12 - confusão no monumento e um disfarce bastante realista

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~Percy~

Passamos dois dias no trem, rumo a oeste pelas colinas, por cima de rios, atravessando ondas de trigo cor de âmbar. Não fomos atacados nem uma vez, mas não relaxei. Sentia que estávamos viajando em uma vitrine, sendo observados de cima e, talvez de baixo, que alguma coisa estava aguardando o momento certo.

Tentei ser discreto, pois meu nome e fotografia estavam estampados nas primeiras páginas de vários jornais da Costa Leste. O Trenton Register-News publicou uma foto tirada por um turista quando desci do ônibus da Greyhound. Estava com uma expressão ensandecida nos olhos. Minha espada era um borrão metálico em minhas mãos. Poderia ser um taco de beisebol ou de lacrosse.

A legenda da foto dizia: Percy Jackson, 12 anos, procurando para interrogatório sobre o desaparecimento em Long Island de sua mãe há duas semanas, aparece aqui fugindo do ônibus onde abordou diversas passageiras idosas. O ônibus explodiu no acostamento de uma rodovia a leste de New Jersey logo depois que Jackson fugiu da cena do crime. Com base em relatos de testemunhas, a polícia acredita que o menino possa estar viajando com dois cúmplices adolescentes. O padrasto, Gabe Ugliano, ofereceu uma recompensa em dinheiro para qualquer informação que leve à sua captura.

"Não se preocupe", disse-me Annabeth. "A polícia dos mortais nunca nos encontraria". Mas não pareceu muito segura.

Passei o resto do dia alternando entre andar de uma ponta a outra do trem (pois para mim era difícil ficar sentado) e olhar pelas janelas.

Numa oportunidade avistei uma família de centauros galopando por um campo de trigo, arcos de prontidão, como se estivessem caçando o almoço. O menininho centauro, que era do tamanho de um pônei, ele era uma gracinha, ele percebeu que eu estava olhando e acenou. Olhei em volta no vagão de passageiros, porém mais ninguém reparou. Os passageiros adultos estavam todos com a cara enterrada em laptops ou revistas.

Em outra, ao anoitecer, vi algo muito grande se movendo pelo bosque. Poderia jurar que era um leão, só que não há leões vivendo soltos nos Estados Unidos, e aquilo era do tamanho de um tanque de guerra. O pêlo tinha reflexos dourados à luz do entardecer. Ele então saltou por entre as árvores e desapareceu.

*****

O dinheiro de emergência só foi suficiente para comprar passagens até Denver. Ainda bem que pensamos em pegar mais alguns salgadinhos na casa da Medusa caso não sobrasse dinheiro. Não pudemos comprar leitos no vagão-dormitório, então cochilamos nos assentos. Meu pescoço ficou duro. Tentei não babar enquanto dormia, já que Annabeth estava sentada bem ao meu lado.

Agora, quanto a Gladiola, tivemos que escondê-lo em minha bolsa, porque acabamos descobrindo que era necessário pagar para ele ir conosco e também porque não poderíamos deixá-lo à mostra, já que na região tinha cartazes com sua descrição.

O pobre querido estava claramente desconfortável com a ideia, mas Grover acabou convencendo ele, então para deixá-lo mais confortável o coloquei no assento ao lado de Grover, deixando uma abertura o suficiente para que ele pudesse respirar e de vez em quando ele colocava o focinho para fora pedindo um pouco de comida, então eu dava um salgadinho, mas segundo Grover isso era veneno para ele, mas ele teve que aceitar, já que era o que tínhamos.

Nesses dias tentei dormir, mas não consegui, sempre sonhava com aquela voz ou Grover ficava roncando e balindo, e me acordava. Num momento ele se agitou demais e um de seus pés falsos caiu. Annabeth e eu tivemos de enfiá-lo de volta antes que algum dos outros passageiros notasse.

"E então", Annabeth me perguntou depois que recolocamos o tênis de Grover, "quem quer a sua ajuda ?"

"O que quer dizer ?"

Percy Jackson, filho de Afrodite - 1 temporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora