Capítulo 6: Entre Sombras

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Era uma tarde ensolarada, mas a luz que entrava pela janela do quarto de Nana não conseguia dissipar a nuvem escura que pairava sobre sua casa. O som de vozes altas ecoava pelo corredor, e a pequena Nana, com apenas oito anos, estava sentada no chão do seu quarto, abraçando seu ursinho favorito, tentando ignorar a tempestade que se formava na sala.

— Você nunca me escuta! — gritou a mãe, sua voz tremendo de raiva. — Só pensa em trabalho!

— Eu estou fazendo isso por nós! Por você e pela nossa filha! respondeu o pai, sua voz firme, mas com um tom de desespero.

Nana mordeu o lábio inferior. O que estava acontecendo? Por que eles estavam brigando? Ela olhou para o álbum de fotos na prateleira e viu uma imagem deles sorrindo juntos em um piquenique. Aqueles momentos pareciam tão distantes agora.

A porta se abriu com um estrondo. — Nana! — O pai entrou no quarto, seu rosto pálido. — Precisamos conversar.

— Sobre o quê? — Nana perguntou, sentindo um frio na barriga.

— Sobre... sobre a mamãe — ele hesitou. — Ela decidiu que quer se separar.

Nana sentiu como se o chão tivesse sumido sob seus pés. — Separar? O que isso significa?

— Significa que ela vai sair de casa. — ele respondeu, tentando manter a calma. — E eu ficarei com você.

A pequena menina não sabia como reagir. As lágrimas começaram a escorregar pelo seu rosto. — Mas eu não quero que ela saia! Eu quero minha mãe!

O pai se agachou ao lado dela, envolvendo-a em um abraço apertado. — Eu sei, meu amor. Mas às vezes as pessoas precisam de tempo para encontrar seu caminho.

Nos meses seguintes, Nana viu sua mãe algumas vezes. Era sempre uma mistura de alegria e dor. A mãe trazia presentes e histórias sobre o mundo lá fora, mas cada visita terminava em despedida.

— Por favor, não vá. — Nana implorou uma vez, segurando a mão da mãe com força.

— Eu prometo que vou voltar. — ela disse com um sorriso triste. — Sempre estarei aqui no seu coração.

Mas as promessas começaram a se desvanecer como fumaça. Com o passar do tempo, as visitas tornaram-se menos frequentes até que um dia a porta não se abriu mais.

Nana sentiu uma dor profunda no peito ao perceber que sua mãe havia desaparecido completamente de sua vida. As memórias começaram a escorregar lentamente, o cheiro do perfume dela já não era tão vívido e as histórias antes tão claras tornaram-se borrões.

Certa noite, enquanto olhava para o céu estrelado do quintal, Nana murmurou: "Mãe... onde você está?" As estrelas brilhavam intensamente, mas nenhuma delas parecia responder à sua pergunta.

Pov Luzia

Era um dia ensolarado, e Luzia, com seus cabelos bagunçados e uma camiseta de vôlei que era um pouco grande demais, estava no quintal, pulando de alegria. Ela segurava uma bola de vôlei que parecia mais pesada do que ela, mas isso não a impedia.

— Um dia eu vou ser a melhor jogadora de vôlei do mundo! — ela gritou, como se estivesse se apresentando para uma multidão.

A sua amiga, Júlia, que estava deitada na grama e olhando para o céu, virou a cabeça e riu. — Claro! E eu vou ser sua fã número um! Pode me chamar de sua assistente pessoal!

— Assistente? Você quer dizer que vai ficar só me aplaudindo? — Luzia respondeu com um sorriso travesso. — Você tem que me ajudar nos treinos também!

— Beleza! Mas só se eu ganhar um autógrafo depois! — Júlia piscou, fazendo uma pose engraçada.

Luzia pegou impulso e tentou fazer um saque. A bola saiu voando... mas foi direto na janela da casa! O barulho do vidro quebrando fez as duas gritarem.

— Uh-oh! Melhor correr! —Luzia disse, enquanto puxava Júlia pela mão.

As duas correram para trás da árvore, rindo e ofegantes. — Acho que a gente vai ter que fazer um plano de fuga se a mamãe vier perguntar o que aconteceu! —Júlia falou, tentando conter o riso.

— Sim! O plano é: 'A bola tinha vida própria! —Luzia respondeu, fazendo uma cara séria e depois caindo na risada.

Depois da confusão, as duas decidiram voltar ao treino. Luzia se posicionou novamente. — Agora é sério! Olha como eu vou fazer um saque perfeito!

Ela ergueu a bola e gritou: — Vôlei é minha vida! — E com toda a força que tinha, sacou a bola com toda a sua energia. A bola voou... bem alto... e caiu direto na cabeça do seu irmão mais velho, que estava passando por ali.

— Oi?! O que foi isso? — ele reclamou, enquanto as meninas quase rolavam de tanto rir.

— Desculpa! Era pra ser uma estrela no vôlei! — Luzia respondeu entre risadas.

— Sei... só não esquece de mirar melhor da próxima vez! — ele disse, revirando os olhos mas sorrindo também.

No final do dia, Luzia olhou para o céu e sonhou acordada. — Um dia vou jogar em grandes arenas e todo mundo vai me conhecer.

Entre Medalhas e sonhos Where stories live. Discover now