, profundo, quase um rugido abafado, como se viesse das profundezas da terra. Bisau parou, os músculos tensos, os ouvidos atentos. O som reverberava pela floresta, causando arrepios na pele de Bisau. Ele olhou ao redor, tentando identificar a origem, mas a escuridão era impenetrável.

Sentindo o perigo se aproximar, Bisau apertou o cabo de sua espada e começou a se mover novamente, mais rápido agora. Ele precisava sair da floresta, precisava da segurança das muralhas do castelo de Athelwood. Cada passo parecia ecoar na noite, e sua respiração era o único som constante em seus ouvidos. Ele sabia que algo estava ali, algo o seguia, espreitava entre as árvores. Seu instinto de sobrevivência gritava para que ele não parasse.

Finalmente, após o que pareceram horas, ele avistou as luzes do castelo ao longe, brilhando como estrelas na escuridão. Um sentimento de alívio tomou conta de Bisau. As altas torres de Athelwood erguiam-se contra o céu, iluminadas por tochas que lançavam sombras oscilantes nas muralhas de pedra. O castelo era um bastião de segurança, um refúgio contra a escuridão que o perseguia. Bisau apressou o passo, pois sabia que ainda tinha um caminho para percorrer e o tempo era seu inimigo.

Reinos: O Despertar de AthelwoodOnde histórias criam vida. Descubra agora